O resto é mar. O azul está em seu olhar. A negra Iemanjá das areias do mar. Yorubá no mesmo altar do salvador, em Salvador, barco no rio vermelho, tanto luar.
Dourada deusa, mãe querida da doçura, das flores e frutas do quintal das bananeiras, caribenhas e nordestinas como a sina de atravessar oceanos, fruta pão, mamão; a sombra da jaqueira e o luar.
Atravessando o mar. Manto de estrelas, cabelos ao vento; cavalgando sonhos de verão, seios soltos no mar do Taití, Bora Bora, no Havaí, Maragogi, “dans mon île”, sou rei.
Batuqueiro, rodando na roda do batuque da Ponta Grossa, na Barra de São Miguel, meia noite do ano novo da lua e do olhar; criança montando na velhinha, encurvada, desdentada, dando pulos e saltos no ar, acrobata da festa dos espíritos , tambores na noite, mortos e vivos, aulindo e rolando, na areia do mar.
Sempre o mar, rainha e mãe, preta e branca Yemanjá, subindo nas ondas, descendo correntes, encarnando na água, doce e salgada, branca na pele e preta no coração. Bateu sede e saudade, renascendo nos tambores da noite.
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Miguel Gustavo de Paiva Torres
Sou alagoano de Maceió, cursei direito na UFAL, trabalhei como jornalista e tomei posse como diplomata de carreira em fevereiro de 1976, no Rio de Janeiro, servi por diversas vezes em Brasília, na sede do MRE, na Costa do Marfim, Alemanha Federal, México, Lisboa, Praga, Jakarta, Havana, Panamá e Santa Lúcia. Embaixador na República do Togo, aposentado em 2018.