Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CIÊNCIA E SAÚDE

Vênus poderia ter sido habitável no passado?

Segundo uma pesquisa elaborada por Michael Way e Anthony del Genio, ambos norte americanos, Vênus era muito mais agradável no passado

O planeta Vênus, quase um planeta gêmeo da Terra em termos de dimensões, é a própria filial do inferno, se me permite a comparação. Ele é demasiado quente, sua temperatura é constante pelo planeta inteiro beirando os 500º Celsius.

Isso é alto o suficiente para derreter chumbo, por exemplo. A pressão atmosférica em Vênus equivale a 90 vezes a pressão atmosférica terrestre. Além disso tudo, adicione uma boa quantidade de ácido sulfúrico na atmosfera.

Leia também

Nas décadas de 1970-80, a antiga União Soviética conseguiu o feito de pousar seis sondas em sua superfície. A sonda que resistiu mais tempo foi a Venera 13, que operou por 2 horas e 7 minutos!

Mas poderia Vênus ter tido um passado, digamos, mais ameno a ponto de abrigar vida? E mais: como ele se tornou esse planeta inóspito que conhecemos hoje?

Segundo uma pesquisa elaborada por Michael Way e Anthony del Genio, ambos norte americanos, Vênus era muito mais agradável no passado. De acordo com os pesquisadores, entre 4,2 e 3 bilhões anos atrás, havia um oceano cobrindo o planeta.

Way e del Genio simularam a evolução de cinco cenários diferentes para Vênus: o primeiro com um oceano global raso, com profundidade média de 10 metros, o segundo com um oceano global com profundidade média de 310 metros e outro com água apenas no subsolo do planeta.

Os outros dois cenários admitiam as condições terrestres de topografia para Vênus, mas um cenário com oceano de 310 metros de profundidade e outro sem continentes, apenas um oceano gigantesco com 158 metros de profundidade.

Em todos os casos as condições permaneceram estáveis durante as simulações. Ou seja, a água permanecia nos oceanos ou no subsolo. Quando as simulações chegaram ao valor de 700-720 milhões de anos no passado, os pesquisadores inseriram uma atmosfera composta de nitrogênio e oxigênio com pitadas de metano e gás carbônico, ou seja, a composição da atmosfera terrestre hoje.

E o resultado permaneceu o mesmo: se tudo corresse como as simulações, hoje Vênus seria um planeta habitável, com temperatura média entre 20 e 50 graus.

Mas então, o que aconteceu?

Mais ou menos nessa marca de 700-720 milhões de anos atrás, a água deixou de existir em Vênus. Algum processo fez com que ela desaparecesse e provocasse esse imenso efeito estufa. Segundo os pesquisadores, houve uma súbita liberação de carbono na atmosfera vindo das erupções vulcânicas.

Só que, por algum motivo, o tectonismo acabou muito rápido em Vênus, a lava se solidificou rapidamente e impediu que o carbono fosse reabsorvido e voltasse para o magma.

Esse é o chamado ciclo do carbono, que produz um termostato natural que controla a temperatura na Terra. Quando tem muito carbono na atmosfera, o planeta esquenta muito, o carbono se fixa mais em animais, plantas e rochas, chove mais, e a chuva arrasta esses animais, plantas e rochas para o oceano, levando junto o carbono.

Depois de milhões de anos, esse carbono todo volta para o magma e fica preso no subsolo. Com menos carbono na atmosfera, o processo se inverte, fica mais frio, chove pouco e os vulcões acabam repondo o carbono.

No caso de Vênus, como o magma se solidificou, o carbono não voltou para o subsolo. Mas, com os vulcões ainda ativos, ele continuou sendo despejado na atmosfera. Isso provocou um efeito estufa galopante e, como efeito, a camada de nuvens foi ficando cada vez mais espessa, impedindo o calor de escapar para o espaço.

Isso explica bem como se deu o processo de aquecimento atmosférico e desaparecimento da água, mas não explica o que aconteceu com o tectonismo. É esperado que em algum momento ele se acabe mesmo, conforme o magma for esfriando. Mas esse é um processo que é diretamente relacionado ao tamanho do planeta.

Planetas grandes devem demorar mais para perder o tectonismo. Marte, que é menor que a Terra, já não tem mais. Mas Vênus tem quase o mesmo tamanho que a Terra. Se a Terra ainda tem tectonismo, Vênus também deveria ter.

A resposta para essa questão só virá com sondas que consigam pousar na superfície de Vênus e que consigam resistir por muito tempo. Essa é uma tarefa muito difícil de alcançar: não há equipamento científico que aguente e isso será o desafio para as próximas décadas.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas