
Finais de campeonato sempre elevam a temperatura. O ASA, há 14 anos sem título, esteve a poucos minutos da conquista. O CRB, embalado, encontrou o gol decisivo nos acréscimos. Para o torcedor, a frustração é compreensível. Mas quando parte da imprensa transforma emoção em narrativa de “roubo”, o jornalismo se afasta da verdade e se aproxima da arquibancada.
A ouvidoria da arbitragem foi categórica: nenhuma irregularidade a contestar. A análise detalhada das paralisações demonstra que os 17 minutos de acréscimos (14 + 3) foram compatíveis com as perdas de tempo. Foram 6 minutos em comemorações, 10 minutos em atendimentos e substituições, 9 minutos durante a checagem do VAR, além do tempo desperdiçado nas reposições de bola. As próprias regras do futebol determinam que o árbitro tem poder discricionário para definir o tempo extra de acordo com o espírito da partida. O tempo de acréscimo pode ser ampliado, mas nunca reduzido, conforme estabelecem as regras da CBF.
O VAR, sempre apontado como vilão, acertou ao anular um gol do CRB. O ASA, que ao longo da partida administrou o relógio com paralisações, viu o tempo ser devidamente reposto. Quando a decisão final não agrada, o debate deveria girar em torno do que aconteceu dentro de campo, não sobre uma suposta conspiração.
O jornalismo esportivo exige mais que emoção. Com tecnologia avançada e dados disponíveis, o compromisso do cronista deve ser com a análise criteriosa, não com discursos inflamados. Informação exige método e credibilidade.
No futebol, as versões mudam conforme o placar. A verdade, não.