Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CULTURA

A voz da periferia: protesto e transformação social ganham sonoridade em Alagoas

Músicos e militantes contam como é fazer e tornar o Hip Hop conhecido no Estado

Discurso rítmico com rimas e poesias. A voz da periferia. Ou melhor, Rap. O gênero musical que surgiu no final do século XX entre as comunidades afrodescendentes nos Estados Unidos, ganha força e se reinventa rompendo barreiras no Brasil. Em Alagoas é cada vez mais frequente encontrar artistas que compõem e cantam rap, além de produtores culturais do gênero.

Presença constante na cena do Rap no Estado, militante do Coletivo Cia Hip Hop, Geysson Santos conta que o Rap, em Alagoas, sempre foi marcado por fases.

Leia também

"Há momentos que existe uma aproximação muito maior da juventude. Hoje, nós vemos o Rap em ascensão e se colocando como um dos principais estilos não só das periferias. Acredito que há uma aproximação de diferentes juventudes com o rap, isso faz com que ele seja um estilo que consiga ir além das periferias, ocupando as diferentes partes da cidade. Isso é positivo porque desperta uma expectativa para além do que as ruas oferecem pra quem é da periferia", diz Geysson Santos.

Conforme relata Geysson, o Rap vive um momento muito especial. "Apesar de atingir diferentes juventudes, para a juventude da periferia ele ainda representa um instrumento de resgate de identidade negra e um reconhecimento do nosso lugar".

VOZ QUE ECOA DO JACINTINHO

Outro alagoano que levanta a bandeira do Rap, em Maceió, é Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como Boby CH. Com 12 anos de trajetória musical, sendo 2 anos na cena alternativa e dez no HipHop, Boby conta que começou no hardcore.

"Minha primeira banda foi de hardcore, depois fui pra uma de pop rock gospel e logo em seguida iniciei sendo parte do Grupo Nobre Guerreiro. Depois de todas essas conexões, resolvi criar meu projeto solo", diz Boby CH.

Morador do Jacintinho, Boby, que é uma das vozes da periferia, fala como ocupa os espaços e alcança as pessoas.

"Carrego e enalteço minhas origens, de onde venho. Acredito que sou parte disso e podemos dizer que sou uma das vozes porque temos outros militantes do vocal no mesmo e em outros bairros, mas sou parte das vozes do Jacintinho, sendo específico. Ocupando, conhecendo, trocando informação. Somos uma resistência cultural. É bem louco isso, lembro que fui motivo de chacota e rotulado como tendência na época e quando bati o pé e falei: 'eu vou seguir. Esse é meu caminho'; as conexões foram chegando e aí fui ocupando junto com uma galera, que sempre foi presente comigo. Então é uma conquista coletiva", afirma Boby CH.

A música, de acordo com Boby, é o meio de enaltecer a fé e o amor.  "Acredito nessas chaves. Então minha filosofia e base vem através desses sentimentos. E o mais importante, nos deixa cheios de perseverança".

Apesar da cena ser crescente, o músico e o militante afirmam que há uma certa dificuldade para fazer Hip Hop em Alagoas. Para Geysson, as dificuldades do hip hop é parecida com o de alguns anos atrás.

"Lamentavelmente, o hip hop não é reconhecido como um instrumento de salvação dentro da periferias, logo, é marginalizado e com pouco apoio público. Dentro das comunidades, nós conseguimos desmistificar algumas coisas relacionadas ao movimento, através do nosso trabalho diário, entretanto, nossa relação com o poder público ainda é dificultosa, o que nos atrapalha diretamente de fazermos atividades de forma mais ativa e frequente", lamenta Geysson Santos.

Imagem ilustrativa da imagem A voz da periferia: protesto e transformação social ganham sonoridade em Alagoas
| Foto: FOTO: Divulgação

Boby CH avalia que uma das dificuldades no processo é a desvalorização dos músicos locais.  "O hip hop evoluiu bastante, mas vejo muitas vezes a galera a mercê de "produtores" que trazem atração de fora. Diante disso, automaticamente desvalorizam os locais porque eles convidam a galera dando condições mínimas que para os artistas de fora chegar aqui eles colocam no trono e esquece que esses caras estão de passagem e nós ficamos aqui", afirma.

Boby chega a dizer que, em muitas situações, a cena é frustrante. "Sendo bem sincero é frustrante porque, às vezes, falta agenda e os espaços são poucos. Se uma galera (coletivos) não se mobiliza a gente não tem rolê ou se nós mesmo não fazemos, não temos rolê. Sou declaradamente indignado com as panelas e não escondo isso de ninguém. As entidades culturais do Estado não dão espaço e quando oferece espaço, quer colocar a galera em péssimas condições, falo porque ouço muito de parceiros que estão engajados e procuram ocupar esses espaços. Falta mais transparência e estrutura", comenta.

MÚSICOS LANÇAM PROPOSTAS PARA O HIP HOP

Mesmo diante das dificuldades, Geysson Santos e Boby CH apresentam propostas e eventos para fortalecer a cena e a voz da periferia.

"Esse ano já lancei meu último Ep, onde fiz parcerias com pessoas incríveis. Recentemente fiz uma releitura do meu primeiro Single 'No Gueto É Sem Massagem', saiu com material audiovisual, também lancei um verso livre, ainda deve sair alguns projetos em parcerias que estou devendo e outros já estão saindo em breve. Toco neste sábado, 18 de maio, no Rex, no Baile Terremoto. Até então só tem essa data, aproveitando esse momento da pergunta não prometo lançamentos até o fim do ano, mas me dedicarei ao máximo pra conseguir porque como falei, temos dificuldades e falta recursos, mas também terei um compromisso e um novo propósito, a realização de um sonho que Deus enviou pra minha vida que é ser pai", conta Boby, acrescentando que, devido a paternidade, dará um tempo na carreira.

Já Geysson, e o Coletivo Cia Hip Hop, estão focados no dia das crianças. "Há alguns anos organizamos uma festa de dia das crianças no Village Campestre, onde mobilizamos as famílias da comunidade para um dia de interação na rua. Achamos que é fundamental levar para a periferia, aquilo que o Estado nos nega. Então a proposta desse ano, é de democratização do conhecimento, daí estamos recebendo doação de livros para serem doados/lidos/discutidos em outubro, com o conjunto da comunidade. Além disso, estamos começando a pensar nos primeiros passos da VI Marcha da Periferia, que iniciamos aqui em Alagoas em conjunto com diversos movimentos culturais e de periferia, para pautar nossas políticas num contexto em que somos secundarizados no debate político e com sérios riscos de perder direitos já conquistados. Entendemos que a conjuntura pede um hip hop engajado, então, esse ano estamos voltando nossas atividades para tal", conclui.

O movimento do Rap e do Hip Hop não é só feito por homens, mas por um grande movimento. Inclusive, de mulheres. No próximo fim de semana, a reportagem daGazetawebtraz uma exclusiva com mulheres que também fazem a voz da periferia.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas