E essas contas não envolvem apenas finanças e nem devem ficar presas ao presente. A jornalista especialista em gestão de crise e comunicação estratégica Paola Correa pontua a importância do equilíbrio nesses relatos pessoais.
Isso porque esses assuntos mais delicados e íntimos tem gerado bastante espaço e interesse do público. Só que ao falar sobre esses temas, o artista vai deixar de falar alguma coisa da carreira.
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"Aí depois vem aquela coisa de a pessoa não querer que perguntem sobre determinados assuntos. Mas se você abriu sua vida, como é que depois você fecha?", questiona. "Então vai começar a ficar cada vez mais complicado, porque aí se você dá essa abertura para falarem sobre assuntos pessoais e tão íntimos, como é que depois você fala que você não quer mais se pronunciar sobre determinados assuntos?"
Paola ainda acredita que é possível "trazer assuntos à tona sem precisar expor tanto a sua vida".
"E é uma coisa que, as pessoas que acabam falando sobre isso, não estão preparadas para falar. Acabam abrindo mais do que deveriam.
Saber como falar sobre tudo
Até por isso, Paola cita a importância do "media training", como é chamado o trabalho de um profissional que auxilia o artista a falar – ou deixar de falar – sobre alguns temas, seja em entrevistas ou em depoimentos nas redes sociais.
Esse profissional vai ajudar tanto o artista que não quer falar sobre assuntos mais íntimos e polêmicos quanto aquele que quer expor algo.
"Essa parte é treinável. Você treina o artista para o que falar, até onde ir no assunto. E para aquele que quer falar sobre o assunto, se tem uma orientação, ele consegue tirar o melhor proveito desse assunto que ele quer expor para não acabar virando uma banalização daquele assunto ou, de repente, ser usado de uma forma ruim para carreira dele", explica.
Para evitar ruído na fala
Para evitar que haja qualquer ruído na declaração do artista ou que o artista seja cancelado com alguma exposição íntima, Luciéllio Guimarães, estrategista de imagem pública e Professor da disciplina Gestão de Imagem Social e Pública da PUC-PR, ensina a importância do respeito às "diferenças que existem no nosso país que é tão plural".
"E é interessante não abordar de forma jocosa temas voltados à diversidade, minorias, política, religião, sexo, sexualidade e sexismo. Além de vulnerabilidades sociais de pessoas vítimas de guerras, catástrofes… Alguns estudos já mapearam que essas questões são delicadas e despertam o clamor público por justiça ou mudança de atitudes, o famoso e temido cancelamento", afirma.
Luciéllio, inclusive, é contra esse tipo de depoimento tão pessoal. Para ele, "um fator determinante para a reputação de uma pessoa é manter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional".
"Ao ultrapassarmos os limites da curiosidade, deixamos de instigar. E o público com acesso a tudo, deixa de desejar por uma questão até lógica: acabou a curiosidade e não tem mais nada para ser visto."