O segundo painel do Summit Gazeta Primeira Infância, que aconteceu nesta segunda-feira (29), no Teatro Gustavo Leite, em Maceió, discutiu sobre “Saúde Integral na Primeira Infância” e contou com a participação dos pediatras Daniel Becker e Cláudio Soriano, cuja mediação coube à secretária de Estado da Primeira Infância, Caroline Leite.
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Na ocasião, foram destacados os trabalhos realizados por Alagoas no sentido de garantir que todos os direitos das crianças estejam garantidos e apontados os desafios que os pais e o Poder Público enfrentam para proporcionar uma infância segura e saudável para as crianças.
Daniel Becker, que é ativista da Primeira Infância e autor do perfil @pediatriaintegralbr, disse estar impressionado com os programas criados e executados em Alagoas, que tem ajudado a reduzir a vulnerabilidade de crianças, sendo pioneiro no País em diversas ações.
“Eu fiquei impactado, impressionado, com o trabalho que Alagoas vem fazendo. Um trabalho intersetorial, no qual podemos ver os resultados se refletirem na prática. É um estado que está sendo pioneiro nesse trabalho de iniciar uma ação integrada, com articulação com os municípios e o Governo Federal”, pontuou.
Ao falar sobre saúde na Primeira Infância, Becker citou questões relevantes, considerando que a saúde não é só estar sem doença, mas viver em um ambiente seguro e harmônico, que proporcione uma infância feliz. “A base de toda a vida vai se estruturar na Primeira Infância e o que vemos hoje é um aumento brutal da violência contra crianças. Se as estimativas estiverem corretas, podemos ter meio milhão de crianças estupradas no Brasil”, afirmou.
Ele também citou o problema do uso de telas, que têm provocado o “abandono de crianças dentro de casa” e feito com que elas saiam da realidade, do ambiente em que vivem.
“O uso dos celulares fragmenta a atenção, nos tira do lugar onde estamos. E o que vemos é o abandono familiar da criança. Mães e pais que desistiram dos seus filhos, com cada um ficando no seu celular. Isso leva a problemas comportamentais e de saúde emocional. É preciso acordar desse pesadelo”, pontuou, defendendo o “atraso” na entrega dos aparelhos celulares aos adolescentes.
Ele falou ainda sobre a importância de investir em uma alimentação nutritiva, fugindo do industrializado, e sobre a necessidade de proporcionar aos pequenos o brincar criativo e o contato com a natureza, participando de atividades ao ar livre. “O contato com a natureza traz benefícios incríveis para as crianças. Melhoram as alergias, o sono, as habilidades sociais, o bem-estar social e emocional”, exemplificou.
Cláudio Soriano, que é coordenador geral da Rede Primeira Infância em Alagoas (Repi/AL), destacou que um pediatra é um ativista por princípios e lembrou que é preciso cuidar de quem mais precisa. Para ele, é necessário que os órgãos públicos e as famílias, como um todo, saibam cuidar das crianças da forma como uma mãe faz, de forma natural, dando mais atenção àquele filho que mais precisa.
“Talvez, o que a gente precise hoje é pensar como a mãe pensa nos seus filhos. A Primeira Infância é dentro dessa lógica. É nessa fase onde se encontram os índices maiores de pobreza, de invisibilidade. E encontros como esse, do Summit, têm um importante papel de tornar visível o que, por muitos anos, ficou invisível. O grande compromisso nosso, enquanto organizações governamentais e não governamentais, é saber que juntos podemos muito mais”, afirmou.
Ele lembrou os avanços alcançados por Alagoas nos últimos anos, mas ressaltou que é preciso crescer muito mais.
A mediadora do painel, secretária Caroline Leite, fez um breve resumo de tudo o que vem sendo feito por Alagoas, com o objetivo de reduzir os índices negativos ainda existentes no Estado, quando o assunto são as crianças.
“Na secretaria, que é a primeira do Brasil voltada à Primeira Infância, a gente trabalha a saúde desde o planejamento reprodutivo. Precisamos pensar um pouco antes do 0 aos 6 anos. Precisamos garantir que a mulher vai ter filho quando ela quiser. Quem decide é ela”, afirmou.