Hoje é um ótimo dia para assistir um filme dirigido por uma mulher. Ou melhor, todo dia é um ótimo dia para assistir um filme dirigido por uma mulher. Essa é a premissa da campanha #52FilmsByWomen, da Women in Film (WIF)/Los Angeles, que repercute em Alagoas pelas mãos da realizadora audiovisual Larissa Lisboa. Ela produziu uma lista de filmes alagoanos com direção feminina.
O projeto é um desafio: além de dar visibilidade para produções audiovisuais dirigidas por mulheres, a ideia é ver 52 filmes com direção feminina, um por semana, durante um ano. A lista foi lançada pelo coletivo Alagoar e todas as produções audiovisuais podem ser acessadas pelo site: alagoar.com.br.
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Larissa Lisboa, que também é pesquisadora e uma das mais importantes vozes do cinema de Alagoas, conta que a ideia de repercutir localmente a hashtag, que há quase sete anos circula na internet, surgiu há alguns meses. A motivação veio de março, que é o mês de maior visibilidade para a luta pela presença das mulheres nos mais diversos setores da sociedade.
Outro fator que impulsionou a curadora foi o aniversário do Alagoar. O projeto voluntário, que se dedica às obras audiovisuais de Alagoas, completa sete anos este mês e comemora 786 obras catalogadas.
“Vi na proposta de criação de listas com 52 filmes (#52FilmsByWomen), uma provocação. A princípio, como espectadora que não acreditava que teria disciplina para ver um filme dirigido por mulher por semana - e que hoje assiste muito mais filmes de diretoras graças a listas assim”, revela Larissa Lisboa. “E mais recentemente vi a provocação no sentido de estar como autora de uma lista com 52 obras audiovisuais, e a fiz com o objetivo de reconhecer as obras alagoanas e reuni o máximo de nomes de diretoras que consegui”, explica.
Além de assistir um filme dirigido por uma mulher por semana, o público da campanha é incentivado a postar sobre a experiência e usar a hashtag #52FilmsByWomen.
“Acredito que toda obra audiovisual representa memórias, e aquelas pessoas que se debruçaram para criá-las, entre tantas outras coisas. Então as 52 duas obras representam memórias, as pessoas que trabalharam nela, e a reunião delas representa resistências, persistências, existências, visibilidades, invisibilidades, potências, sonhos, acredito que não se fecha o que [a lista] representa e pode representar ”, afirma Larissa Lisboa.
PRESENÇA NO AUDIOVISUAL
O audiovisual de Alagoas colhe frutos de anos de mobilização setorial e, nesse sentido, as mulheres também foram protagonistas. Para Larissa Lisboa, que atua como parecerista em editais de fomento, a presença feminina e as políticas públicas que incentivam a participação das mulheres em certames é uma conquista importante para a sociedade.
“Uma compreensão básica, que tem origem em pesquisas, e que pode ser percebida também a partir das listas de contemplados nos editais realizados em Alagoas entre 2010 e 2021 é a de que de pessoas negras, indígenas, da comunidade LGBTQIAP+ e as mulheres seguem ainda ocupando e tendo acesso a menos espaços que os homens cisgênero brancos”, defende a especialista.
Como resultado dessas políticas de incentivo, há uma quantidade considerável de filmes dirigidos por mulheres em Alagoas hoje, se compararmos com o que podia ser visto três anos atrás. Uma prova do avanço, que é celebrado pela realizadora, é que, em breve, Alagoas terá um longa-metragem dirigido por uma mulher para chamar de seu.
“Um dos projetos contemplados no Edital do Audiovisual de Maceió 2019 foi Marina, com direção da alagoana Laís Araújo e tendo como proponente sua produtora L.S.Araújo Arte e Audiovisual”, finaliza Larissa Lisboa.
CONFIRA A LISTA
- Penedo Mon Amour (1995, dir. Aline Marta dos Santos Maia e Jeder Janott);
- Carlos Moliterno – Poeta Alagoano (1996/99, dir. Arla Coqueiro e Cláudio Manoel Duarte);
- Bate Ferro (2004, dir. Glauber Xavier, Marcelo Dogat e Márcia Danielli);
- Contracosta (2004, dir. Clarice Novaes da Mota, Núbia Michella e Verônica Amaral Gurgel);
- Yaraguá (2004, dir. Danielle Silva e Fátima Ramalho Maia);
- Borboletas (2005, dir. Dalva de Castro);
- Infância no Sertão (2006, dir. Maria do Carmo Silva Ferreira);
- Mestre Benon, o Treme Terra (2006, dir. Nicolle Freire e Celso Brandão);
- A Paisagem e o Movimento (2007, dir. Alice Jardim);
- Anda Zé Pequeno Anda (2008, dir. Kátia Regina, Cássia Rejane e Bruna Rafaela);
- Caminhos da Juventude (2008, dir. Glaciene Ferreira);
- Debaixo da luz do sol (2008, dir. Maya Millán);
- Marechal Terra dos Músicos (2008, dir. Lenilson Santos e Tássia de Souza);
- Nas Margens (2008, dir. Súrya Namaskar e Tamires Pedrosa);
- Areias que Falam (2009, dir. Arilene de Castro);
- Dj do Agreste (2009, dir. Regina Célia Barbosa);
- Nome, idade, profissão, onde mora (2009, dir. Viviane Vieira);
- As ilhas da minha vida (2011, dir. Zezinha Dias);
- Brêda (2013, dir. Trinny Alarcon);
- Maré Viva (2013, dir. Alice Jardim e Lis Paim);
- Menina (2013, dir. Amanda Duarte e Maysa Reis);
- Mestra Hilda do Coco (2013, dir. Cintia Ribeiro e Celso Brandão);
- Missi (2013, dir. Lays Lins Calisto);
- Geração Z Rural (2014, dir. Melina Vasconcelos);
- Relicários de Zumba (2014, dir. Vera Rocha);
- Ser Marginal (2014, dir. Guilherme Leão, Izabella Feitoza e Maria Moraes);
- Cidade Líquida (2015, dir. Laís Araújo);
- Liberdade, Liberdade em Maceió (2015, dir. Fabiana de Paula e Wladymir Lima);
- Quem tem juízo resiste e luta (2015, dir. Marcos Ribeiro Mesquita e Codireção: Simone Maria Hüning);
- Sandrinho: o culpado de todos os crimes (2015, dir. Manuela Felix);
- À espera (2016, dir. Nivaldo Vasconcelos e Sônia André);
- Angelita (2016, dir. Jéssica Patrícia da Conceição e Mare Gomes);
- Admirável Mundo Destro (2018, dir. Luiza Leal);
- Um Fato, Várias Lentes: 17 de Julho (2018, dir. Bruno Fernandes e Camila Costa);
- Joana Gajuru: de guerreira a rainha (2018, dir. Marta Moura);
- À espera de um milagre: relatos de sonhos perdidos de frente para a lagoa (2019, dir. Géssika Costa e Vitor Beltrão);
- Caminhando e Cantando (2019, dir. Júlia Maria);
- Marcas de Expressão – O Reflexo da Vida nas Ruas (2020, dir. Luan Macedo e Valesca Macedo);
- O Que Meu Corpo Fala (2020, dir. Valéria Nunes e Glauber Xavier);
- Relato Número Um (2020, dir. Elizabeth Caldas);
- Penetravelocidade: Maceió habitada-penetrada-invadida por corpos performáticos (2021, dir. Aline Silva).
Filmes com direção coletiva
- Saltos e Passos (2012, dir. Larissa Lins, Leyliane Vasconcelos, Yasmin Januário e Victória Mendonça);
- Monstro que Nada (2015, dir. André Felipe, Dinah Ferreira, Fabbio Cassiano, Jasmim Buarque, Joesile Cordeiro, Paulo Silver e Thiago Melo);
- Bumba Meu Jaraguá (2015, dir. Ydá Pires, Roseane Monteiro, Lara Martiliano, Leonardo Jorge, Jéssica Patrícia da Conceição, Herbson Melo, Emerson Pereira, Amanda Madeiro e Amanda Duarte);
- Segunda Feira (2016, dir. Olga Francino, Iasmyn Sales, João Marcos Alves, Camila Alves e Leandro Alves);
- Onde Você Mora? (2017, dir. Ísis Florescer, Andressa Lopes, Danyelle Paixão, Débora Delduque, Fabbio Cassiano, Jediael Gerônimo, Karina Liliane, Leonardo Santana, Roseane Monteiro);
- Corpo D’água (2018, dir. Aline Alves, Camila Moranelo, Dávison Souza, Elizabete França, Isadora Padilha, Ítalo Rodrigues, Marina Bonifácio, Marcella Farias, Maykson Douglas e Nycollas Augusto);
- Mané (2019, dir. Arlindo Cardoso, Karina de Magalhães, Lucas Cardoso e Paula Fernandes);
- Colapsar (2019, dir. Amanda Môa, Juliaana Barretto, Luiza Leal, Mayra Costa, Reginaldo Oliveira, Renah Berindelli, Renata Baracho e Valéria Nunes);
- Visão das Grotas (2020, dir. Agnes Vitória, Ewelyn Lourenço, Josias Brito, Letícia Cabral, Mariana Alves, Maysa Reis, Rafaela Oliveira, Tauan Santos e Wallison Fidelis).
Outras obras audiovisuais com criação coletiva
- Festa nos Recifes de Coral (2020, dir. Luana Carolina);
- Pílulas Poéticas (2020, por Cia do Chapéu).