Samara Felippo, 42 anos de idade, precisou adiar a turnê da peça Mulheres que nascem com os filhos por conta da pandemia do coronavírus. Além de atuar e roteirizar ao lado de Carolinie Figueiredo, a atriz estreia como produtora teatral com o projeto. Durante o período de isolamento social, elas decidiram apresentar o texto virtualmente, por meio de leituras dramáticas, realizadas em lives nas redes sociais.
No espetáculo, a dupla apresenta a maternidade de maneira desromantizada. "A minha atriz encenou uma gravidez feliz", afirma Samara, que é mãe de Alícia, de 11 anos, e Lara, de 6, logo no início da apresentação. "Sabia que a minha vida social seria condenada. A sorte é que eu tinha melhores amigas ao meu lado", completa a atriz ao lembrar os períodos das gestações. As meninas são da união dela com o jogador de basquete Leandrinho Barbosa, de 37 anos, de quem se separou em 2013.
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MULHERES QUE NASCEM COM OS FILHOS
Dirigida por Rita Elmor, a peça Mulheres que nascem com os filhos retrata a maternidade de maneira objetiva, sem forçar a ideia de que tudo é perfeitinho. Quem acompanhou uma das leituras dramáticas, que após a apresentação conta com debate para discussão com o público. As atrizes gostam de receber o feedback de quem as assiste.
"No começo deste projeto, fiquei com medo de ser uma peça segmentada, mas é uma peça para todos. Antes da pandemia, conseguimos fazer duas apresentações no interior de São Paulo e percebi que os homens também conseguem se emocionar. Essa peça é para todo mundo", afirma. "Sempre que leio o final, fico embargada."
MATERNIDADE
Samara conta que uma declaração, feita há dois anos, afirmando que ama as filhas, mas odeia ser mãe, causou polêmica. "A declaração reverbera até hoje e fico chocada por isso continuar sendo tão chocante. Fiquei pensando na Alícia lendo isso, fiquei preocupada, mas ela já entende e está em uma idade que a gente pode ter esse papo. Alícia entende perfeitamente a minha posição, a minha demanda. Ela disse: 'Mamãe, sei que você ama a gente, mas é muito cansativo'. Quando ela falou isso, me tirou um peso."
De acordo com a atriz, é importante "sair do automático" na criação das filhas. "Eu me esforço, mas às vezes repito padrões antigos. Tento não gritar o tempo inteiro com as minhas filhas", afirma. "Eu grito muito, falo de uma forma que pareço grossa. O Elídio fala que eu, às vezes, dou umas patadas", completa.
Samara não descarta a possibilidade de ter mais filhos, mas a ideia a faz refletir bastante. "Eu tenho 42 anos e meu timing está ficando curto. A gente tem esse problema, né mulheres? Outro dia, vi uma mulher tendo um parto normal aos 45 anos e mandei para uma direct para Carol [Carolinie Figueiredo, com quem contracena em Mulheres que nascem com os filhos]. Ela respondeu: ?O que é isso, Samara? Bateu a vontade aí?. Respondi: ?Bateu e passou? (risos). Esse processo de ter outro filho me dá uma agonia, sabe? As meninas já acordam sozinhas, pegam iogurte na geladeira, Alícia faz até um ovinho mexido? Só não deixo lavar a louça", diz ela, que namora o humorista Elídio Sanna desde 2015. "O Elídio não tem filhos. Ele e as meninas são apaixonados uns pelos outros."
EDUCAÇÃO
Ao falar sobre a educação das meninas, Samara conta que a diferença de idade entre Lara e Alícia gera alguns atritos. "A parte mais perrengue - quem tem dois filhos, como eu, talvez concorde - é quando rola uma briga entre as duas crianças. É muito irritante ver essas brigas banais. Minhas filhas têm quatro anos de diferença", diz.
De acordo com a atriz, as picuinhas acontecem. "Nesta fase, é uma diferença bem chatinha. Alícia está entrando em uma pré-adolescência e a Lara tem 7. Posso estar redondamente enganada, mas a Lara parece ter prazer em me ver dando um esporro na Alícia. Acho que isso é coisa de irmão, né?"
QUARENTENA
Samara afirma que o período em isolamento social trouxe uma relação ainda mais próxima com as filhas. "Eu já me peguei no lugar da minha mãe. Tenho cozinhado mais. Fico orgulhosa que elas amam meu purê de batata. Amo quando elas falam: 'O purê de batata da mamãe é o melhor do mundo'. Amo ouvir isso. E lembro da minha mãe, toda feliz, quando eu dizia que amava o estrogonofe dela."
VIDA EM SP
Carioca, Samara trocou o Rio de Janeiro por São Paulo em dezembro do ano passado. "Eu e o Elídio ?juntamos?. Estamos morando juntos e a vida das meninas também mudou", diz. "Lá no Rio, dormíamos juntas, mas pedia, uma vez por semana, para ter meu canto e dormir sozinha. Aqui, eu durmo com o Lico [Elídio] e elas no quarto delas. Mas sabe que eu sinto falta? Daqui a pouco, elas nem vão querer dormir mais em casa... (risos)"