A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (4), que atualmente há 33 casos em investigação de intoxicação por dietilenoglicol relacionados ao consumo de cervejas da Backer em Minas Gerais. Segundo a corporação, não há, até o momento, nenhum caso em investigação anterior ao mês de outubro de 2019. Seis pessoas morreram.
As investigações são realizadas pela 4ª Delegacia de Polícia Barreiro, sob responsabilidade do delegado Flávio Grossi, que avalia a necessidade de pedir dilação de prazo, devido à complexidade do caso. Ainda não há previsão para a conclusão das investigações.
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De acordo com a polícia, o pedido para exumar o corpo da mulher que morreu no dia 28 de dezembro de 2019, em Pompéu, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, está sendo analisado pela Justiça.
Por causa da investigação, toda a produção da cervejaria está paralisada e a venda de todos os rótulos da fábrica, suspensa.
Nesta terça, a cervejaria divulgou um laudo da Polícia Civil que constatou que a água usada na mistura da cerveja não tem nem o monoetilenoglicol e nem o dietilenoglicol, mas, o mesmo laudo confirma a presença do dietilenoglicol no processo de refrigeração da cerveja. A Backer sempre afirmou que não usa o dieltilenoglicol em nenhum processo.A Backer também divulgou um outro laudo, este feito a pedido da cervejaria. A análise contratada não encontrou nenhuma das substâncias em quatro processos: no tanque de água gelada, na caixa branca d'água, na água usada no restaurante e no trocador de calor.
Sobre a presença de dietilenoglicol na análise da Polícia Civil, a cervejaria reafirmou que não usa a substância nos processos e que a identificação do dietilenoglicol também vai ser investigada pela cervejaria porque é "um mistério".
A Polícia Civil disse que não vai comentar o laudo porque a investigação ainda está em andamento.
Resumo:
Uma força-tarefa da polícia investiga 33 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja (seis delas morreram);
O Ministério da Agricultura identificou 41 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;
A Backer nega usar o dietilenoglicol na fabricação da cerveja;
A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;
Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja.
Empresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas ? Foto: Reprodução/TV GloboEmpresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas ? Foto: Reprodução/TV Globo
Empresa que seria fornecedora de monoetilenoglicol para a Backer é alvo de buscas ? Foto: Reprodução/TV Globo
Veja lista das mortes
Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado em Juiz de Fora e morreu em 7 de janeiro. A morte por síndrome nefroneural causada por dietilenoglicol foi confirmada
Antônio Márcio Quintão de Freitas, de 76 anos. Morreu no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, por suspeita de síndrome nefroneural
Homem de 89 anos. Não teve a identidade revelada. Morte confirmada pela SES nesta quinta-feira (16) por suspeita de síndrome nefroneural
Maria Augusta de Campos Cordeiro, de 60 anos. A morte havia sido notificada pela Secretaria Municipal de Saúde de Pompéu, mas só foi confirmada pela SES em 16 de janeiro por suspeita de síndrome nefroneural
Homem sem idade e identidade revelados. Morreu em 1º de fevereiro em Belo Horizonte
João Roberto Borges, de 74 anos. Estava internado no Hospital Madre Teresa, no bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte, e morreu na madrugada de 3 de fevereiro.
Sintomas e tratamento
Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas e insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.