Apesar de ter aprendido a tocar piano aos 6 anos e já compor aos 8, tudo começou mesmo em 2017, nos bastidores do Rock in Rio. Giulia, de 24 anos, foi com uma amiga no camarim da banda Maroon 5 para tirar uma foto e acabou cantando “She Will Be Loved” com os integrantes do grupo. Após receber elogios do guitarrista Mickey Madden, ela conta que resolveu acreditar que “algo grande” lhe esperava na música. E assim nasceu uma das mais promissoras carreiras do pop brasileiro nos últimos anos e um fenômeno do streaming: Giulia Be. Agora, prestes a alçar novos voos e de mudança para os EUA, a artista mudou — inclusive o nome artístico, agora é apenas Giulia.
Com mais de 1,5 bilhão de streams nas plataformas de áudio, cinco milhões de seguidores, duas indicações ao Grammy Latino (2021 e 2023) e milhões de fãs pelo Brasil, até mesmo quem não conhece Giulia certamente já a ouviu cantar. Afinal, quem não escutou os hits “Menina solta” ou “Too bad” por aí? O sucesso não passou despercebido e, agora, a artista brasileira vai trabalhar em seus próximos lançamentos em Los Angeles, em parceria com a Roc Nation, empresa administrada por Jay Z que gerencia nomes como os das cantoras Rihanna e Alicia Keys. “Foi meu empresário, Jay Brown, que sugeriu tirar o ‘Be’, porque meu nome é diferente o suficiente nos Estados Unidos”, em editorial publicado no jornal O Globo.
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A nova fase é a realização de um sonho de infância, mas que foi travado pelo medo dos julgamentos. “A música sempre foi minha maneira de me entender como ser humano. Mas não tenho como não culpar a Hannah Montana por esse amor”, brinca, sobre a personagem interpretada por Miley Cyrus no seriado da Disney Channel, um hit da geração Z.
“Estava sofrendo bullying de pessoas próximas, amigos e parentes que tiravam sarro de mim porque eu queria ser cantora. Há um enorme barulho interno entre ter um sonho e realizá-lo”, diz ela, que, além das sessões de terapia para domar a ansiedade, faz meditação e thetahealing, técnica que auxilia no autoconhecimento, conta. “Consegui melhorar o diálogo com a família e com quem realmente era importante. Também fiquei mais consciente das mentiras que contava para mim mesma e das minhas autossabotagens.”
A boa notícia é que nenhuma tentativa de boicote foi suficiente para impedir Giulia. Além da música, ela estreou como atriz, em 2023, em “Depois do universo”, da Netflix, e passou a integrar o elenco de uma produção internacional da Amazon, inspirada na série americana “Charlie Bone”, ainda sem previsão de lançamento.

Giulia Bourguignon Marinho é filha caçula dos empresários Adriana Bourguignon, que gerencia a carreira da filha no Brasil, e Paulo Marinho, filiado ao Republicanos e primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro no Congresso. A trajetória política do pai foi mais um desafio para a jovem.
“Não é que me afete, mas é algo do qual não consigo fugir. É a minha família. Não é fácil viver nesse turbilhão, mas aprendi que o melhor jeito de lidar com tudo é aceitar. Política é um assunto importante, e precisamos fomentar ainda mais discussões”, afirma a moça que, em breve, pode ganhar outro sobrenome importante da política: Kennedy.
Faz dois anos que Giulia namora, praticamente à distância, o advogado Conor Kennedy, de 29 anos. Nos EUA, ela irá morar com ele, que é sobrinho neto de John F. Kennedy, emblemático ex-presidente norte-americano, assassinado em novembro de 1963. O romance começou com trocas de mensagens pelas redes sociais. “Por meses e sem nos conhecermos pessoalmente, mandávamos cartas de amor pelo WhatsApp, umas cem mensagens falando sobre tudo que estávamos sentindo”, contou a artista ao O Globo. “Independentemente da distância, tentamos fazer com que nossa aproximação emocional esteja em dia. Às vezes, ligamos um para o outro, colocamos no mudo e assistimos ao mesmo filme só para compartilhar o tempo juntos.”
Conor, que namorou a cantora Taylor Swift em 2012, não mede palavras para se declarar à namorada brasileira. “Giulia é a melhor coisa da minha vida. Trocamos mensagens de texto bobas o dia inteiro, conversamos quase todas as noites e planejamos viagens para nos vermos. Ninguém me faz rir como ela e ninguém me ensinou mais sobre amor e compaixão. Sou um cara de sorte”, diz.
Outra provação que o casal precisou enfrentar foi o alistamento voluntário de Conor para lutar na guerra da Ucrânia contras as ofensivas da Rússia, que invadiu o país vizinho. O advogado passou três meses no front do conflito armado, que teve início em fevereiro de 2022 e que ainda segue em curso. “A princípio, ele não me falou o que ia fazer. Disse que estava indo embora por um tempo, que ia fazer algo, mas que eu tinha que confiar, que era um chamado. Quando uma pessoa fala isso, não tem como ir contra”, comenta Giulia. “É angustiante não saber se a pessoa está viva. Ficávamos muito tempo sem falar um com o outro porque ele estava em lugares perigosos. Mas Deus protegeu. Foi uma experiência que mudou nossa vida. Meu namorado é um ‘homão da porra’.”
Música em novela portuguesa
Além do contrato com a Roc Nation, Giulia está na trilha sonora da novela portuguesa “Cacau” com duas músicas: a canção de abertura da história e a trilha sonora da protagonista da telenovela que estreou na TVI na última semana. A artista brasileira interpreta ao lado do cantor português Syro a faixa “Flor de Cacau”, uma composição dos dois cantores criada especialmente para a abertura da novela. A música será lançada nas plataformas digitais nos próximos dias. Giulia também é a responsável pela trilha sonora da protagonista da novela, a música “Perfeita” vai embalar a história de Cacau, interpretada pela atriz Matilde Reymão.