O empresário Eike Batista, preso mais uma vez nesta quinta-feira (8), pode ter criado provas contra si mesmo que o levaram novamente à cadeia. Recibos de uma conta fantasma atribuída a ele foram assinados pelo próprio empresário, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
A investigação aponta que Eike e o sócio Luiz Arthur Andrade Correia, o Zartha, diretor de investimentos da EBX, recebiam informações privilegiadas e investiam no mercado financeiro sem que seus nomes aparecessem.
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O documento foi incluído no pedido de prisão e, segundo a denúncia, é uma "importante prova de corroboração sobre como Eike Batista tinha ciência, controlava e era o mandante das operações ilegais" das contas fantasmas.
"Trata-se de um dos raros episódios em que uma organização criminosa, por desconfiança interna entre seus membros, deixa recibo e vestígio material das operações ilegais realizadas", escrevem os procuradores.
Na mesma decisão que permitiu a prisão de Eike por cinco dias ? renováveis por mais cinco ?, o juiz Marcelo Bretas autorizou o bloqueio de R$ 1,6 bilhão em bens do empresário e de seus filhos.
Parte dos ganhos obtidos nos investimentos ilegais foram repassados ao então governador Sérgio Cabral (MDB). Ele recebeu US$ 16,5 milhões em propina à época ? o equivalente a R$ 65 milhões na cotação atual.
Recibo assinado
Eduardo Plass, sócio da TAI, se tornou delator na Lava Jato. Na versão dele, foi o próprio Plass quem pediu a Eike para assinar o recibo sobre a movimentação financeira de uma das contas fantasmas.
Priscila Moreira Iglesias, que trabalhava para Plass, também confirmou a versão em delação premiada.
"A depoente (Priscila) entregava uma folha impressa com a posição consolidada para Eduardo Plass, que, por vezes devolvia à depoente a folha assinada por Eike", diz a delação dela.
As operações das contas fantasmas, ainda conforme a denúncia, eram realizadas por Luiz Arthur Andrade Correia, o Zartha. Ele foi diretor-financeiro da holding EBX e era um dos funcionários mais próximos de Eike.