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Um ano depois, vítimas da Backer ainda lidam com sequelas

Em janeiro do ano passado, a polícia começava a investigar uma doença ainda desconhecida.

Em janeiro de 2020, a polícia começava a investigar uma doença ainda desconhecida, que causava quadros graves, internações e mortes. A suspeita sobre cervejas da Backer contaminadas se desenhava, mas faltavam respostas. Um ano depois, a luta das vítimas continua, pela recuperação e por justiça.

Dez pessoas são rés no processo pela intoxicação por dietilenoglicol. Ao todo, foram 29 vítimas, 16 com sequelas graves. Dez pessoas morreram.

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"Fiquei 65 dias no CTI. Nessa época, tive que fazer uma biópsia do rim porque eu estava fazendo diálise e não conseguia processar o rim direito. Quando fui fazer uma biópsia, tive uma parada cardiorrespiratória que até hoje os médicos não sabem como é que eu voltei", disse o bancário Luciano Guilherme de Barros.

Outro sobrevivente, o empresário Luiz Felippe Teles Ribeiro, também batalha pela recuperação. "A audição eu acabei perdendo 100%, atualmente através dos ouvidos mesmo, eu não escuto mais nada".

O caso Backer

Um crime que parecia inacreditável. Logo nos primeiros dias de janeiro do ano passado, circulou pela internet boatos de uma doença misteriosa no bairro Buritis, Região Oeste da capital. Até então, uma suposta intoxicação que tinha em comum o consumo de cervejas da Backer, uma das principais cervejarias do Brasil.

"O pessoal do bairro onde eu moro, Buritis, desconfiou que estavam acontecendo outros casos, com outras pessoas, casos iguais ao meu. Aí foram ver, conferir o que a gente tinha comido, bebido, e descobriram que era por causa da cerveja Belorizontina", relatou Luciano.

Depois disso, vieram as primeiras mortes confirmadas e uma sequência de fatos que comprovaram a contaminação das cervejas.

No dia 9 de janeiro de 2020, um laudo da Polícia Civil apontou uma substância tóxica em duas garrafas da Belorizontina encontradas nas casas de pacientes internados. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso.

Quatro dias depois, o Ministério da Agricultura mandou a Backer recolher todas as cervejas da marca e suspender a venda de produtos. Em 17 de janeiro, a Anvisa interditou todas as marcas da Backer vendidas no Brasil.

Enquanto isso, a cervejaria tentava convencer a polícia de que era vítima de sabotagem, o que foi descartado.

Investigações

O inquérito foi concluído no dia 8 de junho de 2020, cinco meses depois do início das investigações. Onze pessoas foram indiciadas por crimes como homicídio, lesão corporal e por corromper, adulterar ou falsificar substância alimentícia. Entre os indiciados, o chefe de manutenção da cervejaria, responsáveis técnicos e sócios da Backer.

A polícia concluiu que houve vazamento de monoetilenoglicol e dietilenoglicol, substâncias tóxicas usadas num tipo de serpentina externa que resfria o tanque.

Três sócios da Backer e sete funcionários se tornaram réus em outubro do ano passado. Os donos da cervejaria vão responder pelo comércio da cerveja contaminada e por não comunicar o risco de contaminação.

Os técnicos e engenheiros, por homicídio, lesão corporal e pela produção da bebida adulterada. Uma pessoa que trabalhou na empresa que fornecia a substância tóxica à Backer foi denunciada por falso testemunho.

Situação das vítimas

Algumas vítimas fizeram acordos recentes com a cervejaria e estão recebendo um auxílio, mas, segundo os advogados, até agora não houve pagamento de indenizações. O acordo fechado inclui uma cláusula de sigilo e as vítimas ficaram impedidas de dar entrevistas.

Outras famílias ainda tentam receber algum tipo de reparação da empresa. Todas esperam por justiça.

"A luta é para resolver todas as indenizações e retomar um pouco da qualidade de vida que essas pessoas tinham antigamente, com as sequelas, claro, mas pelo menos reparados os seus direitos, de alguma forma protegidos seja judicialmente, seja por acordo", afirmou o advogado das famílias Guilherme Costa Leroy.

Emília Izabel Barros, esposa de Luciano, quer que a cervejaria pague o que deve às vítimas. "A gente tinha plano de saúde, mas tem paciente que não tinha nada, sem INSS. Que a justiça seja feita para eles contribuírem nas dificuldades que a gente passou, muita despesa, muita despesa", disse.

Quem sobreviveu à contaminação, aos poucos, vai celebrando as pequenas vitórias de um recomeço.

"Todo dia é uma emoção diferente, é uma conquista diferente, é um passo a mais para voltar à vida. Eu adoro viver, eu amo viver. Estar aqui novamente, ter renascido, é realmente uma graça", relatou Luiz Felippe Ribeiro.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o processo está na fase de audiências de testemunhas, interrogatório dos réus e apresentação de provas. Não há data definida para a sentença do juiz.

O Ministério Público de Minas Gerais disse que apenas na segunda-feira (11) conseguirá dar um retorno sobre as trinta vítimas que não estão incluídas nesse primeiro processo.

Durante toda a semana, a TV Globo tentou contato com a Cervejaria Backer, sem retorno até a última atualização desta reportagem.

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