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Sem vontade de transar? Conheça as causas da falta de libido

Psicológicos, sociais, biológicos: as razões são várias. Vem descobrir por que você anda sem tesão

Você, suas parentes ou amigas provavelmente já passaram por isso. Em algum momento da vida, faltou tesão para continuar uma transa, ou, então, ela nem começou. Se masturbar, então, foi perdendo a graça aos poucos. E foi aí que você entendeu: era a libido lentamente dando "tchau".

Pois é, ainda que não seja tão visível assim, mulheres também broxam. Não temos uma ereção (ou falta dela) que denunciem o tesão ou a falta dele. Agora, o que causa a falta de vontade e por que, em algumas fases, preferimos ver um filme e dormir a uma boa noite de sexo é o que vamos tentar descobrir aqui.

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Pílula anticoncepcional 

Eis um clássico, amiga. Você faz uma pausa no uso da pílula anticoncepcional e, de repente, a mágica acontece: o desejo que nem lembrávamos ser possível sentir volta com tudo. Isso acontece porque, graças à pílula, a mulher deixa de ovular e de entrar no período fértil.

A gente explica: o estrogênio existente na maioria das pílulas, injeções, adesivos e anéis intravaginais causa o aumento de uma proteína conhecida como SHBG, ou globulina ativadora de hormônios sexuais. Essa proteína liga-se à testosterona (responsável por boa parte da nossa libido), "roubando" o hormônio da nossa circulação sanguínea. Um estudo de 2006 publicado no Journal of Sexual Medicine, site holandês voltado para pesquisas científicas sobre sexo, apontou que mulheres adeptas dos anticoncepcionais hormonais têm, em média, quatro vezes mais SHBG do que as que não fazem uso de pílulas estrogênicas e afins.

Isso explicaria boa parte da queda da libido que ocorre com essas pacientes. Além da supressão da testosterona, a pílula também pode diminuir a vontade de transar devido aos seus efeitos colaterais, como dores de cabeça, retenção de líquidos, inchaço e alterações de humor. É bom ficar de olho. Se for seu caso, converse com seu médico.

Depressão

A depressão é uma grande inimiga da libido. Segundo Projeto de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (ProSex), 40% das mulheres que queixam de falta de libido foram diagnosticadas com depressão. Grave, a doença é caracterizada por tristeza, desânimo, fadiga, falta de motivação e perspectiva. Como se não fossem suficientes para diminuir o desejo sexual de qualquer um, a depressão está relacionada com uma diminuição dos níveis de dopamina no cérebro, um hormônio importante para a libido.

Há também um paradoxo no tratamento químico da depressão: os antidepressivos, em sua maioria, têm como efeito colateral a queda do apetite sexual. Nesse caso, vale conversar com o psiquiatra sobre a duração do tratamento e sobre como administrar essa questão.

Puerpério e amamentação

Você não vê a hora de não ter mais aquele barrigão e transar em posições mais confortáveis. Quando o bebê nasce, vem o alívio: além de não carregar mais todo aquele peso, é hora de recuperar a mobilidade e a vida sexual de antes. Mas o tesão nem sempre volta com tudo.

Às vezes, o que chega atropelando é o famoso baby blues, uma melancolia presente nos primeiros meses de pós-parto de muitas mães. Na maioria dos casos, porém, o que ocorre é mais simples: a prolactina, hormônio que faz o organismo produzir leite, diminui a quantidade dos hormônios sexuais. A curiosidade é que isso pode ocorrer também em homens, em casos isolados.

Quando transar dói 

Pouco se fala sobre a dispareunia, dor ou ardência durante o sexo que pode atingir a vulva, o canal vaginal e até o útero. São diversos os motivos que podem causar essa dor: problemas comuns como cistite e candidíase, ansiedade, endometriose ou até um tumor. Além de ser um alerta para possíveis doenças, a dispareunia persistente causa queda na libido e sentimento de culpa. Por isso, a dor ao ser penetrada não deve ser negligenciada e precisa ser acompanhada por um ginecologista.

Mas a dor ao ser penetrada pode ser também vaginismo, contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico que "fecha" o canal vaginal, não permitindo a penetração. Em alguns casos, a mulher não consegue introduzir nem mesmo um absorvente interno ou um coletor menstrual.

Questões socioculturais: para as mulheres, o buraco é mais embaixo

Uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo por meio do Cresex (Centro de Referência e Especialização em Sexologia) do Hospital Pérola Byington, referência em saúde da mulher, revela que 48,5% das mulheres que procuram ajuda médica por conta de disfunções sexuais sofrem de falta ou diminuição do desejo sexual, dor durante as relações sexuais ou dificuldade para atingir o orgasmo.

A pesquisa com 455 mulheres também mostrou que apenas 13% dos casos têm origem orgânica.

A psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo afirma que as preocupações são alguns dos fatores que diminuem o vigor sexual.  "A principal preocupação dos homens, durante o sexo, é atingir uma ereção satisfatória. Já, para as mulheres, o que causa ansiedade é a possibilidade de contrair  DSTs", explica. É natural que as mulheres sofram com alguma diminuição da libido, já que vivemos numa sociedade pouco afeita à sexualidade feminina.

Se desde crianças as mulheres são reprimidas sexualmente, cobradas para corresponderem a determinados padrões estéticos comportamentais e alvos de tabus sexuais, é até esperado que a libido seja uma questão para mulheres. A solução pode estar em conversar com outras mulheres, fazer terapia e buscar autoconhecimento.

Casos reais

Com pílula

A paranaense Deisy Santana passou um tempo creditando sua falta de entusiasmo com o sexo à rotina de seu relacionamento. "Namorei por oito anos e nos víamos durante os fins de semana. Quando casei e perdemos aquela saudade de quem passou a semana inteira longe, comecei a notar minha falta de libido. Eu não entendia o motivo. Achava meu marido lindo, era gostoso transar com ele e mesmo assim eu não sentia a menor vontade. Estava a ponto de buscar terapia", desabafa.

Um dia, Deisy se esqueceu de comprar anticoncepcional, deixou para o dia seguinte e novamente se esqueceu. Nessa distração toda, passou alguns dias sem tomar a pílula, até notar uma libido que não sentia, segundo ela, havia anos. "Decidi nunca mais usar a pílula. Conversei com meu marido e optamos por usar preservativo e, mais tarde, conheci o método billings, que utilizo há 5 anos", conta Deisy, que fez uso do método, baseado na análise do muco cervical a fim de saber se está no período fértil ou não, também para engravidar.

Vaginismo

Esse já foi o caso da tradutora Marina Ribeiro*, que até os 28 anos de idade nunca havia realizado o exame Papanicolau com o espéculo, como geralmente é feito. "O médico introduzia em mim uma espécie de cotonete, e com ele colhia meu muco cervical, numa espécie de improviso. Eu não era a única paciente com dificuldades em realizar o exame, considerado invasivo até por algumas pacientes que não têm vaginismo", relembra.

Marina relata que o vaginismo, além de tirar boa parte do seu tesão, também causava ansiedade e culpa. "Os ginecologistas não sabiam dizer o que eu tinha. Um deles chegou a dizer que meu problema era que eu ainda não havia encontrado o meu príncipe. Saí da consulta chorando. Eu não queria encontrar um príncipe, eu queria conseguir ser penetrada e sentir prazer, ainda que com um vibrador". As soluções, no caso de Marina, foram encontradas aos poucos, por muita busca e pesquisa. "Eu lia muito. Um dia descobri que meu problema tinha nome e que muitas mulheres sofriam disso. Minha psicanalista começou a ler artigos sobre vaginismo a fim de me ajudar e descobri que existe um profissional da saúde que cuida dessa condição: o fisioterapeuta urinoginecológico."

O final feliz aconteceu quando Marina parou de se culpar. "O vaginismo cortava o meu tesão pela penetração, mas era a culpa que cortava toda a libido. Quando me livrei dela, comecei a aproveitar melhor outras formas de sentir prazer, como a masturbação e o sexo oral. Eventualmente, consegui ser penetrada sem dor e com prazer".

Após dar à luz

A gestora cultural Fernanda Oliveira viveu a falta de libido puerperal em 2014, aos 27 anos, quando fez a transição de gestante para lactante: "Foram longos meses sem tesão algum. Toda energia ficou voltada para o bebê. Já tinha lido que isso podia acontecer, mas a vivência desse período me assustou. Cheguei a pensar que não havia retorno", revela.

Superado o medo de nunca mais ter vontade de fazer sexo, Fernanda conta que conseguiu curtir o período da amamentação tranquilamente. "Eu e meu parceiro estávamos voltados aos cuidados com o bebê. Encontramos prazer de outras formas, como na convivência, nas conversas, no carinho cotidiano. Foi importante entender que se tratava de algo passageiro e ter paciência. Quando a menstruação voltou, após 17 meses, é que a libido começou a dar sinal de vida", relata.

Quando o câncer levou a libido embora

Luisa Marques* tem 37 anos, uma filha de oito e está em remissão de um câncer de mama agressivo diagnosticado "no susto" em agosto de 2015. Naquela época, a designer já passava por uma sutil diminuição na libido causada pelo DIU hormonal, mas nada muito grave. O DIU parecia trazer uma calmaria à Luisa, que se sentia numa "linha reta hormonal", já que não ovulava mais. Uma queda maior na libido ocorreu quando Luisa começou a fazer quimioterapia. "Durante o tratamento, que tem por meta matar células, sejam elas das que crescem desenfreadamente ou das que já estavam aqui comigo, tudo diminuiu. Pêlos, fome, força, desejo? Porque  tudo que se quer e faz por nesse momento é sobreviver. Cada célula, cada neurônio e cada parte do espírito humano só se concentra nisso: não morrer!

A segunda fase do tratamento foi uma mastectomia. Por sorte, isso não afetou tanto Luisa. "Agora tenho uma mama e uma coisa estranha no meu corpo do outro lado, algo que nunca mais será um peito, sem mamilo, sem o mesmo volume de antes. Nesse seio, agora possuo um balão que vai sendo expandido ao longo do tempo a fim de emular o volume do que antes havia, algo que em teoria me devolveria a auto-estima, que aliás, nunca perdi, mesmo porque nunca quis ser ?enformada? exatamente como a sociedade pede", conta, tranquila. Superada a mastectomia, Luisa agora toma bloqueadores hormonais, tratamento que terá continuidade por cinco anos, com o objetivo de prevenir que o câncer retorne. Os efeitos colaterais são os mesmos da menopausa: "falta de apetite sexual, secura vaginal, calorões, kit completinho!", brinca. Mas, apesar do bom humor, Luísa também se chateia: "Isso não é discutido em consultório, e nem muito explicado. Como a maioria dos procedimentos, depende da curiosidade do paciente querer saber de tudo, como eu de fato quero".

O que falta é transparência médica, de acordo com a sobrevivente. Mas qual é o saldo de tudo? Tesão é tão importante assim? Ela responde: "Entre desejo e satisfação sexual ou sobreviver, a segunda acaba ganhando disparado na balança. Só falta combinar direitinho com o resto do mundo?", conclui.

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