O homem que foi flagrado em vídeo agredindo uma mulher com vários socos no rosto, em Ilhéus, sul da Bahia, continua foragido, neste sábado (17). A polícia segue com as buscas por Carlos Samuel Freitas.
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O advogado de Carlos, Caíque Mota, disse que o cliente não vai se apresentar, por enquanto, e pediu à Justiça a revogação da prisão.
"Ele foi informado sobre o pedido de revogação da prisão, ontem ele cumpriu sua agenda profissional em outra cidade, haja vista que ele é representante comercial. Acredito que após a decisão judicial, caso não seja julgado favorável a sua revogação, o senhor Carlos irá se apresentar", disse o advogado.
Carlos Samuel Freitas chegou a prestar depoimento na Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam), em Ilhéus, na quinta-feira (15), mas foi liberado por não haver flagrante e porque não existia mandado de prisão contra ele.
O suspeito teve a prisão preventiva decretada na noite de quinta-feira, e está foragido desde a sexta-feira (16), quando a polícia fez buscas em endereços ligados a ele, mas não o encontrou.
Agressões
Segundo a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Ilhéus, Carlos Samuel Freitas tem um longo histórico de agressões a ex-namoradas e mulheres da própria família, resultando em ao menos 11 boletins de ocorrência.
A agressão contra a ex-namorada foi gravada por vizinhos que presenciaram o ocorrido. [Veja no vídeo acima]. A vítima, que não teve a identidade divulgada, não registrou o caso na polícia, mas, após o vídeo da agressão se espalhar na internet, a polícia abriu inquérito e intimou a mulher, que já foi ouvida e confirmou a agressão.
O caso, segundo a polícia, aconteceu em junho deste ano, quando Carlos Samuel e a vítima ainda estavam juntos.
De acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a notícia do fato foi encaminhada na manhã de quinta-feira ao órgão, que solicitou de imediato a documentação à autoridade policial para a adoção das medidas cabíveis.
Segundo o órgão, o pedido da prisão se fundamentou "na necessidade de resguardar a ordem pública, considerando-se a gravidade da conduta concreta (exacerbada violência empregada) e a condição reincidente do autor do fato".
O MP-BA informou que Carlos Samuel já foi denunciado em 2015 pelo Ministério Público por crimes de violência doméstica, ameaça e cárcere privado cometidos contra outra mulher. Ele foi condenado pela Justiça em primeira instância.
Ainda de acordo com o MP, após recurso impetrado pela defesa de Carlos Samuel, a condenação quanto ao crime de cárcere privado foi mantida, em agosto, pelo Tribunal de Justiça da Bahia, que reconheceu a prescrição referente aos crimes de violência doméstica e ameaça.
Ele também foi investigado pela Polícia Civil de Ilhéus após suspeita de extorquir a própria mãe, em 2017. No entanto, o inquérito não teve andamento porque a mãe de Carlos, segundo a polícia, não quis levar o caso adiante.
O que diz a Polícia Civil sobre os inquéritos
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que das ocorrências envolvendo Carlos Samuel, três são de violência doméstica. Os registros foram feitos na Deam de Ilhéus, com inquéritos já remetidos à Justiça.
Outros procedimentos estão em curso na unidade, entre eles o inquérito sobre a agressão registrada em vídeo. Há ainda um registro de crime contra a honra de uma ex-namorada, um de ameaça contra uma mulher fora do contexto da Lei Mara da Penha, além da ocorrência de maus-tratos contra a mãe dele, que foi feito por uma vizinha, em 2017.
Nos três últimos casos, as investigações não puderam avançar, de acordo com a polícia, pois as vítimas se recusaram a comparecer para dar mais informações sobre a violência sofrida.
Além dos casos registrados na Deam/Ilhéus, também há duas ocorrências de ameaça a uma adolescente, fora do contexto da Lei Maria da Penha, e um registro de ameaça e difamação contra um jovem do sexo masculino, em outras unidades da Polícia Civil.
Depoimento e carta
Carlos Samuel foi à unidade policial na tarde de quinta-feira. Ao delegado, Carlos contou que o caso em que foi flagrado agredindo uma mulher com vários socos, aconteceu no dia 20 de junho. Disse ainda que ele e a mulher tinham um relacionamento há seis meses e moravam juntos. O suspeito também falou que estava arrependido.
Em nota divulgada pelo agressor na quinta, antes do depoimento, ele disse que é "um jovem trabalhador" e que não tem "envolvimento com algum tipo de prática criminosa. Carlos Samuel escreveu também que está arrependido do que fez, e que vai "sofrer as reprimendas judiciais conforme se prevê a lei".
O suspeito disse que ele e a vítima mantinham uma "relação muito conturbada, eivada de inúmeros casos de ciúme doentio, diversas agressões físicas e morais". Ele escreveu ainda que, no dia em que deu nove socos no rosto da vítima, estava bêbado, voltando de uma festa, e que as agressões aconteceram porque ele "perdeu a cabeça".