No Brasil, ventos cada vez mais fortes e frequentes estão provocando um prejuízo bilionário.
O teto de um shopping foi pelos ares em São Paulo. Uma ameixeira tombou em Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, uma ventania atingiu 51 municípios. Tudo isso no mês de outubro.
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Desde 2013, os vendavais afetaram 10 milhões de pessoas no Brasil e causaram mais de R$ 12 bilhões em prejuízos.
"Mil e quinhentos municípios no Brasil ainda não têm uma Defesa Civil organizada. Se houver prevenção, a gente praticamente elimina, no mínimo, 70% a 80% dos óbitos. Os danos materiais também se reduziriam muito”, afirma Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios.
São considerados vendavais ventos com mais de 80 km/h. A medição é feita pelo Inmet desde 2002. Até 2007, os registros desses fenômenos eram raros, não chegavam a dez por ano. A partir daí, passaram a ser feitos com mais frequência: 31 em 2012 e em 2015; 36 em 2017. Em 2023, foram 51. E, de janeiro a outubro de 2024, o Inmet já registrou 33 vendavais - mais da metade deles com ventos acima de 100 km/h.
Uma escala, criada no século XIX e usada mundialmente até hoje, mostra o poder destrutivo dos vendavais. Ela começa com ventos fracos que deslocam a fumaça, movimentam folhas de árvores e bandeiras, balançam galhos e provocam danos em pequenas construções a partir dos 75 km/h. Quando passam dos 80 km/h, podem arrancar árvores inteiras. E, dos 100 km/h, provocam estragos generalizados. Com mais de 118 km/h, são considerados furacões.
O professor Ricardo de Camargo, da USP, diz que, além das chuvas e das secas, os vendavais serão mais frequentes.
"É o que a gente já adiantava bastante nesse cenário de aquecimento global e de mudanças climáticas. Mas essas ocorrências de eventos extremos de ventania, a gente tem que se preparar”, afirma Ricardo de Camargo, professor de Meteorologia IAG/USP.
No túnel de vento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo é possível reproduzir o efeito de um vendaval sobre uma construção e calcular a resistência que ela precisa ter para evitar prejuízos ou, pior, acidentes. Um teste mostra que o primeiro impacto de um vendaval é no telhado de uma construção. Mas existem medidas para aumentar a resistência.
"Vento muito forte incidindo sobre uma casa tem, tanto a partir da incidência, ele vai descer um pouco e também vai subir. Se tem o forro primeiro, ele pode bater no forro, desviar e, pode ser que, ele arranque o forro. Mas é um problema menor. Agora, se não tem o forro, se está direto nas telhas, quando ele subir, ele vai arrancar telha. Procure, então, vedar as frestas entre o telhado e a alvenaria. Tente manter tudo fechado, e se tiver frestas na janela, procure também colocar algum elemento de vedação”, afirma Gilder Nader, pesquisador do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas.