Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CIÊNCIA E SAÚDE

Esqueletos mostram a brutalidade do trabalho infantil no século 19

Estudo sem precedentes revela as horríveis condições das crianças trabalhadoras — algumas com apenas sete anos — na Inglaterra

"Ver as penúrias dessas crianças escritas nos seus ossos foi muito comovente."

Rebecca Gowland é professora de bioarqueologia (o estudo de restos biológicos) da Universidade de Durham, no norte da Inglaterra.

Leia também

E é uma das autoras de um estudo sem precedentes, que revela as horríveis condições das crianças trabalhadoras — algumas com apenas sete anos — na Inglaterra do século 19.

A vida de menores pobres enviados como "aprendizes paupérrimos" para as fábricas de tecidos durante a Revolução Industrial já foi documentada por historiadores.

Mas o estudo da Universidade de Durham "fornece, pela primeira vez, evidências bioarqueológicas e analisa restos ósseos dos aprendizes", declarou a professora à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Segundo Gowland, isso "permite examinar diretamente o impacto da pobreza e do trabalho nos seus corpos".

O estudo foi possibilitado pela descoberta de mais de 150 esqueletos na pequena cidade de Fewston, no condado de North Yorkshire (norte da Inglaterra).

Os restos foram encontrados durante a escavação de um terreno para construir um centro histórico ao lado de uma antiga igreja.

Durante o exame dos esqueletos, os cientistas puderam constatar que a maioria era de crianças e adolescentes e que eles tinham sinais de diversas doenças.

E, trabalhando em conjunto com historiadores, os pesquisadores conseguiram montar o quebra-cabeça do inferno que as crianças aprendizes viviam todos os dias.

Mas a descoberta não fala apenas do passado. Os autores do estudo destacam que existe uma mensagem urgente para o presente, já que se estima que existam atualmente 160 milhões de menores trabalhadores em todo o mundo.

A exploração infantil

A revolução industrial transformou o panorama socioeconômico britânico nos séculos 18 e 19.

Mas o auge da indústria "baseou-se no trabalho mal remunerado de mulheres e crianças, que permitiu que as fábricas britânicas fossem competitivas em um mercado cada vez mais globalizado", destaca o estudo.

Em 1845, 43% dos trabalhadores nas fábricas de tecidos de algodão do Reino Unido eram menores de 18 anos. E, em outros setores, este índice era substancialmente maior.

As fábricas, às vezes, eram chamadas de "moinhos de algodão" ou fábricas de fiação. Elas abrigavam máquinas de produção de fios ou tecidos de algodão.

Muitas crianças de regiões rurais foram enviadas para as fábricas em cidades inglesas como Londres e Liverpool, mas houve também o deslocamento no sentido contrário.

Menores pobres foram transportados das cidades para fábricas de fiação em vilarejos rurais, como Fewston.

Algumas crianças começavam seu trabalho de aprendiz "a partir dos sete anos", segundo Gowland. Mas a maioria chegava às fábricas com 10 a 13 anos.

Ali, elas permaneciam vinculadas ao seu local de trabalho até os 21 anos, no caso dos meninos, ou até se casarem, no caso das meninas.

Caroline, Sarah, Cornelius...

Os aprendizes que tiveram seus restos encontrados em Fewston procediam de diversas cidades, incluindo Hull e Londres. Eram aprendizes como Caroline e Sarah, segundo os registros históricos.

"Em 1803, Caroline Farmer foi uma das aprendizes mais jovens, com sete anos, enviada pela paróquia de Southwark, em Londres”", relata um documento mencionado no estudo.

"Em setembro daquele mesmo ano, Sarah Canty, com 12 anos, foi aprendiz de Fewston proveniente de Lambeth, em Londres, junto com outras três meninas com idade similar", prossegue o estudo.

"E, em novembro daquele mesmo ano, o irmão de Sarah, Cornelius, que tinha apenas sete anos, foi enviado para uma fábrica no condado de Lancashire."

Os menores de idade chegavam aos seus novos destinos vindos das "casas de trabalho" ("workhouses", em inglês), onde viviam nas cidades.

As casas de trabalho "eram lugares aonde as pessoas indigentes podiam ir e ali ficar", explica Gowland. Nelas, as pessoas recebiam pouca alimentação e esperava-se que todos trabalhassem em troca do seu sustento, incluindo as crianças.

Os menores de idade costumavam ficar ali quando eram órfãos ou seus pais eram pobres demais para mantê-los. "As pessoas só iam para as casas de trabalho quando estavam totalmente desesperadas", segundo a professora.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Relacionadas