Alguns comprometimentos de saúde não afetam somente o corpo, mas geram forte impacto na qualidade de vida, autoestima e estado emocional. Isso é particularmente evidente no contexto das disfunções pélvicas, com ênfase nas incontinências, especialmente as relacionadas à urina. Bastante prevalente essa condição pode atingir tanto homens quanto mulheres em todas as faixas etárias, sendo originada por diversas causas, desde alterações na musculatura da região até problemas funcionais associados a comprometimentos neurológicos.
Uma dessas causas pode estar relacionada à prática de exercício de alta performance/impacto. Estudos sobre esse tema são muito recentes, mas suficientes para evidenciar que a prática de atividades físicas e esportivas constituídas de exercícios que exijam muito esforço e alto impacto pode levar ao desenvolvimento de disfunções como a incontinência urinária.
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Exercícios de alto impacto, como CrossFit, exercícios funcionais, corrida, BT são modalidades que envolvem movimentos intensos e demandam esforço significativo do corpo. Embora essas práticas tenham ganhado popularidade devido à sua eficácia na queima de calorias e no aumento do condicionamento físico, geram alto impacto ou aumento da pressão intra-abdominal e podem alterar o mecanismo de continência pela grande força transmitida às estruturas pélvicas. Por exemplo, estudos relacionam a incontinência urinária em atletas nulíparas (aquelas que nunca tiveram filhos) à absorção da força do impacto que algumas atividades provocam.
Essas práticas podem comprometer os mecanismos de sustentação, suspensão e contenção das estruturas pélvicas, que sofrem sobrecarga intensa e repetida, promovendo disfunções no assoalho pélvico. Quem pratica atividades de alto impacto precisa estar atento ao cuidado com essas estruturas, que por muitos são desconhecidas e até negligenciadas.
Diferentes comportamentos durante a prática de exercício físico também podem acabar impactando no assoalho pélvico. Um exemplo é o hábito de prender a respiração na hora de fazer uma grande força. Sempre é preciso cuidar para não prender o ar no exercício, porque assim ocorre uma sobrecarga no assoalho pélvico, uma tensão que poderá gerar disfunções. Outro exemplo seria a adoção de altas cargas com a execução inadequada do movimento, sem a devida consciência corporal.
Os primeiros alertas de que algo não está bem com a musculatura pélvica, são as perdas de gotas de urina, flatos, fezes e a própria constipação. Também é preciso estar atento à qualquer dor, desconforto no momento da relação sexual bem como à dificuldade de atingir o orgasmo. Há ainda um agravo, a existência de grande tabu no que diz respeito aos temas mencionados, as pessoas evitam falar a respeito, se constrangem e acabam buscando ajuda somente quando a queixa está insuportável e o problema já instalado.
Um assoalho pélvico funcional é a chave para afastar problemas e desconfortos, já que quando o indivíduo toma consciência das estruturas presentes no seu corpo e da funcionalidade adequada de cada uma, as chances do desenvolvimento de desordens diminuem significativamente. Então, busque sempre informações em fontes seguras e ajuda de profissionais capacitados para auxiliar, não apenas quando houver sinais e sintomas, mas principalmente de maneira preventiva.
*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.