Mais de um quinto do eleitorado se absteve do primeiro turno das Eleições Municipais de 2024. A fatia engloba mais de 30 milhões de brasileiros que estão aptos a votar, mas decidiram não comparecer às urnas. Levantamento do Metrópoles aponta que, se não houvesse um número tão expressivo de ausências, o resultado poderia ser diferente em mais de 2,7 mil cidades.
Em Rio Branco, capital do Acre, mais de 65 mil eleitores aptos a votar não compareceram às urnas, o que representa cerca de 24% do eleitorado. Já a diferença entre o primeiro colocado, Tião Bocalom (PL-AC), e o segundo, Marcus Alexandre (MDB), foi de 39,7 mil votos.
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A cidade do Rio de Janeiro é outro caso em que a diferença do número de votos entre o primeiro e o segundo lugar da disputa (913 mil votos) é menor que o total de abstenções (1,5 milhão de eleitores). Na capital fluminense, a eleição para gestão municipal foi definida no primeiro turno e consolidou a vitória do atual prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ).
Grande parte dos municípios em que essa situação ocorreu situa-se no estado de Minas Gerais, que registra 468 cidades no mesmo contexto. Já o estado de São Paulo detém 359 municípios com casos semelhantes, e o Rio Grande do Sul, 241.
O levantamento do Metrópoles, com base em dados do TSE, considera somente as 5,4 mil cidades com decisão no primeiro turno e que já tiveram resultados oficializados pela Justiça Eleitoral. Em muitos casos, o resultado do pleito eleitoral segue indefinido e dependerá de decisão final do Judiciário.
Eleições 2024
O professor de ciência política e administração pública da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rodrigo Horochovski considera que a quantidade de eleitores que não compareceram às urnas, além ter relação com as crises políticas que geraram descrédito ao sistema democrático, é reflexo também das leves sanções para quem deixa de votar.
“Embora votar seja, em princípio, um ato compulsório, as sanções são muito leves, com uma multa de valor diminuto, isso se a pessoa não viajar e justificar, o que é cada vez mais fácil também. Em suma, isso é um problema, em termos”, explica.
“Idealmente, todo mundo votaria, pois os mandatos que saíssem das urnas teriam, em tese, de um ponto de vista filosófico, mais legitimidade. Não votar é renunciar a um direito essencial, à própria soberania popular. No entanto, democracias consolidadas vivem cenário semelhante e isso não significa que elas estejam ameaçadas”, complementa.
No primeiro turno, que ocorreu em 6 de outubro, eleitores de mais de 5,5 mil municípios foram às urnas para definir quem ocupará, pelos próximos quatro anos, os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Mais de 120 milhões de brasileiros exerceram o direito ao voto, o que corresponde a mais de 78% do eleitorado.
Em 51 cidades brasileiras, eleitores regressaram às urnas no domingo (27/10) para o segundo turno das eleições de 2024. Desse total, 15 capitais estavam na disputa. No segundo turno das eleições deste ano, o TSE divulgou que a abstenção foi de 29,26%.