Titãs é o tipo de banda que tem por vocação continuar produzindo. Mesmo com diversos membros abandonando o projeto ao longo dos anos, o grupo se reinventa e reinventa o seu rock'n'roll. Uma prova disso é que o show acústico, que o trio apresenta em Maceió na noite de hoje, 10 de outubro, está com ingressos esgotados. Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto - munidos de violões, piano, guitarra acústica e contrabaixo - querem reviver com o público o clima do álbum mais vendido dos Titãs, o Acústico MTV de 1997. O show "Trio Acústico" estreou em São Paulo e percorrerá o Brasil ao longo deste ano.
Tony Bellotto escreve e toca guitarra com os Titãs desde a criação, em 1982. Ele é um dos três remanescentes de um grupo que já foi um noneto. Chegando aos 60 anos de idade, o artista segue em atividade, levantando a bandeira da música como sua principal causa. Escritor, colunista, apresentador de programas de TV - além de esposo da atriz Malu Mader - Bellotto participou de um rápido bate-papo com aGazetawebe comentou os próximos passos dos Titãs e sobre o show desta noite em Alagoas.
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São quase 40 anos de estrada. Como você avalia a trajetória dos Titãs até aqui?
É uma trajetória positiva para nós. O espírito continua o mesmo e a banda se renova sem perder a essência.
Vocês ainda se consideram subversivos, o rock tem essa vocação?
Na verdade, Titãs sempre foi uma banda aberta ao diálogo, sempre fomos uma democracia, mesmo em período ditatorial. Acreditamos que a música tenha uma força política, de reflexão.
O grupo teve fases bem específicas, certo? Mas o que permaneceu dos Titãs de 1982?
Mudamos bastante. As pessoas (nós incluídos) e o mundo são completamente diferentes se compararmos com muitos anos atrás. Mas mantemos nossa essência. Nossa música, e nosso prazer de tocar, continuam bem parecidos hoje com o que eram em 1982.
Bom, estamos viajando todo o Brasil com a nossa turnê "Trio Acústico", que revive esse clima do Acústico MTV, e também com o show elétrico. E ainda estamos levantando a produção para poder sair com a turnê da nossa ópera rock "Doze Flores Amarelas", que demanda um pouco mais de investimento por ter um elenco maior e um grande aparato de cenário e projeções.
O que os alagoanos podem esperar dessa apresentação, que tem um clima mais intimista?
É um show com todos os nossos sucessos. Uma coisa interessante é o formato um pouco diferente. Fora as canções, a gente conta histórias e fala sobre o que serviu de inspiração para cada uma delas, sobre o momento que estávamos vivendo. É como se a gente estivesse recebendo os fãs na sala das nossas casas, é um espetáculo íntimo, envolvente e rico para nós e para os fãs.
Que avaliação você faz do rock do Brasil de hoje?
Eu gosto muito do rock brasileiro, e ouço coisas muito interessantes, como o Baiana System e muitos outros. O problema é que a grande mídia não veicula o rock e muitas vezes fica difícil para as novas bandas conseguir mostrar o seu trabalho. Acho que a música brasileira, no geral, é um patrimônio do qual devemos nos orgulhar.
*com colaboração especial de Everton Lessa