Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CULTURA

Roberta Aureliano propõe viagem de trem ao interior de AL em novo EP

O disco 'Estações' está disponível em todas as plataformas digitais e celebra influências, paterna e de outros grandes mestres da cultura popular

É um poema do saudoso mestre Ronaldo Aureliano que prepara os ouvintes para o que está por vir no álbum “Estações”, EP de Roberta Aureliano lançado no último dia do ano passado. “Lá vem o trem! Aos solavancos, trancos e barrancos. Empoeirado, apitando, chegando! Está chegando o trem!”— recita a multiartista na primeira faixa, anunciando uma viagem ao interior de Alagoas, a bordo, claro, de uma daquelas antigas marias-fumaças.

Filha de Ronaldo Aureliano, ator, diretor teatral, escultor e escritor alagoano que morreu em 2008, Roberta revisita no álbum a infância entre estações de trem. É que o pai era, além de tudo, ferroviário, o que transformou a vida da família Aureliano em uma grande viagem pelas cidadezinhas de Alagoas e de Pernambuco.

Leia também

O resultado da proposta são sete faixas selecionadas do repertório da cantora e atriz maceioense, que viveu maior parte da infância e adolescência entre Viçosa — reconhecido berço da cultura alagoana — e Serra Talhada, cidade pernambucana marcada pela história do cangaço.

Na sequência, o CD traz uma pedra preciosa da cultura popular alagoana: a faixa ‘Se a mocidade fosse uma mercadoria’, de autoria do Mestre Sebastião do Guerreiro (1947-2010), artista viçosense que era Patrimônio Vivo de Alagoas e um dos grandes nomes do folguedo alagoano.

Imagem ilustrativa da imagem Roberta Aureliano propõe viagem de trem ao interior de AL em novo EP
| Foto: Reprodução

“Se a mocidade fosse uma mercadoria, eu comprava todo dia, no dinheiro ou no cartão. Se ela custasse um milhão, eu ia ficar com ela. Eu dividia as parcelas e pagava na prestação”, diz trecho da toada, que virou um pop com a interpretação de Roberta Aureliano.

A terceira faixa, “Cansei de você”, foi um presente do poeta viçosense Jader Tenório para a artista. Apaixonante, a música narra um amor sofrido, típico do imaginário interiorano e da gente viçosense, que vive tudo com intensidade.

Roberta Aureliano considera “Cansei de você” sua primeira música de trabalho e diz torcer para que sua melodia, arranjo, perfeitamente dirigidos por Basilio Seh, percorram o mundo. “Espero que chegue aos passageiros das Estações de todos os lugares”, diz.

“Eu vejo que o CD é uma forma de contar uma história, a minha trajetória no mundo das artes até chegar à música. Ele fala de caminhos sinuosos, mas também de belas paisagens, longas passagens em linhas retas, acumulando muita carga emotiva. Porque foi assim o meu caminho, marcado por esses universos todos presentes no disco, por causa da influência do meu pai e de toda a cultura popular, das simplicidades e complexidades com as quais a gente se depara da capital ao interior do nosso Estado”, revela Roberta Aureliano.

A empolgante “Severina” dá continuidade ao EP. Trata-se de uma releitura da canção do mestre Basilio Seh, com quem Roberta Aureliano divide a canção. Ela é o oposto da faixa anterior. Enquanto “Cansei de Você” narra o clamor de uma homem apaixonado para voltar a viver um grande amor, “Severina” exibe o auge uma paixão, carnal, intensa, mas convida também para viver e ver o belo da vida. “Quero sumir e enlouquecer de prazer. Lá fora a noite convida os amantes, que precisam se entregar para o delírio da paixão. Então, bora pro mundo, vem! Não demora!”, canta Roberta.

“Cada canção conta uma estória especial. Iniciando com uma viagem pelo trem do interior e enveredando por várias estações com seus diversos personagens e acontecimentos”, reforça a artista.

Roberta Aureliano traz na bagagem influências de folguedos populares e da cultura interiorana de AL
Roberta Aureliano traz na bagagem influências de folguedos populares e da cultura interiorana de AL | Foto: Divulgação

A canção que dá sequência ao álbum é ‘Coco Brasileiro’, composta por Ari de Oliveira. Além de mostrar habilidade na embolada, Roberta Aureliano ousa “djavanear” um coco alagoano, pelo menos na pegada pop que a canção ganha na sua interpretação. Cheia de personalidade, a música dialoga com a relação próxima da artista com a história do povo preto de Alagoas. Essa história, principalmente o período de luta de Zumbi e Dandara, era o foco da pesquisa de Ronaldo Aureliano, que também era historiador e professor.

Em seguida, nos deparamos com a divertida “A peste é quem gosta”, mais uma composição do Mestre Sebastião do Guerreiro. Nela, o artista popular narra libidinagens da juventude. Na voz de Roberta Aureliano, a canção ganha um ar irônico revigorante, com direito a uma gargalhada ao final da música.

“Todos os compositores do álbum são pessoas que conversam com essa trajetória, que cruzaram o meu caminho de alguma forma. A maioria deles marcaram definitivamente a minha carreira e também o jeito de ver e pensar o mundo. A começar pelo meu pai”, conta Roberta.

Imagem ilustrativa da imagem Roberta Aureliano propõe viagem de trem ao interior de AL em novo EP
| Foto: Reprodução

“Meu pai é o meu herói. Meu pai é uma presença contínua na minha vida. Eu me apego à memória que eu tenho dele, à força, à vontade de mudar o mundo com a arte, a tudo isso”, continua a cantora.

A música que encerra o álbum é “Minha Mina”, de Dall Montenegro. A faixa, marcante na trajetória da artista, fala de um encantamento terno pela existência de alguém querido. Para a artista é uma mensagem de encerramento: “Que as pessoas sejam mais apaixonadas pela vida, que não vejam as coisas pequenas, não se apeguem às miudezas. Olhe para fora da janela do trem, veja a paisagem alagoana, veja os nossos mestres, veja a arte, desfrute da nossa voz, do nosso som, do nosso sotaque, da nossa história, que é a coisa mais preciosa que temos”, completa Roberta Aureliano.

O ÁLBUM

No CD, Roberta Aureliano conta histórias e explora sentimentos da sua terra Viçosa, traduzindo em canções o Nordeste profundo, de beleza poética e vida real. Filha do mestre Ronaldo Aureliano, que também era ferroviário, Roberta cresceu entre estações e trilhos, mas, principalmente, entre a vida abundante e diversa dos que embarcavam e desembarcavam nos locais os quais ela chamava de… lar.

A produção e lançamento do álbum só foi possível graças ao apoio financeiro oriundo da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio do edital Prêmio Zailton Sarmento, da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (@secultal) e do governo federal.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Relacionadas