
A final do Campeonato Alagoano 2025 entre CRB e ASA transcorria sem grandes polêmicas até um erro da tecnologia transformar o árbitro em protagonista. O ASA havia aberto o placar com Júnior Viçosa, em um gol confirmado corretamente pelo VAR e pelo assistente Rondinelli Tavares. Tudo normal. Mas então veio o lance que mudou o jogo.
Aos 27 minutos do segundo tempo, um escanteio cobrado pelo CRB resultou em um gol de Miranda. Mas havia um detalhe crucial: Anselmo Ramon, em posição de impedimento, participou da jogada. A assistente Brígida Cirilo, experiente e de alto nível FIFA, imediatamente assinalou a irregularidade. Decisão correta. O protocolo do VAR, nesses casos, exige revisão, mas foi aí que o problema começou.
O sistema apresentou um bug, e um lance simples e já bem marcado no campo se tornou uma confusão gigantesca. A máquina falhou. Depois de nove minutos de aflição, o VAR, equivocadamente, informou que o gol era legal. O árbitro Márcio Santos, confiando na tecnologia, sinalizou a confirmação do gol. Segundos depois, com o erro detectado, o próprio VAR voltou atrás e manteve a decisão de campo, reconhecendo a anulação do gol.
O impacto psicológico desse erro foi enorme. A arbitragem ficou desestabilizada, e a condução do restante do jogo sofreu com isso.
A leitura do jogo e a polêmica dos acréscimos
Após o caos do VAR, a arbitragem decidiu apenas devolver o tempo perdido na paralisação: nove minutos, somados a mais cinco minutos de acréscimo já previstos, totalizando 14 minutos extras. O jogo, então, deveria se encerrar aos 59 minutos.
Quando Anselmo Ramon empatou aos 55 minutos, o roteiro indicava que a decisão do título iria para os pênaltis. Mas veio uma nova decisão questionável: o árbitro acrescentou mais três minutos, levando o jogo até 62 minutos.
Por que esse acréscimo gerou polêmica? Porque a causa preponderante do tempo extra foi um erro da tecnologia. O ASA não teve culpa da falha do VAR e, se o jogo terminasse aos 59, o título alagoano seria decidido nos pênaltis. No entanto, o jogo seguiu, e o CRB encontrou o gol do título com Higor Meritão aos 61 minutos.
A questão central não é que os 8 minutos adicionais foram exagerados – afinal, em finais com todas as substituições usadas, gols e paralisações para atendimento, esse tempo extra não seria algo incomum. Mas, diante do contexto, a leitura do momento pedia que a decisão fosse encerrada aos 59.
Sem o erro do VAR, ninguém estaria falando da arbitragem. O ASA lamentaria apenas a falha defensiva que permitiu o empate, e a final seguiria para os pênaltis. Agora, a arbitragem vira o centro da polêmica, porque no futebol, quando há um erro, sempre se busca um culpado.
Uma lição para o futuro
No fim, até mesmo Júnior Viçosa, artilheiro do ASA, reconheceu que a equipe não poderia ter sofrido um gol de bola parada naquele momento. O VAR, que deveria dar segurança às decisões, acabou transformando um jogo decisivo em um episódio caótico.
A arbitragem viveu um drama : sem a tecnologia, teria acertado todos os lances capitais e saído ilesa da final. Com a tecnologia, virou alvo da polêmica.
“Quando a tecnologia falha, a responsabilidade recai sobre quem menos deveria carregar esse peso.”