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Domesticação de cães é muito mais antiga que a de qualquer outra espécie

Informação foi obtida a partir da análise do DNA de 25 cachorros que morreram milhares de anos atrás em diferentes regiões do Velho Mundo

Há cerca de 11 mil anos, quando a humanidade ainda estava apenas começando a dominar as artes da agricultura e da construção de vilarejos, os cães já tinham se dividido em pelo menos cinco grandes linhagens diferentes mundo afora, o que reforça a ideia de que a domesticação dos bichos é muito mais antiga que a de qualquer outra espécie.

Tais dados foram obtidos a partir da análise do DNA de 25 cachorros que morreram milhares de anos atrás em diferentes regiões do Velho Mundo. É a primeira vez que tantos genomas de cães do passado remoto são analisados ao mesmo tempo, dizem os pesquisadores liderados por Anders Bergström, do Instituto Francis Crick (Reino Unido).

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Em artigo na edição desta semana da revista especializada Science, Bergström e seus colegas propõem ainda que os animais foram domesticados apenas uma vez (ao contrário de outras espécies, como os porcos, que se aclimataram ao contato com seres humanos ao menos duas vezes, no Oriente Próximo e na China) e que existe um curioso paralelo entre a história populacional humana e a canina, ainda que às vezes essas trajetórias divirjam.

Na amostragem reunida pelos cientistas, o bicho mais antigo vem da Carélia (região na fronteira entre a Finlândia e a Rússia) e tem 10,9 mil anos de idade. Há ainda uma série de cachorros antigos da Europa Ocidental (Irlanda, Alemanha, Espanha, Itália e Suécia) com idades entre 7.000 e 3.100 anos, animais do Oriente Médio e da Europa Oriental com idades similares ou um pouco mais recentes e ainda animais das estepes da Ásia e da Sibéria (os siberianos são os mais recentes, tendo vivido apenas cem anos atrás).

Os genomas antigos foram comparados aos dos cães atuais e peneirados por meio de uma série de técnicas estatísticas com o objetivo de reconstruir a trajetória populacional do Canis lupus familiaris. Foi essa análise que levou à conclusão de que, 11 mil anos antes do presente, ao menos cinco subgrupos estavam bem estabelecidos: os do Levante (Oriente Médio), da Carélia, da Ásia Central (região do lago Baikal), das Américas (trazido pelos primeiros indígenas) e da Nova Guiné.

Nessa época, quase todos os habitantes da Terra ainda eram caçadores-coletores, e tudo indica que a domesticação original dos companheiros caninos teria se dado bem antes, em pleno Paleolítico (popularmente, a "Idade da Pedra Lascada"), há 20 mil anos ou mais.

Não há dúvidas de que esses primeiros cães domésticos descendiam de certos grupos de lobos. É possível que eles visitassem as áreas de descarte de carcaças de animais em torno dos acampamentos humanos e tenham ficado progressivamente mais mansos pelo contato com nossos ancestrais.

Desde então, o cruzamento entre cães domésticos e lobos continua sendo possível, mas a pesquisa publicada na Science sugere que praticamente não houve incorporação de novos lobos selvagens ao plantel de bichos domesticados depois do Paleolítico.

Essa inferência é possível porque, enquanto os lobos europeus são geneticamente mais próximos dos cães europeus do que de outros cães, os lobos asiáticos estão mais próximos dos cachorros da Ásia e assim por diante, não existe um subgrupo específico de cães que esteja geneticamente mais próximo de todos os lobos. Para os pesquisadores, isso significa que o "fluxo gênico" acontecia numa via de mão única: sempre era DNA de cão sendo incorporado em populações de lobos, e não o contrário - talvez porque os filhotes de cruzamentos nascidos entre os humanos eram ferozes demais ou tinham outras características indesejadas. É o que sugerem Pavlos Pavlidis, da Fundação de Pesquisa e Tecnologia da Grécia, e Mehmet Somel, da Universidade Técnica do Oriente Médio, na Turquia, os quais comentaram o novo estudo a pedido da Science.

A estrutura genética das populações de cachorros espelha, em certa medida, as humanas. Na Europa, por exemplo, o DNA dos habitantes humanos recebeu contribuições importantes dos primeiros caçadores-coletores a viver no continente e de agricultores primitivos vindos do Oriente Próximo que foram para lá, e o mesmo vale para os cães. O grupo também mostrou o aumento paralelo da presença de genes que ajudam a digerir amido (mais necessários depois da agricultura, que produz plantas ricas nesse recurso) tanto em cachorros quanto em pessoas com o passar dos milênios.

E quanto às raças de cães atuais? Nas que surgiram no continente americano, houve uma substituição quase total dos genes das raças criadas pelos indígenas, com algumas exceções, como os chihuahuas, que ainda têm um pouco do DNA dos cachorros originais das Américas.

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