O repórter fotográfico da Gazeta de Alagoas, Ailton Cruz, publicou uma linha do tempo dos bairros afetados pela mineração da Braskem. Há 5 anos, moradores do bairro do Pinheiro, em Maceió, perceberam as primeiras rachaduras nos imóveis, a partir daí, o problema se agravou e afetou mais quatro bairros da capital. Confira:
Na última quarta-feira (29), após os moradores relatarem tremores no bairro do Mutange, uma das regiões afetadas pela extração de sal-gema, a Defesa Civil emitiu um alerta para o "risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas". A mina 18 fica na região do antigo campo do CSA, próximo à lagoa Mundaú. A área já está desocupada e passa por monitoramento 24 horas por dia, pela Defesa Civil de Maceió.
Em nova nota, no fim da tarde desse domingo (3), a Defesa Civil de Maceió informou que o afundamento do solo da mina 18 é de 1,70 m e que a velocidade reduziu para 0,3 cm por hora, apresentando um movimento de 7,4 cm nas últimas 24 horas. Já na manhã desta segunda-feira (4), o órgão informou que o afundamento era de 1,69 m e a velocidade vertical permanecia de 0,7 cm por hora.
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A mineração em Maceió começou na década de 70, com a Salgema Indústrias Químicas S/A, que, depois, passou a se chamar Braskem. A extração de sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC, tinha autorização do poder público.
As primeiras rachaduras foram registradas em 2018, mas só em maio do ano seguinte, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) confirmou que a extração de sal-gema feita pela Braskem provocou a instabilidade no solo. Após isso, foram emitidas as primeiras ordens de evacuação, a princípio para moradores do Pinheiro, Mutange e Bebedouro. Mas não demorou até o problema se estender para regiões do Bom Parto e parte do Farol.
Neste ano, moradores do Bom Parto, que não estavam incluídos no Programa de Compensação Financeira da Braskem, realizaram diversos protestos pedindo para serem inclusos, mas a Defesa Civil Municipal afirmava que não havia risco nas moradias da área.
Essa era a situação até a última quarta, quando a região registrou tremores e a Defesa Civil emitiu um alerta de colapso iminente. A situação levou os moradores a serem forçados a se retirar às pressas de suas casas, com o uso de força policial sendo autorizado pela Justiça, no caso de os moradores apresentarem resistência.
Realocados em abrigos provisórios
Segundo informações repassadas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar (Semdes), na sexta-feira (1º), no total, 83 pessoas aceitaram ir para abrigos. A maioria optou ir para a casa de parentes e de amigos. Ainda há 10 pessoas na Casa Passagem Familiar e 15 na Escola Pompeu Sarmento.
Os abrigos provisórios estão montados em seis escolas municipais: Escola Maria José Carrascosa, no Poço; Escola Rui Palmeira, no Vergel; Escola Antídio Vieira, no Trapiche; Escola Brandão Lima, no Benedito Bentes; Escola Lenilton Alves, no Jacintinho; Escola Pompeu Sarmento, no Barro Duro; e a Casa de Passagem Familiar, no Jaraguá.