No dia 30 de dezembro de 2022, o deputado estadual Ronaldo Medeiros assinou uma carta aos militantes do Partido dos Trabalhadores criticando a direção estadual do PT por ter feito a indicação de duas Secretarias de Estado (Mulher e Meio Ambiente) e de cargos federais sem ouvir as outras correntes partidárias.
As indicações, segundo a carta, foram feitas apenas pelo grupo da direção (CNB), sob influência do deputado federal Paulão, deixando de fora outras correntes e, principalmente, militantes do PT que forram candidatos a deputado estadual em 2022 e ajudaram o partido a conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa.
“Considerando a participação dos candidatos/as do Partido dos Trabalhadores que obtiveram no conjunto mais de 64 mil votos nas eleições de outubro de 2022, expressamos nossa discordância com a postura antidemocrática da direção do PT em Alagoas na definição e indicação para ocupação dos espaços no Governo do Estado e Governo Federal”, diz trecho da carta..
A resposta da direção do PT à carta foi dura. O presidente do partido em Alagoas, Ricardo Barbosa, aliado de Paulão, foi ao governador Paulo Dantas pedir para mudar o comando da Arsal, que havia sido indicado por Ronaldo Medeiros.
Em declaração ao blog do Edivaldo Junior deixou claro que no PT “manda” quem tem voto na estrutura partidária, independente do resultado eleitoral.
“Somos organização que tem direção e vamos agir dessa forma, não vamos privilegiar nenhuma personalidade, em detrimento das instâncias partidárias. O PT é formado por correntes e forças internas. É esse equilíbrio que faz com que o PT seja totalmente democrático em suas decisões. Agora quem for minoria, quem não puder compartilhar de uma indicação infelizmente terá que aceitar a decisão do partido que se expressa através de suas instâncias deliberativas”, disse Barbosa à época.
Ronaldo Medeiros entendeu o recado. Aceitou a decisão da direção, mas não ficou parado. Dois anos depois, se preparou para ter os votos necessários para assumir o comando do PT. Ele fez o dever de casa. Organizou a Resistência Socialista, segunda maior tendência do partido a nível nacional, em Alagoas, construiu importantes alianças com outras correntes e conseguiu filiar mais de dez mil novos militantes ao partido na campanha nacional, realizada entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano.
O resultado do PED (Processo de Eleições Diretas) realizado neste domingo foi o esperado. Medeiros foi eleito presidente do PT de Alagoas pelo voto direto e democrático, com uma ampla margem – mais de 70% dos votos – impondo uma grande derrota ao deputado federal Paulão.
A reação foi ao estilo. Além de usar toda a sua capacidade de organização, Medeiros soube conquistar o apoio de outras lideranças e tendências do partido que foram "escanteados" pelo grupo de Paulão. Tudo na base de que inimigo do meu inimigo, meu amigo é.
Ronaldo Medeiros jogou o jogo dentro das regras. Respeitou as decisões impostas pela “maioria” evitou confrontos públicos e se preparou para vencer as eleições. Agora, passa a comandar, pelo voto, o partido mais popular do Brasil e se torna um dos mais importantes políticos do Estado. E terá pela frente, como presidente do partido e com a maioria ao seu lado, o direito de decidir quais serão os espaços do grupo de Paulão e inclusive do próprio Paulão, que dependerá do seu aval para ser ou não candidato ao Senado. Mas essa é outra história.