Um movimento técnico que exige força, flexibilidade e grande controle corporal. Brisé Volé, uma técnica utilizada por bailarinos profissionais devido a sua dificuldade e complexidade, é o nome dado à companhia de ballet dirigida por Euller Silva, um projeto social voltado para crianças e jovens. No dia 3 de novembro, no Teatro Deodoro, o grupo apresentará o espetáculo ‘A Valsa das Flores’. A apresentação terá a participação de 137 bailarinas, com direção e coreografia de Euller da Silva, Eduarda Melo, Thaane Lima e Antônio Gaspar. Além disso, a companhia arrecadará alimentos para crianças atendidas pela iniciativa e moradores de regiões socialmente vulneráveis.
O projeto foi criado em 2020, quando o bailarino clássico Euller Silva viu a possibilidade de retribuir da mesma forma a oportunidade que lhe foi dada pela Companhia de Ballet Maria Emília Clark. Como projeto social, a escola busca encontrar talentos nas comunidades, onde meninos e meninas normalmente não teriam a oportunidade de ingressar numa escola de ballet.
Leia também
“O público alvo do projeto são meninas e meninos que nunca tiveram oportunidade de fazer aulas de ballet, muito menos de se apresentar em um teatro, como o Teatro Deodoro, que é o mais famoso de Maceió. O objetivo é lapidar e achar o talento das crianças das comunidades carentes. Hoje, já estamos na terceira apresentação do nosso projeto, que sempre faz o Teatro Deodoro lotar na presença dessas lindas bailarinas no palco”, conta.
Por ser um projeto social, a companhia Brisé Volé não cobra mensalidade das alunas. E, como muitas ações do tipo, enfrenta desafios para se manter em funcionamento. Sem grandes patrocínios, o projeto depende de doações e da boa vontade de voluntários.
“As arrecadações vêm de doações de alguns amigos meus, e também de algumas mães parceiras. Hoje, precisamos muito de uma grande parceria que ajude o projeto a sobreviver. Temos, em Maceió, 80 alunos, e, em Coqueiro Seco, 75 alunas. No total, são 150 integrantes, que se apresentam todos os anos”, relata.
Para além dos palcos, o Ballet Brisé Volé tem conectado histórias emocionantes de transformação. A exemplo de Maria Eduarda, que chegou como aluna e hoje é uma colaboradora do projeto.
“Em 2021, realizei a audição para entrar como aluna no projeto e estar naquele meio me impactou muito! De aluna, passei a ser auxiliar de turma. Agora, professora e coordenadora. Faço isso pelas crianças, pela arte e por todo o amor que sinto pela dança. Eu buscava algo que me desse sentido no mundo e o projeto me trouxe essa ‘razão’ de estar aqui”, diz a bailarina.
Fundado com o propósito de oferecer oportunidades artísticas e educativas, o projeto tem impactado positivamente a vida dessas crianças. Para muitas delas, a dança representa muito mais do que uma atividade aos sábados, é um refúgio, fonte de esperança e uma possibilidade de mudar de vida.
“Muitas crianças só estão no projeto para poder fugir da realidade que elas vivem, é muito dolorido para muitas delas. Há meninas que, através do projeto, conseguem cuidar e controlar questões psicológicas, físicas, tudo. Ele influencia a vida de todas, muito além da dança”, reflete Eduarda.
Thaane é mais uma bailarina que teve sua vida impactada pelo projeto. Ela diz que, desde antes do início do Brisé Volé, sonhava em trabalhar como voluntária em um projeto que envolvem dança.
“Eu sempre tive essa vontade de ser voluntária em um projeto que envolvesse ballet. Era uma vontade minha desde 2019. Eu cheguei a fazer um treinamento com uma professora, bailarina, para trabalhar dando aula de balé voluntariamente. E aí, quando eu conheci o projeto, pensei: é perfeito para o que eu quero, é o que meu coração quer fazer”, conta.
Apesar de ter participado ativamente na construção da coreografia, dessa vez Thaane não irá se apresentar. Por trás das cortinas, a bailarina estará auxiliando na organização das 137 bailarinas que participarão do espetáculo.
“Tenho o costume de me apresentar pelo menos uma vez por ano, desde 2017. Toda história é única. Não tem como descrever, com uma palavra só, todas as experiências que eu tive dançando como bailarina. Quando a gente termina o espetáculo, senta ali no palco, todo mundo junto, e ouve o público aclamando e batendo palmas. É muito, muito gratificante. A gente até esquece de todo o esforço que a gente fez pra estar ali”, lembra.
A VALSA DAS FLORES
‘A Valsa das Flores’ é um espetáculo que explora a leveza, a delicadeza e a beleza das flores, representadas por meio da dança. Inspirado na famosa composição de Tchaikovsky, do balé O Quebra-Nozes, a apresentação traz uma interpretação contemporânea, combinando movimentos fluidos e expressivos com uma cenografia que evoca a natureza e a renovação.
A estreia em novembro será o ponto alto do trabalho realizado ao longo do ano com os jovens e crianças. O espetáculo ‘A Valsa das Flores’ chega ao Teatro Deodoro no dia 3 de novembro, às 19h30. Os ingressos estão disponíveis através do contato da bailarina Maria Eduarda, pelo Whatsapp (82) 9 8739-3486. Cada ingresso custa R$ 25 + 1kg de alimento. Mais informações podem ser obtidas por meio do Instagram da companhia (@ballet_ciabrisevole).