A Polícia Civil de São Paulo analisa um vídeo que mostra João Victor Souza de Carvalho, de 13 anos, sendo arrastado por dois funcionários do Habib's na Zona Norte de São Paulo. O adolescente morreu logo depois. A investigação quer saber se ele foi agredido ou se teve um mal súbito. O caso ocorreu no dia 26 de fevereiro.
De acordo com a polícia, João tinha se envolvido numa confusão na lanchonete que fica na Avenida Itaberaba. Segundo funcionários da rede, ele pedia esmola e ameaçava quebrar os vidros da lanchonete e de carros de clientes com paus.
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Uma catadora contou aos policiais que viu João ser agredido por um gerente e um supervisor do Habib's. São eles que aparecem nas gravações das câmeras de segurança, arrastando o garoto pelos braços pela rua ao lado do Habib's.
Nas imagens, o adolescente aparece com a bermuda abaixada e aparentemente desacordado. Em seguida, ele é largado na calçada. Um rapaz aparece em seguida com um calçado que seria de João. O menor ainda aparece mexendo os braços.
De acordo com o atestado de óbito dado a família de João, o garoto teve uma parada cardiorrespiratória. O documento não informa, no entanto, o que a causou. Os investigadores querem saber se o adolescente morreu devido a alguma agressão ou se teve um infarto fulminante.
Em entrevista ao G1, funcionários do Habib's negaram ter agredido João. Disseram que quem bateu no garoto foi um cliente, que deu "croc" na cabeça dele. Na versão dos empregados, eles então pegaram o menino e o trouxeram pelos braços até a calçada.
Os empregados ainda contaram ter chamado a Polícia Militar (PM) para relatar que o menor estava ameaçando quebrar a lanchonete e quebrar carros, bem como contaram que acionaram a ambulância ao perceberem que o menor estava passando mal.
Segundo o relato dos funcionários à polícia, João morreu após correr e ter tido um mal súbito. Os empregados suspeitam que o garoto fazia uso de drogas. Familiares do menor confirmaram aos policiais que João era usuário de lança-perfume.
O caso é apurado como 'morte suspeita' a esclarecer pelo 28º Distrito Policial (DP), na Freguesia do Ó. O boletim de ocorrência informa que a PM tinha ido ao local atender um chamado de agressão. Apesar disso, o mesmo documento reforça que não foram encontradas marcas de agressões no corpo de João.
De qualquer maneira, parentes de João chegaram a protestar na frente do Habib's e na delegacia. Eles cobram justiça e que a morte de João seja esclarecida. Somente um laudo necroscópico, feito pelo Instituto Médico Legal (IML), irá apontar a causa da morte do menor. Esse exame ainda não ficou pronto.
Na sexta-feira (3), após o vídeo que mostra funcionários arrastarem o menor ter vazado, o Habib's decidiu afastar os empregados envolvidos no caso do garoto.
O Habib's não informou quantos funcionários foram afastados e nem que cargos ocupavam.
Veja a íntegra da nota do Habib's:
O Habib's informa que, desde o ocorrido, vem colaborando na busca de informações que ajudem as autoridades a esclarecer o caso. Até o momento, as informações oficiais são o Atestado Médico de Óbito que cita que a causa da morte foi por infarto do miocárdio e o Boletim de Ocorrência que aponta a ausência de sinais de agressão.
Diante das imagens divulgadas pela imprensa hoje, comunica que decidiu afastar os colaboradores envolvidos até que tudo seja elucidado.
Mais do que qualquer direcionamento corporativo, esta é uma questão de princípio humano. A empresa esclarece que repudia todo e qualquer ato de violência física ou moral realizada por qualquer pessoa, por qualquer que seja o motivo e está bastante abalada com tudo o que ocorreu.
O Habib's, por meio de seus representantes, informa que manterá contato com a família no intuito de auxiliar no que for possível. Assim como toda sociedade, o Habib's aguarda o laudo completo do IML que esclarecerá o ocorrido.