O quarto painel do Gazeta Summit teve como tema a “Mobilidade a pé: a urgência de desenvolver cidades caminháveis e caminhos”, que foi mediado pela presidente licenciada do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) em Alagoas, Rosa Ferro. O assunto foi debatido por Letícia Sabino, do Instituto Caminhabilidade; Dilson Ferreira, arquiteto e professor da Ufal; e Ricardo Santa Ritta, especialista em Cidades Inteligentes e Planejamento Urbano.
Letícia responde por uma organização liderada por mulheres, que atua pela urgência de alcançar a equidade de gênero e enfrentar a crise climática, desenvolvendo cidades caminháveis com o protagonismo da cidadania.
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Na explanação, ela mostrou que a maior parte dos deslocamentos diários nas cidades (cerca de 39%) são feitos a pé. Outros 28% acontecem por ônibus, 26% por carro, 4% por moto e 3% por bicicleta. Via de regra, como evidenciou, as mulheres caminham mais do que os homens.
“Elas assumem papel de cuidado, já que a mobilidade de cuidado é feita, principalmente, a pé. As mulheres fazem o deslocamento para inúmeras atividades que executam ao mesmo tempo. O deslocamento é prioridade por lei e está no topo da pirâmide de mobilidade urbana pela legislação, no Brasil”, afirmou.
Segundo ela, as cidades, por serem construídas por homens, ignoram a diversidade de experiências e necessidades específicas de mulheres, crianças, pessoas com deficiências e idosos, por exemplo. Letícia também revelou que as principais vítimas de atropelamento são pessoas idosas. As crianças, da mesma forma, correm grande perigo.
“Além disso, 33% das mulheres deixam de acessar empregos e 22% interrompem os estudos por barreiras no deslocamento. Neste sentido, a caminhabilidade desenvolve ruas, bairros e cidades seguras, agradáveis e confortáveis para todos e há caminhos já trilhados que melhoram esta condição, a exemplo da abertura de ruas (Paulista Aberta), orientação e informação para quem está a pé, caminhabilidade em manuais e avaliações das ruas”, ressaltou.
O arquiteto Dilson Ferreira ampliou a discussão, incluindo as pessoas que se deslocam todos os dias para geração de renda. Também falou sobre as conexões de modais (no caso de Maceió, há as conexões com o transporte coletivo e alternativo), assim como para o esporte, lazer e meio ambiente.
“Precisamos preservar os espaços públicos que ainda existem em Maceió, utilizados pelas pessoas para lazer, terapia e caminhar com animais. Um dos exemplos é o Corredor Vera Arruda, que é um parque linear comumente usado pela população, e que necessita ser mantido”, destacou. Ele cobrou maior arborização na cidade.
Ricardo Santa Ritta antecipou um pouco a discussão no evento sobre a acessibilidade. Ele mostrou em fotos alguns problemas de sinalização e de calçadas voltadas para pessoas com deficiência na parte baixa da cidade. Ele também exibiu descarte irregular de lixo nas vias e outras questões que criam barreiras para a caminhabilidade, que atrapalham o passeio.
Em toda a palestra, ele abordou situações do cotidiano, bem como presentes na vida dos moradores da capital e que passam despercebidas nas discussões mais ampliadas de gestão, como a elaboração dos planos de mobilidade e diretor da cidade.