
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) enviou nota nesta sexta-feira (28/02) condenando a suposta interferência política na escolha da nova diretoria da OCB Alagoas (OCB/AL). No documento enviado através de e-mail para as cooperativas de Alagoas, a entidade reafirmou a necessidade de neutralidade política e transparência no processo eleitoral das organizações estaduais, alertando para indícios de distorção no processo de escolha da nova presidência da OCB/AL.
A manifestação da OCB ocorre após denúncias de que a nomeação de Verônica Medeiros para a presidência da OCB/AL teria sido influenciada por interesses políticos ligados ao prefeito de Maceió, JHC (PL), e ao Partido Liberal. A própria Verônica declarou a jornalistas que deve a indicação dela ao prefeito JHC. No lugar dela, deveria ter sido indicado o pai do prefeito, o ex-deputado federal João Caldas. Como ele não cumpria os requisitos, foi feita a indicação de Verônica, que é presidente do PL em Palmeira dos Índios.
A indicação pegou todos de surpresa e só ocorreu após decisão do juiz da 13a Vara da Justiça de Maceió, Braga Neto, decidir de forma repentina suspender a intervenção na entidade que já durava quase três anos. Existem suspeitas de conflito de interesse entre o magistrado no caso, em função de parentes deles terem cargos de confiança na prefeitura de Maceió.
Segundo cooperativistas ouvidos pelo Jornal de Alagoas, a assembleia que elegeu Verônica estaria repleta de irregularidades e sua legitimidade é questionada. Caso as irregularidades sejam confirmadas, a OCB Nacional pode não reconhecer a nova gestão.
Na nota oficial, a OCB reforça que o processo de escolha da diretoria deve ser conduzido exclusivamente pela vontade das cooperativas regularmente registradas e que a organização encaminhou ao Conselho de Administração da OCB/AL uma análise jurídica sobre a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada em 18 de janeiro de 2025. O objetivo é adotar as providências necessárias para garantir o cumprimento da legislação e dos princípios cooperativistas.
A polêmica envolvendo a OCB/AL é inédita no Brasil e levanta preocupações sobre a influência política no movimento cooperativista alagoano.
Entenda
A entidade encaminhou ao Conselho de Administração da OCB/AL uma análise jurídica sobre a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada em 18 de janeiro de 2025, onde a indicação foi feita. A entidade não especificou quais providências podem ser adotadas, mas garantiu que seguirá acompanhando o caso para assegurar a transparência e o respeito às normas estatutárias.
A convocação da assembleia que homologou o nome de Verônica foi publicada em um jornal local apenas 10 dias antes de sua realização, sem ter cumprido o prazo legal. Segundo informações veiculadas na imprensa alagoana a partir de fontes ligadas à OCB-AL, é que na assembleia estavam presentes representantes de apenas 12 cooperativas, ou seja, menos de 10% do total dos filiados à OCB/AL,, muito menos do que as mais de 100 cooperativas filiadas em Alagoas, e número bem menor do que as 300 cooperativas registradas na Junta Comercial do estado.
Segundo fontes ligadas à cooperativas que não participaram deste processo, o posicionamento da OCB Nacional reforça um ponto central do cooperativismo: a isenção político-partidária.
No documento, a entidade afirma que essa neutralidade é essencial para manter a credibilidade do movimento cooperativista e evitar interferências que possam comprometer sua autonomia.
Veja a nota
Prezados cooperados e dirigentes de cooperativas do estado de Alagoas,
O cooperativismo é um modelo de negócios baseado na participação democrática, na transparência e na independência, princípios que garantem sua legitimidade e credibilidade perante a sociedade. Um dos pilares desse modelo é a neutralidade político-partidária, que além de princípio do movimento cooperativista, é uma exigência da Lei 5.764/71 para todos os integrantes do Sistema Cooperativista Nacional, alcançando cooperativas, a OCB e suas Organizações Estaduais, por meio dos seus estatutos sociais.
Assim, a OCB Nacional, diante das recentes informações veiculadas por diversos meios de comunicação de Alagoas, que atribuem uma indicação política para compor a nova presidência da OCB/AL com indícios de distorção do indispensável processo democrático de escolha da Diretoria da Organização, alerta que tal processo deve ser conduzido exclusivamente pela vontade das cooperativas registradas e regulares na OCB e na OCB/AL.
Nesse sentido, reafirmamos a importância de que todo o processo de indicação e homologação de dirigentes de Organizações Estaduais se paute pela máxima participação das cooperativas representadas, além de plena transparência e respeito pelas regras legais e estatutárias.
Informamos também que foi encaminhada ao Conselho de Administração da OCB/AL análise jurídica da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da OCB/AL, realizada em 18 de janeiro de 2025, para devidas providências.
Reiteramos nosso compromisso em preservar o respeito à legislação, à transparência e ao alinhamento aos princípios cooperativistas na atuação de todo o Sistema Cooperativista Nacional. Seguiremos acompanhando de perto a situação e adotando as medidas necessárias para preservar a integridade do cooperativismo nacional.
Para esclarecimentos, contate-nos pelo e-mail [email protected].
Atenciosamente,
Organização das Cooperativas Brasileiras