A estimativa no começo da moagem era de alta de mais de 5% sobre a safra 2023/2024, que alcançou uma produção de 19,5 milhões de toneladas de cana-de-açucar em Alagoas. A projeção divulgada pelo Sindaçucar-AL no final de agosto deste ano, que apontava para a colheita de até 20,5 milhões de toneladas de cana, não deve se confirmar em função da escassez de chuvas na região canavieira do Estado.
Iniciada no dia 27 de agosto deste ano, a safra de cana-de-açúcar 2024/2025 em Alagoas tem sido marcada pela baixa precipitação, com impacto direto na produtividade agricola, devido à falta de chuvas nos últimos meses. O Sindaçúcar-AL ainda não divulgou uma nova estimativa, mas o coordenador técnico do Sindicato, o agrônomo Cândido Carnauba admite que e provável uma revisão da estimativa inicial.
"Estamos fazendo um nvo levantamento. De fato, existem muitas informações de que a seca prejudica a produtiva agrícola, mas também está sendo registrado um aumento do rendimento industrial da cana. Devemos terminar esses levantamento até a próxima semana", aponta.
Segundo Klécio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama, localizada em Coruripe, a redução na produtividade agrícola na região sul do Estado pode variar entre 10% e 20%, especialmente em função da baixa precipitação acumulada desde julho. "A queda das chuvas foi acima de 60% em julho e superou os 70% em agosto. Setembro e outubro praticamente não tiveram chuvas, e novembro segue na mesma situação. Com essa queda na precipitação, a reduçao da produtividade agrícola será inevitável. Hoje estamos avaliando uma redução que pode ficar entre 10% e 20%", apontou o dirigente.
A redução na colheita será acompanhada de um encurtamento do período de moagem. "Nossa moagem, que tradicionalmente vai até março, deve se encerrar entre janeiro e fevereiro", acrescentou Klécio Santos.
Apesar disso, o rendimento industrial é um ponto positivo, com aumento na concentração de açúcar na cana. "Hoje, estamos com um ATR médio de 136 kg por tonelada de cana, um acréscimo de 10 kg em relação à safra anterior", destacou.
Impacto estadual
O presidente da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), Edgar Filho, reforçou que a redução na produção é uma realidade em todo o estado, com impactos mais acentuados na região sul, devido aos solos arenosos e ventos mais intensos.
Na região norte, onde as condições climáticas são historicamente mais favoráveis, as perdas tendem a ser menores. "Dependendo da região, a queda pode variar entre 10% e 20%. Isso, combinado com o menor período de moagem, trará reflexos diretos para a cadeia produtiva", analisou Edgar.
Edgar também avalia que a redução do periodo de moagem tambem será inevitável em todo o Estado. "Acredito que na maioria das usinas a moagem vai ser encerrada entre janeiro e fevereiro, com uma outra usina podendo estender a moagem ate março. Na prática, teremos uma reducao no periodo de moagem de cerca de um mês", pondera Edgar.
Para o presidente da Asplana, o aumento do rendimento industrial compensa em parte as perdas nas produtivade agrícola do fornecedor de cana. "O aumento do ATR tem diminuido o impacto das perda de produtividade no campo. O fornecedor recebe a cana pela quantiade de ATR. O maior rendimento na indústria, estão aajudando a mitigar as perdas, ainda que parcialmente", aponta.
Edgar avalia que é cedo para cravar um percentual de redução da safsra 24/25. "Vamos esperar mais um pouco. Se chover nas próximas semanas, a perda poderá ser menor. No entanto, se não chover ainda em novembro e em dezembro poderemos ter reduçao acima dos 10% e, pior, poderemos ter o comprometimento da próxima safra, na medida em que produtores que nao têm irrigação correm o risco de ter perda de soqueira", afirma.
Abaixo de 19 milhões de toneladas?
No início da safra, o Sindaçúcar-AL projetava uma colheita de 20,8 milhões de toneladas, mas as condições climáticas indicam que essa previsão não será alcançada. Caso as estimativas de redução se confirmem, a produção pode cair para menos de 18 milhões de toneladas, um volume inferior ao da safra 2023/2024, que registrou 19,5 milhões de toneladas.
As próximas semanas serão decisivas para o setor, que segue atento às condições climáticas. "Estamos pedindo a Deus que envie chuvas nos próximos dias", concluiu Edgar Filho.