Remontam à década de 1990, quando entenderam de promover o Maceió Fest na hoje conhecida como ‘rua fechada’, os meus desentendimentos sobre a impropriedade do local para abrigar eventos de tamanha magnitude. Os impactos na região da Ponta Verde seriam de grande monta com o afluxo de quarenta mil pessoas, barulho ensurdecedor até horas tardias, falta de sanitários públicos, planejamento de trânsito, segurança, desrespeito aos idosos que ali moravam - eu ainda era moço – ma, fui considerado o dono do mundo, ou o guarda Belo, como dizia o meu saudoso consogro.
Algum tempo depois, alçado à presidência do IMA, recebi uma comitiva de moradores - convictos de que, como passara a ser autoridade, eu deveria coibir o evento. Vou discipliná-lo até onde a lei permitir, e assim fiz, obrigando os promotores de eventos a instalarem sanitários públicos, limitando as emissões sonoras, planejamento de trânsito, prevenção de incêndio e pânico, este, principalmente, porque não havia rotas de fuga para a multidão assustada no caso de brigas e tiroteios, sim, eles ocorreram, daria um livro relatar tudo.
Leia também
Volto à Ponta Verde onde moro há uns vinte anos sofrendo com os eventos ditos para o povo, mas que visam entreter os turistas que aqui aportam, e que se danem os moradores do belo bairro como um todo sob engarrafamentos imensos que nos impedem de transitar, assim como viaturas policiais em caso de tumulto; o socorro médico, porque as ambulâncias não podem se aproximar, nem os bombeiros se houver incêndio em um edifício, por exemplo.
Mal planejada desde o nascedouro, as ruas são estreitas, mudam ao Deus-dará o sentido do trânsito, impedem o estacionamento em avenidas sem uma análise técnica coerente dos transtornos que causam em outras zonas, e assim se mantém sob o condão mágico de instituições públicas que se dizem especialistas em trânsito.
São várias instituições, que nem sei nominar, demonstrando carência de engenheiros ou arquitetos especialistas em trânsito, arte complexa que requer muito conhecimento sobre o todo, sendo de pouca valia as intervenções pontuais que, na maioria das vezes, geram grandes prejuízos para comerciantes e moradores das regiões afetadas.
Por último, como reza a Constituição de 1988, é livre o direito de ir e vir, mas um dos tais “entendidos” alertou na mídia, há alguns meses, que os moradores da Ponta Verde que desejassem sair de casa na noite de um evento que o fizessem duas horas antes, e voltassem duas horas depois!!!
Defensor de regime feudal!
*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.
*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.