São Paulo — Carros de luxo como Porsche, Ferrari e Lamborghini, joias e até um avião faziam parte da vida de ostentação dos donos de bets investigados por lavagem de dinheiro no suposto esquema que levou à prisão a advogada e influenciadora Deolane Bezerra e a mãe dela, Solange Alves Bezerra Santos, no último dia 4/9.
Com sede em países distantes e donos enrolados com contravenções como jogo do bicho, as empresas investigadas pela Polícia Civil de Pernambuco patrocinam clubes de futebol e até grandes campeonatos, como a Copa Libertadores da América.
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Deolane e sua mãe são apontadas como integrantes de uma organização criminosa envolvida com jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Esses investigados foram alvo de mandados de prisão preventiva, buscas e apreensões e bloqueios de até R$ 2 bilhões.
O inquérito acabou expondo um patrimônio muito acima dos rendimentos dos líderes do universo das casas de apostas, além de seu envolvimento com o crime. Um dos principais investigados é Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte. O empresário é filho de Darwin Henrique, um conhecido “bicheiro” de Fortaleza.
Foi a Esportes da Sorte que ficou conhecida por patrocinar grandes competições e clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol. Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à Polícia Civil mostram que ele recebia uma miríade de dinheiro vivo em suas contas, por meio de depósitos fracionados para tentar driblar o alerta de bancos.
Não adiantou e tudo ficou exposto. Somente nas contas de Darwin Filho, relatórios mostraram 662 depósitos em dinheiro vivo que somaram R$ 2 milhões. A conta não fechou quando investigadores bateram suas transações com rendimentos declarados à Receita Federal. Em um período de cinco anos de quebras de sigilo, foram R$ 5 milhões em movimentações incompatíveis com os ganhos. Houve ano em que os giros nas contas bancárias excederam 965% os seus rendimentos.
A grana alta está refletida em seu estilo de vida. Em seu nome, foram encontrados vários modelos de Porsche, uma Ferrari de R$ 7 milhões e uma Lamborghini de R$ 4,3 milhões. Entre suas compras de joias, foram identificados um colar de ouro de R$ 119 mil e um brinco de R$ 319 mil e uma bolsa de R$ 40 mil. Investigadores também identificaram um jato comprado por uma de suas empresas no valor de R$ 11,9 milhões.
Outra empresa ligada à Esportes da Sorte, a Pay Brokers, era usada como intermediária de pagamentos para os jogos de azar, de acordo com a investigação. Ela pertence a outros dois sócios, Thiago Presser e Edson Lenzi. Juntos, eles declararam rendimentos de R$ 38,8 milhões. O problema é que movimentaram R$ 101 milhões, o que, segundo a Polícia Civil, representa ocultação de R$ 62 milhões.
Somente em nome de Presser, o Coaf alertou provisionamentos de saques de R$ 9,8 milhões. Com a dupla, no entanto, não houve tantos registros de bens que tenham chamado atenção de investigadores.
Outra empresa envolvida no esquema, a Pix365, tem como sócios José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha. Segundo a Polícia Civil, suas movimentações também são incompatíveis com rendimentos. Entre os bens de luxo deles, está um jato Cessna de R$ 30 milhões, que eles usaram inclusive para viagens aos Estados Unidos.
Somente com a compra de veículos e outros artigos de luxo, José André gastou R$ 5,4 milhões. Entre os itens, estão dois relógios de R$ 200 mil cada. Aislla, por exemplo, declarou patrimônio de R$ 98 mil e movimentou R$ 19 milhões. Os gastos chegaram aos R$ 11,3 milhões, com direito a roupas, relógios e bolsas de grifes internacionais. Na Hermés, por exemplo, marca francesa de alto luxo, ela gastou R$ 1,4 milhão entre 2021 e 2023. Na Dolce & Gabana, foram R$ 2,4 milhões.
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