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O desafio do impulso incontrolável que afeta pessoas de todas as idades

Transtorno, que consiste em arrancar cabelos e pelos do corpo, é mais comum do que se imagina; especialista faz alerta


			
				O desafio do impulso incontrolável que afeta pessoas de todas as idades
Psicóloga Melinda Torres alerta sobre os sinais da tricotilomania. Arquivo pessoal

A nomenclatura pode até não parecer familiar, mas a maioria das pessoas conhece alguém que já foi diagnosticado com tricotilomania. Trata-se de um comportamento psicológico repetitivo no qual as pessoas convivem com a compulsão de arrancar fios de cabelos e pelos em várias regiões do corpo. Provocado, muitas vezes, por situações de estresse e de ansiedade, o distúrbio sempre acaba resultando em outros problemas, como a baixa autoestima e o isolamento social. Por isso, é importante estar atento e procurar ajuda de um profissional aos primeiros sinais.

A tricotilomania pode surgir em qualquer fase da vida, sendo mais comum entre mulheres e durante a puberdade, mas podendo ocorrer em ambos os sexos e em pessoas de todas as idades. A psicóloga Melinda Torres conta que, além de provocar a perda capilar significativa, o distúrbio, que é classificado como parte dos transtornos obsessivos-compulsivos, também impacta profundamente nas relações sociais e familiares.

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“A pessoa arranca os cabelos de forma automática, sem perceber, ou de maneira consciente, para aliviar sensações ou emoções desagradáveis. Às vezes, há rituais específicos, como procurar um fio de determinado tipo [grosso, fino, grande, pequeno, por exemplo], remover o cabelo de uma determinada forma, puxar os fios entre os dentes, enrolar o cabelo nos dedos ou, ainda, morder o cabelo após arrancá-lo. Os pacientes com tricotilomania enfrentam diversas questões emocionais, como vergonha, culpa e estigma. As áreas de calvície causadas pelo comportamento compulsivo podem resultar em constrangimento social e problemas psicológicos significativos, fazendo com que muitos pacientes escondam seus sintomas, dificultando ainda mais a busca por ajuda. Além disso, o isolamento social é comum e muitos pacientes acabam evitando sair de casa, trabalhar ou estudar”, diz Melinda.

As causas da tricotilomania são multifatoriais, ou seja, envolvem uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. De acordo com Melinda, no entanto, estudos indicam que a predisposição genética, eventos estressores ou situações de alta ansiedade podem desencadear o comportamento repetitivo de arrancar os próprios cabelos. Ela explica ainda que, por ser um transtorno mental, a tricotilomania não tem cura e que o paciente pode ter recaídas ao longo da vida. No entanto, a remissão, ou seja, o controle do problema, é possível, por meio de tratamentos eficazes e individualizados, baseados nas necessidades específicas de cada paciente.

Não é apenas um hábito de arrancar cabelos, é um transtorno sério que causa uma carga emocional intensa. O diagnóstico precoce pode ajudar a evitar que ele tenha um curso crônico, que geralmente é o mais comum de ser observado, com algumas remissões e recaídas se não for tratado adequadamente”

Melinda Torres - Psicóloga

Uma estudante universitária de 24 anos, que preferiu não se identificar, sabe bem os efeitos ocasionados pela tricotilomania ao longo da vida. Diagnosticada desde os 13 anos, ela conta que começou arrancando os cabelos da cabeça, mas como era algo que chamava bastante atenção, conseguiu contornar o problema após tratamento, transferindo o foco para outras regiões do corpo: mãos e braços.

“Às vezes, quando estou muito ansiosa ou pensativa sobre alguma coisa, já levo a mão à boca para arrancar os pelinhos. Isso me deixa um pouco incomodada porque me traz muita vergonha. Mas é como se fosse uma descarga de energia”, afirma a jovem, que disse que os sintomas da tricotilomania pioraram depois que ela começou a apresentar crises de síndrome do pânico.

Ela conta que arrancar os pelos traz não só uma sensação de alívio, mas de controle sobre determinadas situações. “Com a ansiedade, é como se a pessoa tivesse perdendo o controle das coisas o tempo inteiro. Então, para a minha cabeça, quando eu arranco os pelinhos, é como se eu tivesse recuperando esse controle. É um alívio de forma imediata, momentânea”, diz.

Para tentar evitar a prática, ela relata que usa creme nas mãos porque o gosto incomoda, e também gloss nos lábios, para que a sensação pegajosa em contato com a mão faça com que ela desista de buscar os pelos com os dentes.

A estudante conta que faz psicoterapia há sete anos contínuos e que o acompanhamento psicológico tem sido de extrema importância para a melhora. “Atualmente, faço tratamento e utilizo três medicamentos combinados para controlar a ansiedade e a depressão. E isso tem me ajudado bastante a reduzir os meus sintomas. Percebo isso porque as minhas mãos não estão tão machucadas e nem manchadas como antes”, fala.

Prazer e alívio que se transformam em frustração e arrependimento


			
				O desafio do impulso incontrolável que afeta pessoas de todas as idades
Maria Eduarda perdeu parte das sobrancelhas após arrancar os pelos. Ailton Cruz

A estudante de Direito de 20 anos, Maria Eduarda de Souza Bárbara, conta que os primeiros sinais da tricotilomania começaram aos 13 anos, como uma ação natural, que fazia sem perceber. A mãe dela notou que havia algo estranho e passou a repreendê-la, sempre que via a filha, à época adolescente, mexendo nas sobrancelhas. A ajuda profissional só veio cerca de um ano depois, quando Eduarda descobriu que a prática tinha nome e que precisava de tratamento.

“Comecei arrancando os fios dos cabelos, depois arranquei os da sobrancelha, mas também já tirei os dos cílios e do nariz. Não busquei ajuda imediata porque eu nem sabia o que era, nunca tinha ouvido falar sobre tricotilomania. Acho que só um ano depois fui procurar ajuda de psicóloga e psiquiatra porque foi quando, buscando na Internet, descobri que o que eu fazia era algo que tinha nome e talvez precisasse de medicamento para ser tratado”, conta Eduarda.

Ela destaca que o gatilho que mais faz com que ela arranque os fios, de forma inconsciente, é a ansiedade. A prática acontece em qualquer momento do dia, inclusive durante a prática de atividades comuns do cotidiano, como quando está lendo um livro ou vendo um filme. De tanto arrancar os fios da sobrancelha, ela já apresentou ferimentos na região e, recentemente, recorreu à micropigmentação para disfarçar as falhas, considerando que os pelos arrancados já não nascem mais. Ela também costuma usar franja para camuflar ainda mais o problema.

Isso afeta muito a minha autoestima, porque fiquei sem mais da metade da sobrancelha e, na área onde arranquei os pelos, eles não nascem mais. Em diversas situações cotidianas já me perguntaram o que tinha acontecido com a minha sobrancelha. Recentemente, fiz micropigmentação para disfarçar”

Maria Eduarda - Estudante

A sensação, ao arrancar os pelos do corpo, segundo Eduarda, é de prazer e alívio, que logo se transformam em frustração e arrependimento. Ela ressalta que já tentou utilizar diversas técnicas para evitar a retirada dos fios, como passar óleo na região do rosto para dificultar a prática, apertar as mãos e deslizar o dedo pela sobrancelha ao perceber que está arrancando os pelos. Essas estratégias, no entanto, são apenas paliativas, pois a ajuda psicológica e psiquiátrica acaba sendo essencial para o tratamento do distúrbio.

“A dica que eu dou para quem apresenta os sinais da tricotilomania é que procure ajuda psicológica e psiquiátrica, porque sozinho é muito difícil de parar. A psicologia traz técnicas para solucionar o problema, bem como ajuda a encontrar o gatilho do porquê você arranca os pelos”, diz a estudante de Direito, que já chegou a usar medicamento para combater o transtorno.

“Eu faço acompanhamento psicológico. Não uso medicamentos hoje em dia, mas já usei em 2021. Comecei a fazer terapia há oito meses e os métodos que a psicóloga passa me ajudam e motivam a não me entregar completamente à tricotilomania, e seguir tentando combatê-la”, fala.

A psicóloga Melinda Torres ressalta que cada caso é único e que o tempo de tratamento varia de paciente para paciente, dependendo da gravidade dos sintomas e da resposta às intervenções terapêuticas, que podem durar de meses a anos. Ela lembra que ninguém está imune ao problema e cita a importância de apoiar as pessoas que convivem com esse transtorno.

“É importante entender que qualquer pessoa pode desenvolver um transtorno mental ao longo da vida; ninguém está imune a problemas. Essas pessoas merecem receber apoio e compreensão. Há caminhos possíveis para buscar ajuda especializada e tratamentos eficazes para o controle desse problema”, finaliza Melinda.

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