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Obra da artista Criola corre o risco de ser apagada em BH

Ação foi ajuizada por um morador do prédio, que discorda da obra de arte. Representante do Circuito Urbano de Arte (Cura) considera ação 'racista'

A pintura de 1.365 metros quadrados, da artista Criola, que mostra uma mulher negra, com uma cobra atravessando o ventre e um útero, na lateral do Condomínio Chiquito Lopes, no centro de BH, pode ser vista de longe, por aqueles que estão no Mirante da Sapucaí, pelos motoristas que passam pela Antônio Carlos, Cristiano Machado e pelos vendedores e clientes na rua dos Caetés.

Mas o recepcionista do Hotel de Minas, Breno Ferreira de Oliveira, talvez seja o morador de Belo Horizonte que pode admirar a pintura do ângulo mais privilegiado. Do alto do hotel ele viu a obra - que faz parte do projeto do Circuito Urbano de Arte (Cura) - nascer pelas mãos da artista e pintores, há cerca de dois anos.

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Para chegar à parede lateral do condomínio era preciso utilizar uma passagem do hotel que dá acesso a um beco do lado do prédio. Na época, quando a pintura ficou pronta, ele achou bonita e até fez uma foto, mas não tem mais o registro porque trocou o celular por um mais novo.

Neste domingo (22), ele descobriu que quem se hospeda nos quartos 213 e 214 pode não ter mais a pintura como vista da janela e acha uma pena. O recepcionista admite que não sabe o significado da obra de arte, mas não vê nenhum problema de ela estar ali. "Eu acho que esse desenho tem um significado muito importante pra alguém ou pelo menos pra pessoa que fez, principalmente agora com esses casos de preconceito e racismo", disse ele.

Quem explica o significado é a artista Tainá Lima, conhecida como Criola. De acordo com Criola - que tem trabalhos em várias cidades brasileiras e em Paris - a obra que tem como título "Híbrida Ancestral - Guardiã Brasileira", de maneira resumida "é uma lembrança da nossa ancestralidade brasileira, ancorada no povo preto e nos povos indígenas".

Mas essa lembrança pode ser apagada por causa de um morador do Condomínio Chiquito Lopes, que é contrário à presença da pintura no prédio, desde o início da obra em novembro de 2018. Ele entrou com um processo na justiça, contra o síndico e o condomínio, para a retirada da obra, alegando que ela tem "gosto duvidoso".

Para a idealizadora e curadora do Cura, Jana Macruz essa é uma briga completamente desnecessária, "explicitamente racista por se tratar da representação de uma mulher negra, uma mulher nua e a artista é uma mulher negra. É explícito que é um ato racista". Ela teme que o assunto ainda pode ter um resultado negativo.

Para que isso não aconteça, e levando em conta a importância que a luta racista ganhou no Brasil e no mundo, o Cura entrou no processo oficialmente como parte assistente dos réus. De acordo com o advogado do grupo, Joviano Maia Mayer, tanto o síndico Neivaldo Ramos, em nome do condomínio, quanto o autor da ação, já entregaram todas as provas existentes e pediram um julgamento antecipado ao juiz 22ª Vara Civil Comarca de Belo Horizonte.

Enquanto aguardam, um abaixo assinado foi lançado nas redes sociais para ser anexado ao processo e "reforçar o reconhecimento do público em relação ao valor cultural da obra e o pedido de celeridade do julgamento", disse o advogado.

Antes da realização da pintura artística, o síndico Neivaldo não conhecia Criola, mas entrou nas redes sociais e viu os trabalhos dela. A partir daí a expectativa é que seria uma obra bacana com um significado importante.

"Não necessariamente bonita porque essa é uma questão de gosto, de percepção. Depois que ficou pronta, acho que ficou do agrado da população em geral, deu vida a uma fachada que era morta. A arte é pra ser apreciada, não tem certo, nem errado, arte não é precisa, não é matemática", disse Neivaldo.

O G1 não conseguiu falar com o morador que entrou com a ação na Justiça.

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