Nesta sexta-feira (19), o corpo do catador morto na ação do Exército com 80 tiros em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, foi enterrado no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro.
O catador Luciano Macedo foi atingido por três tiros ao tentar ajudar o músico Evaldo Rosa, que morreu pelo fuzilamento. Ele ficou internado por onze dias no Hospital Carlos Chagas, na Zona Norte, mas não resistiu e morreu nesta quinta-feira (18). Luciano deixa a esposa grávida de cinco meses.
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Segundo a família, o catador se preparava para montar um barraco numa favela em Guadalupe justamente por considerar o lugar seguro por ser próximo da Vila Militar. Aparecida Macedo, mãe de Luciano, fez um desabafo.
"Meu filho só estava tentando ter a casinha dele. Tinha a carteira assinada, mas não teve oportunidade, tá entendendo? E eu ainda falei para ele: 'Vai fazer barraco aí?'. Aí ele falou pra mim: 'Fica calma, coroa. O Exército está ali, a gente está seguro'. O Exército matou meu filho. O Exército matou meu filho".
Quando os militares atiraram contra o carro do músico Evaldo Rosa dos Santos, confundido com o veículo de assaltantes, Luciano correu para ajudar a família. O músico morreu na hora e o sogro dele, Sérgio Gonçalves, continua internado.
Exército lamenta morte
Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Comando Militar do Leste disse que lamenta a morte de Luciano Macedo e se solidariza com a família e os amigos. O comando disse ainda que está em contato com o advogado do catador. Confira a nota divulgada pelo Exército.
"O Comando Militar do Leste lamenta a morte do Sr. Luciano e solidariza-se com a família e amigos. O advogado da família do Sr.Evaldo, Dr. João Tancredo, que também auxilia a família do Sr. Luciano, que infelizmente faleceu hoje, foi contatado por autoridade militar designada pelo CML, para tratativas iniciais".