Fotos inusitadas de Drag Queens estampam um calendário produzido por uma estudante e um fotógrafo de Piracicaba (SP). A iniciativa é de Amanda Franzoi e a produção de cada imagem é temática das datas comemorativas de cada mês de 2018. O projeto surgiu a partir de um estudo da jovem sobre alter ego, em que pessoas assumem uma segunda personalidade. (Veja algumas fotos do projeto)
As Drag Queens são homens vestidos de mulheres, com maquiagens exageradas, salto alto e linguagem própria. São a exacerbação do lado feminino de homens que encontraram na arte uma forma de expressão e até de aceitação.
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O projeto "Alter Drag" começou quando Amanda fazia um trabalho para o curso de fotografia. "Foi uma pesquisa do meu curso. A gente escolheu um tema e eu comecei a pesquisar sobre alter ego, e a gente chegou no tema das Drags porque elas se vestem de mulher e têm duas personalidades", conta.
A ideia foi amadurecendo e chegou ao resultado final: a impressão de 150 unidades do calendário Alter Drag 2018. Antes disso, porém, ela se juntou com o amigo e fotógrafo Felipe Valim e juntos fizeram uma lista das Drag Queens que se encaixariam melhor. A partir daí, as fotos foram sendo produzidas.
De acordo com a estudante, além de estampar as artistas, as fotos também fazem referência aos dias comemorativos de cada mês, como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Carnaval. "A de junho, que é Dia dos Namorados, a gente pegou duas, tipo um casal. No Dia das Mães a gente pegou quatro e fez tipo uma reunião de mães drags", explicou.
Além de dar visibilidade à arte, o Calendário Alter Drag também foi uma forma de combater o preconceito que gira em torno das Drag Queens. O projeto recebeu alguns comentários negativos na internet, mas esse era exatamente o público-alvo. "A gente queria mostrar para a galera ir entendendo. É difícil sofrer preconceito", afirmou. "São comentários muito pesados", completou.
'Forma de expressão'
Para uma das fotografadas no calendário, a Drama Graysky, o calendário também é um modo de acabar com o preconceito. "Quando a Amanda me contou a ideia, achei genial. Atinge um público diferente. Abre mais a mente das pessoas", opinou.
Drama é o nome artístico de Guilherme Belligoli, um designer gráfico de 24 anos. Ele contou ao G1 que começou a se montar há cerca de três anos e, na época, foi muito além da vestimenta e maquiagem. "Por muito tempo foi minha única forma de expressão", lembrou.
Sobre o projeto Alter Drag e a personalidade, Guilherme contou que quando está se vestindo e maquiando, a Drama "toma conta" naturalmente. "Quando termino, já estou com ela. Meus amigos reparam mais e comentam sobre, mas eu entro no personagem e nem percebo", explicou.
Hoje, além de uma diversão, é também arte, cultura e uma forma de trabalho, segundo Guilherme, já que ele trabalha como DJ em festas. Para ele, o calendário é importante até para ajudar quem está começando. "No começo é difícil, mas tudo tem seu tempo e uma hora vai dar certo", afirmou.