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Livro resgata mais de 30 anos de história do movimento LGBTQIA+ em Alagoas

Organizado por pesquisadores da Ufal, compêndio reunirá relatos, fatos históricos e conversas acerca da luta da comunidade no Estado

Eles querem romper silêncios e interromper o apagamento da história das pessoas LGBTQIA+ em Alagoas. Para fazer isso, Elias Veras e Marcelo Nascimento reuniram 32 anos da resistência dessa comunidade no livro “Orgulho LGBTQIA - Acervos, memórias e escritas de si - Alagoas (1990-2022)”. O compêndio, com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano, traz registros históricos, reportagens e conversas sobre e com personagens, organizações, coletivos, aliados e aliadas que protagonizaram as lutas LGBTQIA+ no Estado.

O lançamento integra o projeto “Acervo, afetos e memórias LGBTQIA+ em Alagoas”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPGHS), do Curso de História, da Universidade Federal de Alagoas, com o apoio do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDHis) da Ufal. A iniciativa ainda prevê o lançamento de uma exposição e um documentário, elaborados com o material pesquisado para o livro.

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Cíntia Ribeiro, doutoranda em Linguística pela Ufal e editora do livro, detalha que a publicação apresenta trajetórias, narrativas e acervos marcados pela LGBTQIfobia – a exemplo do assassinato de Renildo José dos Santos, vereador homossexual de Coqueiro Seco (AL), morto em março de 1993. Esses relatos de violência, de silenciamento e de resistência de gênero, sexualidade e raça fazem uma cartografia política e afetiva da luta em Alagoas.

Entrevista com Marcelo Nascimento ao jornal Gazeta de Alagoas, em 14 de novembro de 2006
Entrevista com Marcelo Nascimento ao jornal Gazeta de Alagoas, em 14 de novembro de 2006 | Foto: Acervo Pessoal/Marcelo Nascimento

“A cada relato, nos vemos diante de um exercício que implica pensarmos na identificação das fronteiras (cerradas e abertas) aos corpos LGBTQIA+ em Alagoas. Oralidade e escrita trazem margem e centro da construção da história do Movimento Gay reposicionados, não apenas em função do grau de abertura político-discursiva do lugar Alagoas, mas, essencialmente, ao modo como esse lugar autorizou ou desautorizou a constituição das subjetividades de gênero ao longo de sua história”, explica a editora.

“O convite para a edição do livro me fez repensar o sentido de centro e periferia , enquanto territórios fronteiriços capazes de autorizar e interditar corpos”, afirma Cíntia Ribeiro, ao defender a pertinência do lançamento no Brasil atual. “Nesse aspecto, o livro tem o funcionamento ritualístico: abrir caminhos, desemperrar ferrolhos discursivos. Essa é a relevância do trabalho”, diz.

A obra tem como ponto de partida a criação do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), fundado em 1997. Marcelo Nascimento, um dos organizadores do livro, foi o primeiro presidente do grupo, que, desde então, é a referência de luta e representatividade da comunidade LGBTQIA+ no estado. Apesar disso, e da maioria dos entrevistados estarem, de muitos modos, relacionados a esse grupo pioneiro, a obra amplia esses marcos, recorrendo aos acervos de outras organizações e coletivos LGBTQIA+ alagoanas, às narrativas e escritas de outras personagens importantes dessa luta no decorrer dos anos, como é o caso da escritora Isis Florescer, que escreve na obra e, recentemente, se tornou a primeira mulher trans alagoana a lançar um livro.

Cartaz da campanha contra a homofobia, lançada em 2006 pelo GGAL
Cartaz da campanha contra a homofobia, lançada em 2006 pelo GGAL | Foto: Acervo Pessoal/Marcelo Nascimento

“A idealização de uma publicação que registra, conversa e divulga esse e outros acontecimentos rompe com um silêncio histórico sobre as lutas de gays, lésbicas, travestis e transexuais no Estado. Se apropriar dessa memória e história é uma forma de lutar contra a LGBTQIfobia”, afirma Elias Veras, um dos organizadores do livro.

“Penso que o desafio deste trabalho está entre equilibrar identificação e desidentificação de corpos num tipo de balança sociohistórica de base sexista e heteronormativa. É desse lugar de dor e de força ancestrais de gênero e de raça que o livro abre espaço interseccional e polifônico para um diálogo de múltiplas vozes. E, principalmente, para os corpos que transitam na margem”, completa Cíntia Ribeiro.

De acordo com os organizadores, o livro não tem a pretensão de contar uma história única e definitiva das lutas LGBTQIA+ no Estado. “Trata-se, de uma obra, ou melhor, de um projeto de registro, conservação e divulgação de trajetórias e memórias esquecidas, e/ou pouco conhecidas; de um convite à escrita da história de acontecimentos e personagens ainda invisibilizados/as; de uma homenagem àqueles/as que foram violentados/as pela LGBTQIfobia; de uma celebração aos/às que lutaram, resistiram e conquistaram espaços, direitos; por fim, de um chamado aos órgãos públicos para a urgente e necessária criação de políticas públicas de preservação, conservação e divulgação dos acervos institucionais e pessoais das lutas LGBTQIA+ em Alagoas”, diz nota conjunta dos autores.

Grupo Transhow, que produz espetáculos protagonizados por pessoas trans em Maceió
Grupo Transhow, que produz espetáculos protagonizados por pessoas trans em Maceió | Foto: Flávio Cansanção

DIA INTERNACIONAL DO ORGULHO

O projeto foi anunciado nesta terça-feira (28), quando é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. A data remonta à Rebelião de Stonewall Inn, que ocorreu em 28 de junho de 1969. Na época, houve uma revolta contra invasões da polícia de Nova York a bares que eram frequentados por gays, que sofriam diversas violências praticadas pelas autoridades.

Na ocasião, policiais entraram no local e prenderam funcionários e frequentadores, além de agredi-los. A truculência gratuita resultou em uma série de protestos em cidades norte-americanas, a favor dos direitos LGBTQIA+. No ano seguinte, em 1970, ocorreu a 1ª Parada do Orgulho Gay em Nova York.

A Revolta de Stonewall Inn é tida como o “marco zero” do movimento de igualdade civil dos homossexuais no século 20.

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