A Bovespa fechou em queda nesta terça-feira (8), com dados piores que o esperado de exportações da China e a queda do preço do minério de ferro afetando ações como as da mineradora Vale, enquanto incertezas no cenário político local continuavam corroborando o viés negativo.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, recuou 1,72%, aos 44.443 pontos.
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O desempenho comercial fraco da China em novembro repercutia nos mercados globais, lançando dúvidas sobre as esperanças de que a segunda maior economia do mundo vai se estabilizar no quarto trimestre.
As exportações caíram 6,8%, mais do que o esperado, em comparação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações diminuíram 8,7%.
O dado aumentava a pressão de baixa sobre commodities, em dia também de queda dos preços do petróleo, o que afetava as ações de Vale e Petrobras na Bovespa.
A Vale perdeu 5,28% nas ações preferenciais, embalada no dia de forte queda de mineradoras na Europa e nos dados da economia da China. Participantes do mercado citaram a baixa dos preços de metais, como o minério de ferro, e o anúncio de suspensão do pagamento de dividendos pela Anglo American, assim como planos de vender ativos.
Além disso, a Vale informou na noite da véspera que a Sohumana Sociedade Humanitária Nacional ajuizou ação contra Samarco, BHP Billiton e Vale pedindo indenizações de R$ 20 bilhões por danos causados pelo rompimento de barragem em Mariana (MG).
A Petrobras teve queda de 0,83% nas preferenciais. Os papéis da estatal têm sofrido com a queda dos preços do petróleo no exterior, que operam em níveis deprimidos após a mais recente reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) terminar sem concordar em diminuir a produção.
O BTG Pactual, que não faz parte do Ibovespa, perdeu 14,96%, terminando a R$ 14,95, renovando mais uma vez sua mínima histórica, depois que seu ex-presidente, André Esteves, foi denunciado, na véspera, pela Procuradoria Geral da República, por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da operação Lava Jato.
Cenário político
Completando o quadro negativo, no Brasil repercutia a carta enviada pelo vice-presidente, Michel Temer, à presidente Dilma Rousseff. Na carta, Temer aponta o que chama de "fatos reveladores da desconfiança que o governo tem em relação a ele e ao PMDB".
Na avaliação do mercado, a carta agrava a crise política, podendo significar um rompimento num momento delicado para Dilma, após ser aceito o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente. Segundo a Vice-Presidência, porém, a carta de Temer, que também preside o PMDB, não propôs rompimento entre partidos ou com o governo.
"O mercado está vendo a realidade de que a crise política vai continuar, o que torna ainda mais difícil o governo se organizar para uma política de ajuste fiscal para o ano que vem", disse o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora.