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Pesquisadora associa obra de Lêdo Ivo à relação do escritor com Maceió

Palestra na Academia Alagoana de Letras (AAL) reabriu debates sobre influência da capital nos textos do poeta


				
					Pesquisadora associa obra de Lêdo Ivo à relação do escritor com Maceió
Lêdo Ivo, escritor alagoano. Divulgação

Minha pátria não é a língua portuguesa. / Nenhuma língua é a pátria. / Minha pátria é a terra mole e peganhenta onde nasci / e o vento que sopra em Maceió”. — É assim que o poeta, romancista, contista, ensaísta, cronista e jornalista Lêdo Ivo, cujo centenário é celebrado neste ano, define sua relação com a capital alagoana. É justamente essa experiência do autor com sua cidade que foi discutida na manhã desta quarta-feira (10), na Academia Alagoana de Letras (AAL). O momento foi conduzido pela pesquisa da arquiteta e urbanista Isabela Camargo, que afirma: “Maceió é o tema central da obra de Lêdo”.

Este autor de inúmeros títulos nasceu em 18 de fevereiro de 1924, e, até hoje, seus escritos contribuem e impactam o cenário literário de Alagoas e do Brasil. Nascido em Maceió, Ivo mudou-se cedo para Recife onde iniciou carreira jornalística. Nas terras pernambucanas, chegou a finalizar o curso de Direito, no entanto, preferiu seguir contribuindo com a imprensa.

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Em 1944, estreou na literatura com a poesia "As Imaginações”. No ano seguinte, publicou "Ode e Elegia", recebendo o prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em toda sua vida publicou diversos contos, romances, ensaios etc., no entanto, foi reconhecido mundialmente por sua poesia.

Por vezes chamado de mestre na arte dos versos, o autor participou da Academia Alagoana de Letras, ocupando a cadeira de nº 19. Mais tarde, no dia 13 de novembro de 1986, foi eleito e passou a ocupar a 10° cadeira da Academia Brasileira de Letras. Seus poemas tiveram tamanha repercussão que chegaram a ser traduzidos para o exterior.


				
					Pesquisadora associa obra de Lêdo Ivo à relação do escritor com Maceió
Estátua que homenageia escritor está localizada na orla de Maceió. MARCO ANTÔNIO

Admirado e lembrado no cenário contemporâneo, Lêdo Ivo é constantemente tema de palestras e debates acerca de seus escritos e suas paixões, incluindo um de seus principais amores: Maceió. Como expressa em alguns de seus poemas, o autor expõe sua terra com alusões às belezas naturais, ao farol que atrai os olhares alheios e, até mesmo, o cenário de abandono habitado por aves noturnas, que, mesmo aparentemente simples, ofertam beleza nos versos do alagoano.

“Foi como poeta e romancista de elite que ele se destacou, deixando um legado que encanta o mundo com suas pérolas literárias’’ destaca Alberto Rostand Lanverly, presidente da Academia Alagoana de Letras.

E continua: “Como poeta, Lêdo Ivo é um mestre na arte de transformar as palavras em poesia, capturando a essência da vida e da alma humanas em versos que ecoam com profundidade e beleza [...] sua obra poética transcende fronteiras, tocando corações e inspirando mentes em todo o mundo’’, completa o presidente.

DE ALAGOAS PARA O MUNDO

Lêdo Ivo viajou e continua viajando, mas não como pessoa, e sim como verso. Reconhecido internacionalmente, seu romance Ninho de cobras (1973) foi traduzido para o inglês, sob o título “Snakes’ Nest”; e em dinamarquês, sob o título “Slangeboet”. No México e na Espanha, diversas coletâneas de seus poemas, como “La imaginaria ventana abierta” e “Las pistas e Las islas inacabadas” ganharam versões em espanhol, A antologia intitulada “Poemas” foi editada na capital do Peru, Lima; enquanto que, na Itália, a antologia foi publicada com o título “Illuminazioni”.

Premiado com diversos títulos nacionais, como o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio Casimiro de Abreu do Governo do Estado do Rio de Janeiro; Lêdo ivo escalou ao nível internacional, recebendo os prêmios Poesia del Mundo Latino Victor Sandoval, no México, em 2008; o prêmio de Literatura Brasileira da Casa de las Américas, em Cuba, no ano de 2009; e o Prêmio Rosalía de Castro, do PEN clube, na Espanha, em 2010.

SEU OLHAR PARA MACEIÓ

O cenário é moldado pelo vento, que carrega consigo a areia e o sal, tocando a pele, corroendo as casas, o mar que penetra em cada fresta das pedras de corais e o mormaço costumeiro da costa marinha. Alvo de muitos versos, o litoral maceioense é uma das paisagens mais descritas pelo autor, sempre que se volta, em palavras, à sua cidade natal. Ivo mostra, no poema Planta de Maceió, que é possível amar cada parte desta cidade: “Este é o meu lugar, / entranhado em meu sangue / como a lama no fundo da noite lacustre”.


				
					Pesquisadora associa obra de Lêdo Ivo à relação do escritor com Maceió
Isabela Camargo, arquiteta e urbanista. REPRODUÇÃO

A pesquisadora, arquiteta e urbanista Isabela Camargo explica o que seria a capital alagoana para o poeta: “Eu acredito que Maceió, para Lêdo Ivo, era o grande tema da sua obra, segundo ele mesmo. ‘A minha obra é uma descrição de um exílio', e esse exílio era o exílio de Maceió’. Ele deixou Maceió bem cedo para fazer carreira no Sudeste. Então, esse sentimento de buscar raízes, de se perguntar sobre a sua identidade, é um tema que atravessou a obra dele muito profundamente’’.

Isabela ainda fala sobre a ligação entre a arquitetura e a literatura de Lêdo Ivo: “Meus estudos da cidade se entrelaçam e tem a literatura como fonte de reflexão, como provocação das dinâmicas urbanas e desse passar do tempo na cidade [...] e justamente por ser poeta, ele atinge essa subjetividade tão difícil de colocar em palavras, em imagem, em consciência”.

A maior prova do amor pelo litoral alagoano é que parece ter sido passado de geração em geração, e é assim que declara Marina Ivo, neta do poeta, sobre a relação entre Lêdo Ivo e a cidade de Maceió: “A obra de meu avô tem a imensidão do mar de Maceió. Nos seus versos, sinto o vento, os mangues, o barulho das ondas e o espanto com a vida. Sua poesia é autêntica e eterna. Que seja uma forma de mergulharmos cada vez mais nas palavras dele’’.

No ano do centenário do literato, o convite é para lembrar do poeta alagoano mais apaixonado por Alagoas, que deixou sua saudade e sentimento por sua terra transcritos em versos: “E por mais que me afaste, / estarei sempre aqui / e serei este vento e a luz do farol”.

*Sob supervisão da editoria de Cultura

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