O Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês), um consórcio internacional dedicado à pesquisa em astronomia, decidiu suspender a participação do Brasil. A suspensão ocorreu pela demora do país em efetivamente confirmar a sua entrada no grupo, e passar a pagar a parte que lhe cabe.
A decisão da entidade, aprovada em conselho, foi divulgada nesta segunda-feira (12). Com ela, cientistas brasileiros podem ter dificultado seu acesso ao uso dos telescópios do ESO, que estão entre os mais importantes do mundo .
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Também indústrias brasileiras perdem o direito de participar de concorrências para fornecer insumos para o consórcio.
Um acordo entre o ESO e o Brasil foi assinado em 2011 e o país foi declarado "membro em ascensão", mas ainda faltava que o acordo fosse definitivamente ratificado pelo Congresso Nacional, o que aconteceu em 2015. O avanço do ingresso do Brasil agora dependia da sanção presidencial.
"É um acordo que é entre governos. Foi redigido um texto e ele precisava ser aprovado em todas as instâncias aqui do governo brasileiro antes de ser protocolado nos organismos internacionais. A gente ainda não chegou nesta etapa porque falta a sanção presidencial", disse Gustavo Rojas, representante na divulgação científica brasileira do ESO.
Pela parceria atual, pesquisadores poderiam acessar as instalações do observatório, mas o país não fazia parte do conselho diretivo.
O ESO diz, no entanto, que os projetos em andamento serão inalterados e que uma renegociação da volta do Brasil ao projeto será bem-vinda.
"O Conselho do ESO reitera que o Brasil continua a ser um valioso parceiro potencial do ESO e deseja acolher o Brasil como Estado Membro no futuro", finaliza a nota.
O ESO é uma associação de 14 países que há 50 anos opera no Chile -- uma das principais instalações do observatório é o "Very Large Telescope", tido como o instrumento óptico mais avançado do mundo.
O consórcio também opera o maior radiotelescópio do mundo, o Alma, inaugurado em 2013 num platô nos Andes.