A tarde era de festa para o Santos, mas de decisão para o CRB, que precisava vencer para garantir sua permanência na Série B no ano que vem. O técnico Hélio dos Anjos montou um plano de jogo que espelhava o 4-2-3-1 do adversário.
O duelo no corredor central tinha dois volantes e um meia de articulação: Gegê no CRB e Giuliano no Santos. Sem Léo Pereira, suspenso, Hélio mudou Labandeira de corredor, agora na esquerda. O simples seria Kleiton na direita, mas o nó tático começa na escolha de Marco Antônio como extremo. Assim, o meia tinha uma missão clara: auxiliar Mateus Ribeiro na proteção do corredor, sem permitir os avanços de Escobar e ainda dobrando a marcação em alguns momentos no excelente Guilherme.
A organização defensiva alternava entre o 4-1-4-1 e, quando o Santos iniciava a construção com três, o Galo adiantava Gegê e formava duas linhas de quatro, configurando um 4-4-2. Com os resultados de Ponte Preta e Ituano, o time do CRB entrou com o espírito de uma final, enquanto o adversário entrou para um jogo festivo. Quando você olha os scouts de desarmes, só na primeira etapa eram 11 do CRB contra apenas 3 do Peixe. O total ficou 21 para o CRB e 8 para o Santos, com destaque para o retorno do modo pitbull do volante Falcão, liderando os desarmes com 8 no total.
O nó tático teve mais dois detalhes fundamentais: os princípios defensivos de compactação (distância entre as linhas) e estreitamento (espaços do extremo para o lateral) foram executados perfeitamente.
Mesmo com Mateus Ribeiro tomando cartão amarelo com 3 minutos de jogo, o CRB foi muito inteligente, com muita entrega física e tática. Hélio mudou apenas peças desgastadas por atletas inteiros para não diminuir intensidade, mas o plano foi cumprido à risca. Só quem enfrentou o Santos na Vila sabe o quanto a missão foi difícil e precisava ser como foi, com autoridade.
O jogo começou visivelmente equilibrado, mas com o Galo buscando vencer. O gol acontece logo na sua jogada mais tradicional, a flutuação do centroavante Anselmo Ramon para retirar a referência de marcação dos zagueiros e, no espaço gerado, os extremos atacarem para surpreender a linha defensiva. A jogada aconteceu com João Pedro, com a bola e o adversário marcando distante, a famosa bola descoberta. Ele fez o passe perfeito para Labandeira fazer uma diagonal (facão) perfeita, driblou Gabriel Brazão e fez 1 a 0, silenciando a Vila.
Após o gol, o Peixe decidiu ir para cima. Contudo, pecou muito nas finalizações e principalmente no último passe. Guilherme foi o jogador que mais levou perigo pelo Alvinegro Praiano, obrigando Matheus Albino a fazer duas grandes defesas e também chegando a balançar as redes, mas impedido. Entretanto, foi o Galo que acabou indo para o intervalo em vantagem na Baixada Santista.
Segundo Tempo
Incomodado, o Santos voltou mais determinado do intervalo e chegou a assustar com Otero. O venezuelano acertou um belo chute e obrigou Matheus Albino a fazer uma grande defesa.
Hélio dos Anjos sabe, e me fez lembrar o mestre Telê Santana que dizia: “É como no xadrez. O rei é importante, mas às vezes o jogo é definido pelos peões. Saber quando movimentá-los é a chave.”
Assim, Kleiton, que poderia ter começado o jogo numa substituição natural de Léo Pereira, foi usado no momento certo. Com Labandeira desgastado, ele entrou, disputou a primeira bola do ataque direto lançada por Matheus Albino. No rebote, ou na chamada segunda bola, Anselmo Ramon fez uma assistência de cabeça e o atacante saiu na cara de Gabriel Brazão para tirar do goleiro e marcar o segundo, decidindo o jogo. Alagoas continua na Série B!
Para completar o domínio do plano de jogo do técnico do CRB, o gol gerou revolta da torcida, que disparou gritos de “burro” para Fábio Carille. O Peixe, muito desorganizado, tinha muitas dificuldades para criar. A melhor chance saiu aos 35 minutos do segundo tempo. O garoto Luca Meirelles deu lindo passe para Guilherme, que parou em Matheus Albino. No rebote, o jovem atacante tentou por cobertura, mas também não conseguiu passar pelo goleiro. Por fim, o CRB conseguiu segurar a vantagem, escapou de um rebaixamento à Série C e jogou água no chopp do Alvinegro Praiano.