Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) encontraram em ossos de um dinossauro doenças e parasitas que acomentem humanos nos dias atuais.
A descoberta ocorreu após fragmentos ósseos fossilizados serem encontrados na região de São José do Rio Preto (SP) e levados para o laboratório de paleoecologia e paleoicnologia do campus de São Carlos da UFSCar para serem estudados.
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O processo de fossilização garantiu a qualidade dos ossos do animal, que recebeu o apelido de 'Dino Zumbi' pela equipe, devido à diversas inflamações que acometeram seu organismo e afetaram sua aparência.
Dinossauro anão
A pesquisa mostrou que o dinossauro era um Saurópode, da família dos Titanossauros, um animal herbívaro que viveu no interior de São Paulo no período Cretáceo, há cerca de 80 milhões de anos.
O animal encontrado media 3m de altura, 5m de comprimento e pesava seis toneladas - metade do tamanho de outros dinossauros semelhantes.
Inflamação
Em um dos fragmentos da perna traseira do animal, a equipe observou caroços esponjosos e decidiu realizar análises mais aprofundadas com microscópio e tomografia computadorizada, que apontaram que o animal sofria de osteomielite aguda, uma inflamação que pode causar deformidade óssea e que faz vítimas até hoje, inclusive humanos.
A partir das informações, foi possível fazer um modelo da dimensão do impacto da doença no organismo do animal.
"O aspecto geral lembraria muito ao de um Dino Zumbi. Considerando como essa doença age em organismos atuais, o dinossauro deve ter sofrido muito até atingir o estado grave que observamos", explicaram os pesquisadores em um vídeo que postaram sobre a descoberta.
Parasitas
Na busca por entender o que causou as inflamações, foram encontrados 65 microfósseis que foram identificados como parasitas. É a primeira vez que parasitas são encontrados dentro dos canais vasculares do animal.
Também estes parasitas podem ser encontrados nos dias atuais.
"Esses possíveis parasitas, que a gente viu pelo tamanho, pela forma e pela localização deles, são muito comuns com o que a gente tem de doenças parasitárias ainda hoje", afirmou a cientista Carolina Santa Izabel Nascimento
Os pesquisadores ainda estão estudando se há relação entre os parasitas e as inflamações, mas na entendimento deles, o a descoberta é um exemplo de como a ciência de base pode causar impacto na medicina moderna, contribuindo para a compreensão de doenças que até hoje acometem animais, incluindo a espécie humana.
Além disso, descoberta do fósil também abriu a possibilidade da identificação de uma nova espécie habitante da região noroeste do Estado de São Paulo, um dinossauro anão.
"O Dino Zumbi fortaleceu o estudo da paleontologia e ainda abriu novos caminhos para essa ciência no país", afirmou o professor do departamento de Ecologia da UFSCar, Marcelo Adorna Fernandes.