Os três policiais rodoviários acusados de envolvimento na morte de Genivaldo Santos, 38 anos, durante uma abordagem em Umbaúba (SE), no dia 25 de maio de 2022, irão a júri popular nesta terça-feira. O trio é acusado de tortura e homicídio triplamente qualificado.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), vão participar do julgamento cinco procuradores da República, incluindo três procuradores integrantes do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ/MPF), que atua em casos de alta complexidade.
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Genivaldo morreu após ter sido trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e submetido a inalação de gás lacrimogêneo. A certidão de óbito apontou asfixia e insuficiência respiratória como causa da morte. Ele ficou 11 minutos e 27 segundos exposto a gases tóxicos e impedido de sair de uma viatura da PRF em Sergipe, segundo a perícia feita pela Polícia Federal (PF), que a reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibiu com exclusividade.
Durante as investigações, os peritos atestaram que a concentração de monóxido de carbono foi pequena. Já a de ácido sulfídrico foi bem maior, e pode ter causado convulsões e incapacidade de respirar.
Segundo a perícia, o esforço físico intenso e o estresse causados pela abordagem policial resultaram numa respiração acelerada de Genivaldo. Isso pode ter potencializado ainda mais os efeitos tóxicos dos gases. A perícia afirmou ainda, que os gases causaram um colapso no pulmão da vítima.
Relembre o caso
De acordo com o sobrinho de Genivaldo, o tio pilotava uma motocicleta quando foi abordado por agentes da PRF. O homem teria ficado nervoso e foi repreendido pelos policiais com empurrões, socos antes de ser colocado no porta-malas do carro.
Ao ser informada que agentes da PRF estavam "massacrando" Genivaldo, a mulher dele, Maria Fabiana, correu para o local e já se deparou com o marido dentro da viatura, cheia de gás de pimenta em seu interior. Ela pediu para que agentes abrissem o porta-malas para que o homem respirasse melhor, mas a resposta de um dos policiais foi: "Ele está melhor do que nós, aí dentro está ventilado". Após a ação, Genivaldo foi encaminhado para o pronto-socorro, mas chegou morto ao hospital.
Em entrevista ao Portal Fan F1 na manhã seguinte ao ocorrido, Maria Fabiana relatou que o marido era uma pessoa conhecida e, por isso, muitas testemunhas se dirigiam aos policiais dizendo: "Não façam isso, ele tem problemas mentais".