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"Bloco do Bôbo" preserva tradições do bairro Bom Parto, em Maceió

Folia de rua em bairro periférico de Maceió expõe face mais original e popular do carnaval e é cercada por histórias

Foi na Rua Sol Nascente, no bairro Bom Parto, em Maceió, que o carnaval expôs sua face mais original: a de festa popular. Na semana passada, moradores brincaram o Sábado de Zé Pereira ocupando as ruas, reivindicando o direito ao riso e à festa, no Bloco do Bôbo — iniciativa heróica do Instituto Quintal Cultural, que há 22 anos promove a folia na região periférica.

O dia do cortejo carnavalesco muda a paisagem. Desfilam pelas ruas as figuras coloridas, cativando crianças, jovens, adultos e idosos. Histórias de festas são contadas e acabam falando de identidade e pertencimento.

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O evento, que reuniu moradores dos bairros Bom Parto e Vila Brejal, contou com oficinas de bobo, de boi de carnaval e máscaras criativas. Além disso, a batucada foi garantida pelo grupo Afrodendê e por batuqueiros convidados. A Orquestra Frevarte também guiou o bloco, que finalizou o sábado com apresentações artísticas e a premiação da melhor fantasia.


			
				"Bloco do Bôbo" preserva tradições do bairro Bom Parto, em Maceió
Festa reúne crianças, jovens, adultos e idosos, que compartilham saberes e brincadeiras. Jadir_Pereira

Antônio Severino de Oliveira, um dos fundadores do Bloco do Bôbo, conta que os últimos dois anos sem brincar o carnaval pareceram uma eternidade. Voltar à festança, diz, é se ver menino de novo, brincando nas ruas do Bom Parto.

“Foram cerca de dois anos de pandemia que pareceram ser milhões de anos, e isso deixou a todos nós transtornados por não poder levar o amor, a paz e a alegria para o povo. É um prazer muito grande poder estar de volta com o Bôbo nas ruas, animação essa que nasceu comigo, Rogério Dyaz e outras pessoas, ainda em nossa juventude”, relata o agitador cultural.

Quem vive naquele bairro, muitas vezes esquecido pelos demais maceioenses, sabe que Antônio tem uma longa trajetória na região. Fundador do Instituto Quintal Cultural, que promove ações sociais para as comunidades periféricas, ele é neto da “Madrinha”, benzedeira mais velha do Bom Parto. É, ainda, sobrinho das mestras Firmina Mercê de Jesus e Antônia do Espírito Santo, patrimônios do Quilombo Lunga, organizadoras da bicentenária Festa do Meado de Agosto. Foi essa convivência que o motivou a criar o bloco.


			
				"Bloco do Bôbo" preserva tradições do bairro Bom Parto, em Maceió
Antônio Severino, criador do bloco, conta como a figura do Bobo marcou gerações de moradores do Bom Parto. Jadir_Pereira

Antônio Severino é também poeta, de poesias muito particulares e belas, compositor de músicas profundas e igualmente originais. Além de ator, é guardião de uma série de conhecimentos quilombolas, de farinha de amendoim batida no pilão à remédios caseiros, sem contar as histórias tradicionais. Faz tudo isso, diz, reverenciando sua ancestralidade.

“O bobo é uma tradição. Eu idealizei fazer o bobo baseado no meu dia a dia ao lado de familiares, no Quilombo Lunga, com minhas tias e avó, utilizando de retalhos de pano, linhas e outras coisas para fazer arte. Então eu fico muito feliz em poder repassar esse aprendizado ancestral através das cores, dos significados e do sentimento de alegria”, relata.

“O Bôbo é uma coisa muito marcante para gente, quando víamos um, aquele monstro ‘gigantão’, amarrado com uma corda e segurado por outro personagem, que o tempo todo ameaçava não conseguir segurar, mexeu muito com o imaginário da nossa geração”, recorda Antônio.

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“Na brincadeira, a gente juntava a criançada que nos acompanhava, com uma parte do dinheiro que era arrecadado comprávamos pão, refrigerante e salame; e lanchamos lá mesmo, na calçada da padaria. A outra parte do apurado comprávamos cachaça e refrigerante para os adultos”, continua.

“As latas batendo, os meninos correndo que nem doido com medo daquele bicho danado, que pulava no ritmo de uma batucada e uma música muito peculiar, ‘Bôbo quer dinheiro, quem não dá é pechincheiro’. Quando davam dinheiro, o monstro dançava alegre, mas quando negavam ele ficava furioso e a batucada era mais forte pra levantar o coro de ‘pechincheiro, pechincheiro!’ Era muito divertido quando negavam, a turma aproveitava pra tirar uma onda com os comerciantes ‘mão de vaca’”, completa Antônio.

O Bloco do Bobo também expõe a criatividade periférica, com marchinhas autorais embalando a folia popular. As marchinhas são compostas por Antônio e Rogério Dyaz, com arranjos de Marvin Silva. No sábado passado, inclusive, o trio lançou a canção “Carnaval da Rua Sol Nascente”, fruto de oficinas de musicalização e carnaval com crianças e jovens da comunidade. A música está disponível no canal TV Beira da Lagoa, no YouTube. “Carnaval chegou, Carnaval chegou! Na Rua Sol Nascente só vai ser paz e amor”, diz trecho da marchinha.

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