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HOME > notícias > JULIE ALVES

'Sou uma sobrevivente', Nany People é a nossa entrevistada de domingo

Conheça a trajetória dessa mineira

Nany nunca teve medo de desafios, desde criança sabia o que queria. Se formou em um curso técnico,  mas trabalhar com a arte sempre foi sua vocação.
Começou sua trajetória em Minas, sua terra natal. Mas foi em São Paulo que ela alcançou o estrelato.
Nany People trabalhou como repórter da saudosa Hebe Camargo, Amaury Jr e  Xuxa. Mostrou toda sua personalidade em "A Fazenda 3", arrancou boas risadas em papéis cômicos no Multishow e na "A Praça é Nossa" e prestes a completar 26 anos de trabalhos na televisão brasileira, ela bate um papo  com a nossa coluna neste domingo!  

Como foi sua infância em Poços de Caldas - Minas Gerais?

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Nasci em Machado, fui criada em Serrania e com 8 anos fui morar em Poços de Caldas. Com todos os problemas familiares e de bebida do meu pai eu só tenho lembranças lindas da minha infância! Cidade do interior, brincadeiras na rua, descobri o teatro, participei do Chacrinha, eu me formatei pra vida em Poços, tenho amigos até hoje no grupo de 8° série e nos falamos diariamente.

Sofreu  nesse período devido ter nascido do sexo masculino? Digo por parte de sua família?

Sempre tive problemas, eu não me encaixava naquele formatação do perfil de um menino tradicional. O bullying existia e sempre existirá, mas no meu tempo se chamava "a gente resolve lá fora", eu enfrentava, mexeu comigo tinha briga depois da aula! Mas em relação a família eu tive uma mãe a frente do tempo, que sempre me blindou, me moldou e me encorajou. Desde criança ela me falava "você pode ser o que você quiser, você não será privada do mundo", e cada vez mais eu reconheço a sorte de ter tido essa mãe que me empoderou pra vida e não deixou que eu tivesse vergonha de mim mesma, independente da situação. Graças a isso eu consegui me libertar pra vida e me formatei culturalmente! O grande problema de muitas trans é que elas são expulsas de casa e não conseguem terminar o curso primário ou ginasial.

Você cursou técnico em química. Chegou a exercer?

Cheguei a cursar o técnico em química sim, na minha época ou você fazia contabilidade e ADM, eletrônica ou química, estava na moda! Hoje eu acho um erro, eu nunca exerci a minha função de Técnica de Laboratório Químico Industrial, fui trabalhar em um escritório, deveria ter feito administração e contabilidade(risos).

Como a arte, o humor tudo isso chegou em sua vida?

Eu costumo dizer que a arte chegou na minha vida por predestinação, é um presente que ganhei de nascença. Com 3 anos de idade eu já queria fugir com o circo em Serrania (risos). Na escola eu sempre estava no meio das atividades artísticas, mas o boom veio quando fui para Poços de Caldas, estudei em um colégio que de certa forma me incentivou, eu cantei no Chacrinha duas vezes, na primeira eu tinha 8 anos, na segunda eu ganhei uma bolsa para estudar canto em um conservatório musical e não parei mais. Cantei em casamentos, fiz um curso de teatro e assumi esse compromisso com essa profissão que é de fé! Com 20 anos a cidade ficou pequena para meu trabalho e,  como sempre tive o sonho de vir cantar em São Paulo na televisão, me mudei para fazer a parte acadêmica da minha formação. Cursei a escola Macunaíma, fiz uma extensão universitária de interpretação na UNICAMP e trabalhei por 10 anos no teatro Paiol da família Goulart e Bruno, onde foi a minha grande estufa profissional.

Quando decidiu que São Paulo seria sua base para realizar sonhos?

Desde os 4 anos eu queria vir para São Paulo para cantar na televisão, eu lembro quando meu avô estava falecendo e uns primos da minha mãe de São Paulo foram visitá-lo, eu fiz um escândalo querendo voltar com eles. Irá fazer 36 anos que moro aqui, me tornei cidadã paulistana! Nessa cidade ganhei meu nome, achei um rumo, um sentindo pra vida, São Paulo estava no meu mapa, era meu fechamento (risos).

E foi nesse tempo que decidiu ser drag queem? E transexual?

Ninguém decide ser transexual, você já nasce! Eu nunca funcionei no masculino, se vestir de mulher era minha terapia desde a infância. Nas brincadeiras com meus irmãos enquanto eles eram os bandidos, os vilões, eu só brincava se eu fosse a mocinha da história. Essa questão da disfunção do meu físico ao meu intelecto já era desde muito cedo, muito predominante, muito latente.
Fiz tratamento com psiquiatra dos 10 aos 18 anos, pois a opressão para que eu tivesse comportamento de um menino tradicional, era grande!
Se tornou público com 18 anos, quando me montei belíssima para o carnaval em minha cidade e não parei mais! E com 22 anos eu descobri que era trans, porque eu não sabia que o nome para uma pessoa que não se identificava com seu gênero biológico era esse!

Como a família reagiu?

Venho de uma família tradicional de católicos praticantes, que graças a minha mãe como falei anteriormente, me aceitou me amou e me moldou pra vida! Desde criança meus irmãos mais velhos foram ensinados, educados e preparados para me aceitar e me amar. Ajudei a criar quatro sobrinhos, na educação deles sou muito presente até hoje. Tenho um ótimo relacionamento com todos, sempre fui respeitada e querida. Minha tia que faleceu com 92 anos, tinha em sua mesa de centro uma foto do papa e uma foto minha montada de Nany People! Nunca tive estranhamento dentro de casa, mesmo aos trancos e barrancos o meu pai com o tempo passou a me aceitar.

Com tudo, vieram as transformações físicas e nome. Você já tinha em mente a mulher que gostaria de ser? E Nanny People, de onde veio o nome?

Meu nome é inspirado na mineira Nâni Venâncio, que nos 80 fez a abertura da novela Pantanal, o Canto das Sereias, quando eu a vi na Playboy decidi. Ja o sobrenome " se deu por eu ser muito falante, sou do povo! A mulher que me tornei foi um processo evolutivo, eu fazia tratamento hormonal a uns três anos e aos 26 foi marcada minha operação, mas minha mãe proibiu que eu fizesse

Atriz , humorista, apresentadora, repórter, enfim uma mulher multifacetada! A estrada foi longa ou ainda está sendo longa demais?

A vida é um cassino do Chacrinha, só acaba quando termina. Estamos sempre dispostas a novos desafios e experiências. Agora por exemplo,  estou lançando o filme "Quem Vai ficar com Mário", as entrevistas são todas por zoom, tecnologia que estou aprendendo a mexer. Estamos constantemente nos reinventando e aprendendo o tempo todo. Continuamos sempre na estrada,  pois a caminhada só acaba quando termina!

E sua chegada a Globo; até a indicação ao  prêmio melhores do ano 2019 como atriz revelação em “O sétimo Guardião”. Como foi tudo isso depois de fazer diversos trabalhos em outras emissoras?

Esse ano faço 26 anos de TV Brasileira! Estreei na extinta Manchete, passei pela Band, Gazeta, SBT entre outras. Minha chegada a Globo veio para coroar toda tinha trajetória que começou no teatro. Sobre o prêmio de atriz revelação quem ganhou foi a Glamour Garcia, eu fui indicada ao prêmio pela minha personagem que chegou para ficar 3 meses mas foi até o final da trama. Para muitos foi uma ironia eu não ter ganho!

“Ser mulher não é pra qualquer um”, esse é o nome do seu livro. Seria sua trajetória de vida ou um recado para sociedade?

Não tenho essa pretensão de mandar recado para sociedade (risos), o livro não tem essa pegada! É o relato de uma sobrevivente, uma pessoa que não se deixou limitar, se etiquetar ou rotular, é a história de uma pessoa do interior que ousou acreditar no sonho! O recado ali é de que acreditar nos sonhos, é possível, é viável, é crível! 

E difícil ser mulher? Arrependida? (risos)

É maravilhoso ser mulher, não sou arrependida nada, arrependida só de quem eu não peguei, porque eu não me tornei antes (risos). Mulher tem um olhar diferente do mundo, olha por vários ângulos e o homem por um só! É como na música 'Super-Homem (A canção)'... Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara; É a porção melhor que trago em mim agora; É o que me faz viver.

E esse filme que acabou de gravar ao lado de Cacau Protásio, podemos esperar boas gargalhadas?

Vocês podem esperar muitas gargalhadas sim, mas principalmente algo que marca nesse filme é   necessário falar, é a representatividade que ele possuí. O elenco é formado por 98% de atores negros, um time de estrelas como Sandra de Sá, Lellê, Jeniffer Nascimento, Robson Nunes, Yuri Marçal entre outros.
Foi um presente contracenar com Cacau Protásio, ela tem uma luz, energia, a fé que ela têm (....) passa muita alegria para todos, quero ela pra minha vida!

Como está passando esse período de pandemia? Algum trabalho em vista?

Eu estou esse tempo todo em casa com meus filhotes, minha vida parou um ano, foi complicado financeiramente. Tive que me adaptar, estou me resguardando até hoje, não indo a festas, jantares! Estou muito triste, pois perdi uma filha do meio, eu tinha três pets que resgatei na rua, dormem comigo e na última segunda  perdi outra. A impressão que tenho é que  fui convidada para uma festa a fantasia e só eu estou fantasiada de ficar em casa,  porque os outros estão todos sem fantasias. Infelizmente tem gente que não tem consciência. Quanto aos trabalhos, dia 10 de junho lançarei nos cinemas "Quem vai ficar com Mario", um filme que fala sobre sair do armário, respeitabilidade e aceitação da família e como é importante isso.

Quem e Nanny People?
Essa metamorfose ambulante, esse caleidoscópio de sensações, de emoções e de vibração! É isso.

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