São Paulo — Os carros de luxo ostentados pela influenciadora e advogada Deolane Bezerra para seus mais de 21 milhões de seguidores nas redes sociais são um dos indícios de lavagem de dinheiro encontrados pela polícia. Deolane, que está em prisão domiciliar após ficar detida por cinco dias no Recife, é alvo de uma investigação sobre bets (sites de apostas) ilegais usadas para lavar dinheiro do crime.
A influencer e a mãe, Solange Alves Bezerra Santos, de 55 anos, foram presas na última quarta-feira (4/9) em cumprimento a mandados de prisão preventiva, cumpridos pela Polícia Civil durante a Operação Integration. Solange continua na prisão. As duas têm três mansões em São Paulo.
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“Deolane Bezerra Santos adquiriu e revendeu um veículo de alto valor em um curto período. Esta transação, juntamente com o fato de que o veículo foi comprado por uma empresa vinculada a atividades de lavagem de dinheiro, sugere uma tentativa de ocultar e disfarçar a origem ilícita dos recursos”, diz trecho de documento do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), obtido pelo Metrópoles.
A compra e venda rápida de bens de alto valor “é um método clássico de lavagem de dinheiro”, destaca o documento.
A investigação, que resultou em uma denúncia do Ministério Público de Pernambuco, mostra que a associação de Deolane com sua mãe “reforça os indícios” que culminaram na prisão de ambas.
Relatório do Coaf
A Polícia Civil pernambucana se embasou em um relatório resultante de um alerta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do governo federal, sobre lavagem de dinheiro. Chamou a atenção uma conta bancária da mãe de Deolane aberta em novembro de 2022.
No mês seguinte, as movimentações financeiras da família Bezerra começaram a ser investigadas.
Na decisão que prendeu mãe e filha, a Justiça de Pernambuco indica o recebimento de valores, na conta de Solange, depositados por duas empresas também monitoradas pela polícia.
Solange declarava rendimento mensal de R$ 10 mil, mas teve uma movimentação de quase R$ 480 mil entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023 na conta bancária, o que acendeu o alerta do órgão de inteligência financeira. O relatório ajudou a polícia a identificar e relacionar seus alvos.
Apesar de não contar com registros profissionais, como mostra a investigação, Solange constava como sócia em duas empresas, uma de confecção de roupas e outra de atividades de cobrança.
“Ela movimentava valores acima de sua capacidade financeira, com alta fragmentação nas contrapartes e rápida evasão de recursos”, diz trecho de documento judicial, que aponta, ainda, o suposto envolvimento da mãe de Deolane com “tráfico de drogas e sonegação fiscal”.
Prisão domiciliar
A defesa da influenciadora e sua mãe entrou com um pedido de habeas corpus, para que ambas aguardassem fora da cadeia o andamento do processo.
Em decisão que resultou na prisão domiciliar de Deolane, e na qual manteve Solange presa, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão endossa as denúncias de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O magistrado, porém, considerou o fato de Deolane ser mãe de uma menina de 8 anos de idade e permitiu que ela cumprisse prisão domiciliar. Ele se pautou pelo artigo 318A do Código Penal e por um habeas corpus coletivo do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2018, que substitui a prisão preventiva por domiciliar para gestantes, lactantes e mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência.
Deolane será monitorada por tornozeleira eletrônica e terá que cumprir medidas cautelares, que incluem não se manifestar em redes sociais, ou à imprensa — determinação descumprida por ela assim que colocou os pés fora da Colônia Penal Feminina Bom Pastor.
A jornalistas de plantão em frente à unidade prisional, ela afirmou não existirem provas contra ela, alegando que sua prisão “foi criminosa”.
Em seu Instagram, a influencer publicou uma foto com a boca tampada com um papel, que continha um X desenhado em vermelho, e deixou uma legenda sugestiva: “Carta aberta…”. A postagem faz referência à carta publicada em seu perfil no domingo (8/9).
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