No último ano, o Brasil bateu recorde de pessoas doadoras de órgãos. Entretanto, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), divulgados em novembro de 2024, houve um crescimento de quase 13% no número de pacientes na fila de transplante em relação ao ano anterior. Conforme o boletim trimestral, a taxa de doadores efetivos é de 20,3 por milhão de pessoas, 3,3% abaixo da previsão. Até setembro de 2024, mais de 66 mil pacientes encontravam-se na fila de espera.
A maior demanda é pelo transplante de rim, pois se trata do órgão mais afetado pelas doenças predominantes, como a diabetes e a hipertensão. De acordo com o último Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), referente ao terceiro trimestre de 2024, havia 36.642 pessoas aguardando a doação de um rim, realidade que torna ainda maior o desafio de atender essa demanda, já que a fila não para de crescer.
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Por de trás disso tudo, têm milhares de profissionais envolvidos, já que o Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo e está entre os quatro países que mais realizam transplantes. O Sistema Único de Saúde (SUS), garante esses procedimentos à toda população, incluindo as medicações imunossupressoras, de forma totalmente gratuita.
Todavia, a captação de órgão ainda é o maior dos problemas. Um dos principais fatores é a recusa familiar, que chega a 45%, além da contraindicação médica, responsável por 18% dos casos, quando o órgão não está apto.
É importante frisar, que alguns órgãos podem ser doados em vida, como é o caso do rim, mediante avaliação clínica, imunológica e seguindo todas as diretrizes e legislações do Ministério da Saúde.
Assim, fica evidente a conscientização da sociedade, principalmente no que se refere ao diagnóstico de morte encefálica, deixando muitas famílias receosas em permitir a doação dos órgãos. Levando em conta que cada pessoa que doa pode salvar até oito pessoas, isso poderia reduzir a fila de espera e mudar a história de quem está lutando pela vida. A expectativa é de um novo recorde de pessoas doadoras de órgãos.
Manuela Lordelo - CRM 35482 | RQE 21849 | RQE 23522
Baiana, formada pela Faculdade de Medicina de Campo - FMC, no Rio de Janeiro em 2017 , especialista em Clínica Médica pela Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais, e especialista em Nefrologia pelo Hospital Ana Nery / UFBA em 2022. Integra a equipe de Transplante Renal, do Hospital Ana Nery, em Salvador. O HAN possui atendimento 100% pelo SUS, além de ser um dos quatro maiores hospitais do país em volume de cirurgias de transplantes renais.
E-mail: [email protected]
Instagram: @dramanuelalordelo
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