Pep Guardiola vive um período turbulento no Manchester City: apenas uma vitória, dois empates e oito derrotas nos últimos 11 jogos. Seria impensável, no Brasil, um treinador resistir a dois meses tão complicados. Mas na Inglaterra, há respaldo.
No Brasil, o roteiro é outro. As Séries A e B do Campeonato Brasileiro, ano após ano, reforçam a lógica do “troca-tudo”:
• Na Série A 2024, apenas 7 técnicos dos 20 clubes iniciaram e terminaram o campeonato no comando.
• Na Série B, 28 trocas marcaram a competição. Equipes como o Coritiba chegaram a trocar de técnico cinco vezes ao longo do campeonato.
Aqui, o barulho das redes sociais amplifica qualquer tropeço. A cobrança, impulsionada por torcedores digitais e hashtags virais, pressiona diretoria e jogadores, transformando uma fase ruim em uma crise insustentável.
É aí que surge o caso do Bahia. Mesmo com resultados negativos e uma torcida inquieta, Ferran Soriano, CEO do Grupo City, garantiu a permanência de Rogério Ceni. Ao ser questionado, Soriano descartou a demissão de imediato e fez uma comparação com Guardiola, afirmando que o técnico brasileiro trabalha com um “nível de sofisticação semelhante”. Em suas palavras:
“Estamos contentes, ele fica agora e na próxima temporada, com certeza.”
Enquanto no Manchester City Guardiola ainda é visto como peça essencial para reverter o momento, o Brasil segue refém do calendário, do imediatismo e, agora, do peso digital.
O que essa postura do Grupo City mostra é simples: até os melhores enfrentam fases ruins. A diferença está no tempo e na confiança concedidos para sair delas. No futebol brasileiro, essa paciência continua parecendo um artigo de luxo.