
Pela primeira vez na história, as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro vão se apresentar em três noites de desfiles. Desde 1984, ano da inauguração do Sambódromo, a elite do carnaval carioca saía apenas no Domingo e na Segunda-feira de Carnaval.
Com essa nova divisão — e a inclusão da Terça-feira Gorda no calendário —, serão 4 agremiações por dia.
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Não foi a única mudança na festa: há novidades no tempo de desfiles e na apuração.
Por que mudou para 3 dias?
Em resumo, os pontos levantados pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) na justificativa são:
Mais gente vai ver os desfiles. O Sambódromo acomoda 80 mil pessoas, e com 3 noites o público estimado é de 240 mil espectadores. E a mesma lógica serve para a TV;
A redivisão facilitará a logística, já que serão menos alegorias para deslocar por dia, e aumentará a segurança dos desfilantes, uma vez que a área da concentração e da armação será menor e mais fácil de resguardar;
A disputa será nivelada, sobretudo no uso da iluminação cênica, pois nenhuma escola sairá com dia claro.
O tempo de desfile mudou?
Sim, aumentou em 10 minutos.
Em 2024, cada escola deveria mostrar seu carnaval em no mínimo 60 minutos e no máximo 70 minutos. Agora, com 10 minutos a mais, as agremiações ficam com 70 minutos de mínimo e 80 minutos de máximo. Quem não respeitar esse tempo, para mais ou para menos, perde ponto.
A Liesa também prevê um intervalo de 10 minutos entre cada coirmã.
A que horas começa? E quando acaba?
A 1ª escola de cada noite sairá às 22h. A previsão é que o último componente da última agremiação da madrugada adentre a Apoteose pouco antes das 4h.
Quando será a apuração?
A leitura das notas está mantida para a tarde da Quarta-feira de Cinzas, mesmo a Portela terminando de desfilar horas antes.
E o que mudou na apuração?
Os 36 julgadores dos 9 quesitos (4 para cada) estarão mais espalhados por toda a Avenida, e os envelopes deverão ser preenchidos no fim de cada dia.
Onde ficarão as cabines?
Ano passado, os módulos 1 e 2 dividiam um só espaço no Setor 3; o módulo 3 ficava no Setor 6, e o 4, no Setor 10.
Como metade do júri estava no mesmo ponto (no começo do desfile), um deslize ali poderia derrubar as notas e tirar a escola da briga pelo título.
Agora, são 4 cabines de julgadores separadas, nos setores 3, 6, 9 e 10.
Qual o impacto de 4 cabines?
As comissões de frente e os casais de mestre-sala e porta-bandeira terão de se apresentar 4 vezes para o júri — antes, eram 3 performances;
O time da evolução terá de recalibrar o andamento do cortejo, a fim de encaixar essas 4 “paradas”;
A equipe da harmonia terá de ficar mais atenta ao canto dos componentes, pois os jurados terão “ouvidos” na Avenida toda;
O mesmo cuidado vale para o acabamento das alegorias e das fantasias.
Vale lembrar que, como nas últimas vezes, a menor das 4 notas em cada quesito será descartada.
Por que mudou o preenchimento dos envelopes?
Para não favorecer a última escola a desfilar — este ano, a Portela.
Até o ano passado, os jurados tinham de assistir às 12 agremiações para só então lançar as notas no caderno, a fim de garantir um julgamento fechado. Durante cada apresentação, o júri apenas podia fazer anotações.
Não por acaso, as escolas que saíram na Segunda-feira de Carnaval têm mais títulos que as do Domingo.
Agora, para que a (falta de) memória dos avaliadores não interfira no resultado, ao fim de cada madrugada eles terão de lançar as notas das 4 escolas do dia.