
O coordenador da Câmara Consultiva do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, fez um alerta sobre a situação crítica do saneamento básico e da gestão hídrica no Brasil durante a abertura do Summit Água, nesta segunda-feira (24), no Centro de Convenções de Maceió.
Miranda ressaltou os efeitos do aquecimento global e a crescente crise hidroenergética, que se somam a uma gestão hídrica deficiente no país. Ele foi o primeiro a falar no evento, idealizado pela Gazeta de Alagoas.
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"Anos após anos, os países estão estabelecendo metas para evitar os efeitos do aquecimento global, mas os esforços não estão sendo suficientes", afirmou o coordenador, destacando que a falta de ação eficaz compromete a oferta de água à população brasileira.
Em seu discurso, Miranda apontou que, embora o Brasil possua um vasto território, a gestão dos recursos hídricos está excessivamente concentrada no eixo Sul-Sudeste, deixando outras regiões, como o Nordeste, à margem.
Ele também se referiu ao agravamento de problemas climáticos, como chuvas mais destrutivas e secas prolongadas, que têm afetado negativamente o meio ambiente e os rios brasileiros.
"Estes fenômenos aumentaram os processos de erosão e a redução das terras férteis. A maioria dos rios brasileiros enfrenta níveis intoleráveis de poluição", pontuou. Ele destacou ainda a falta de saneamento básico ao longo da calha do Rio São Francisco, frisando a necessidade urgente de ações concretas para reverter esse cenário.
O coordenador do CBHSF também fez questão de frisar que o poder público, por si só, não conseguirá resolver essa crise. "A sociedade tem um papel a cumprir para vencer este desafio", afirmou, defendendo a união de esforços entre poder público, empresas privadas e sociedade civil.
Também ressaltou o trabalho do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que, com mais de 100 planos municipais de saneamento, tem tentado reverter o quadro de escassez e poluição hídrica. "Temos tentado ainda fazer planos de saneamento rural, para contemplar povoados e áreas mais afastadas das zonas urbanas, dos grandes conglomerados", afirmou.
Miranda finalizou seu discurso apontando que, a partir de diagnósticos reais, tanto o setor estatal quanto as empresas privadas devem se unir para resolver a questão do saneamento e do acesso à água potável. "Há milhões de brasileiros sem acesso à coleta de esgoto e à água potável", concluiu.