
No futebol, a análise muitas vezes se resume ao placar final. Ganhou? Excelente. Perdeu? Nada presta. O problema é que essa lógica simplista ignora contextos, processos e oscilações naturais de uma temporada – especialmente em um ano em que a CBF antecipou os estaduais, impactando a preparação das equipes.
O CSA, por exemplo, iniciou seu trabalho em novembro, jogou finais na pré-Copa do Nordeste e venceu um clássico. Bastaram alguns tropeços – normais para fevereiro – para surgir o senso comum com teorias conspiratórias. Foi preciso Higo Magalhães colocar os pingos nos is: “É impossível performar em altíssimo nível em fevereiro”.
O CRB, que começou sua pré-temporada apenas em 26 de dezembro e passou por uma reformulação, viveu o mesmo ciclo: de pior time do mundo após tropeços para candidato ao tetra estadual após uma vitória convincente. O reflexo? O futebol que tanto cobra evolução se inclina cada vez mais ao pragmatismo, onde a segurança defensiva se sobrepõe ao DNA ofensivo que um dia caracterizou o futebol brasileiro.
Louzer, por exemplo, abriu mão do seu estilo ofensivo e viu seu time vencer. No fim, a cobrança por espetáculo e a análise baseada exclusivamente no placar fazem parte do problema. Afinal, quem quer o futebol brasileiro recuperando sua essência, mas julga apenas pelo resultado, já está contribuindo para sua descaracterização.